Capítulo 16.

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POV. Wednesday Addams.

Aos poucos o mundo exterior invade meus sentidos, e minha nossa, que invasão. Estou flutuando, pernas e braços moles e lânguidos, absolutamente esgotada.

Estou deitada por cima dela, a cabeça em seu peito, e ela tem um cheiro divino um aroma de roupa de cama recém-lavada misturado com sabonete caro o melhor e mais sedutor perfume do planeta... Enid.

Não quero me mexer, quero respirar esse elixir para sempre. Esfrego o nariz nela, desejando não ter a barreira da sua camisa. E, à medida que o restante do meu corpo vai voltando à razão, ponho a mão em seu peito.

É a primeira vez que a toco ali. É firme... forte. Ela automaticamente agarra minha mão, mas suaviza o golpe puxando-a até os lábios e beijando meus dedos com doçura. Vira-se, e fica me olhando.

— Não — murmura, e me dá um leve beijo.

— Por que você não gosta de ser tocada? — sussurro, olhando para seus meigos olhos azuis.

— Porque sou cinquenta vezes fodida, de cinquenta maneiras, cinquenta tons diferentes, Wednesday.

Ah... essa honestidade me desarma completamente. Pisco para ela.

— Tive um começo de vida muito duro. Não quero sobrecarregar você com os detalhes. Só não faça.

Ela esfrega o nariz no meu, sai de dentro de mim e se senta.

— Acho que já percorremos todos os pontos básicos. Que tal?

Enid parece totalmente satisfeita e, ao mesmo tempo, fala num tom impassível, como se tivesse acabado de riscar mais um item de uma lista.

Continuo tonta com o comentário sobre o seu “começo de vida muito duro”. É muito frustrante, estou louca para saber mais. Mas ela não vai me contar. Inclino a cabeça de lado, imitando o jeito dela, e faço um esforço enorme para esboçar um sorriso.

— Se você acha que acreditei que você me cedeu o controle, bem, então você não levou em conta minhas boas notas. — Sorrio timidamente para ela. — Mas obrigada pela ilusão.

— Srta. Addams, você não é só um rosto bonito. Você já teve seis orgasmos e todos eles pertencem a mim — gaba-se, de novo, com um gracejo.

Enrubesço e pisco ao mesmo tempo, enquanto ela me olha. Ela está contando! Ela franze as sobrancelhas.

— Você tem alguma coisa para me contar? — pergunta com a voz séria.

Franzo o cenho. Droga.

— Eu tive um sonho hoje de manhã.

— É? — Ela me olha espantada.

Puta merda. Será que arranjei problema?

— Gozei dormindo.

Tapo os olhos com o braço. Ela não diz nada. Olho para ela por
baixo do braço, e ela parece achar graça.

— Dormindo?

— Quando gozei, acordei.

— Tenho certeza que acordou. Estava sonhando com o quê?

Droga.

— Com você.

— O que eu estava fazendo?

Torno a tapar os olhos com o braço. E, como uma criancinha, por um instante acho que, se não posso vê-la, ele também não pode me ver.

— Wednesday, o que eu estava fazendo? Não vou perguntar de novo.

— Você estava com um chicote de montaria.

Cinquenta tons de cinza (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora