Capítulo 8.

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POV. Wednesday Addams.

Enid está andando de um lado para o outro no escritório e passando as mãos no cabelo. As duas mãos, isso é exasperação em dobro. Seu usual autocontrole absoluto parece ter escorrido pelo ralo.

- Não entendo por que você não me contou - ela me censura.

- Nunca surgiu assunto. Não costumo revelar minha condição sexual a cada pessoa que conheço. Quer dizer, a gente mal se conhece.

Encaro minhas mãos. Por que me sinto culpada? Por que ela está tão irritada? Olho para ela.

- Bem, você agora já sabe bastante a meu respeito - diz ela seca. - Eu sabia que você não tinha experiência, mas virgem? - Ela fala como se aquilo fosse mesmo um palavrão. - Que inferno, Wed, eu acabei de mostrar a você... - ela resmunga. - Deus me perdoe. Alguém já beijou você, além de mim?

- Claro que sim.

Faço o possível para parecer ofendida. Ok... talvez duas vezes.

- E nenhum cara legal fez você perder a cabeça? Eu simplesmente não entendo. Você tem vinte e um anos, quase vinte e dois. É linda.

Ela torna a passar a mão no cabelo. Linda. Coro de alegria. Enid Sinclair me acha linda. Aperto os dedos, olhando fixo para eles, tentando disfarçar o sorriso apatetado. Vai ver ela é míope. Meu inconsciente levantou a cabeça de maneira
sonâmbula. Onde ele estava quando precisei dele?

- E você está discutindo seriamente o que eu quero fazer, apesar de não ter experiência. - Ela franze o cenho. - Como evitou o sexo? Conte para mim, por favor.

Encolho os ombros.

- Ninguém nunca... Tentou você sabe... - Chegou tão perto, só você. E você se revela uma espécie de monstro. - Por que está tão irritada comigo? - Eu murmuro.

- Não estou irritada com você. Estou irritada comigo... - Ela suspira. Olha para mim astutamente e então balança a cabeça. - Quer ir embora? - pergunta, com delicadeza.

- Não, a menos que você queira que eu vá - respondo.

Ah, não... eu não quero ir.

- Claro que não. Gosto de ter você aqui comigo. - Ela levanta as sobrancelhas ao dizer isso e depois olha o relógio. - Está tarde. - E se vira para mim. - Você está mor dendo o lábio. Sua voz é grave, e ela me olha especulativamente.

- Desculpe.

- Não se desculpe. É só que assim também fico com vontade de morder, só que com força.

Arquejo... como ela pode me dizer esse tipo de coisa e esperar que eu não me abale?

- Venha - murmura ela.

- O quê?

- Vamos resolver esse problema agora mesmo.

- Como assim? Que problema?

- O seu, Wed. Vou fazer amor com você, agora.

- Ah. - O chão desaba sob meus pés. Eu sou um problema.

Prendo minha respiração.

- Quer dizer, se você quiser. Não quero me meter em encrenca.

- Pensei que você não fizesse amor. Pensei que você fodesse, e com força.

Engulo em seco, a boca de repente sem nenhuma saliva. Ela abre um sorriso malicioso, que produz efeitos diretos lá embaixo.

- Posso abrir uma exceção, ou talvez combinar as duas coisas, vamos ver. Eu quero muito fazer amor com você. Por favor, venha para a cama comigo. Quero que nosso acordo dê certo, mas você realmente precisa ter alguma ideia de onde está se metendo. Podemos começar seu treinamento esta noite, com o básico. Isso não quer dizer que fiquei toda sentimental. Trata-se de um meio para um fim, mas um fim que eu quero, e espero que você também.

Cinquenta tons de cinza (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora