Ladrão que Rouba Ladrão

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O carrinho de mão estava cheio, Liu insistiu para leva-lo, enquanto ela lhe mostrava o caminho, eles passavam pelos corredores que eram tão tenebrosos quanto a masmorra, o fogo das velas perpetuas era estranho para ele, não o sentia como algo normal, natural, mas caminharam até chegar a um elevador de madeira, a plataforma era redonda e grande.

− Nunca imaginei algo assim, assim fica fácil subir e descer. – Pensativo.

− Não diga que passeou por aqui, por favor. – Pediu séria.

− Prometo. – Sincero.

− Mas esses pontos de acesso facilitam tudo, é verdade. – Kitana respondeu. Ativou o elevador pela alavanca e começaram a subir, saíram em um dos pátios que logo acabava em um campo extenso, não era um cemitério para quem morreu em combate, era para os que não havia identificação, a energia do lugar também não era boa e os dois sentiam isso. – N-não tem que fazer todo o trabalho, tudo bem. – Séria ao vê-lo pegando a madeira para preparar as piras. Sabia, claro, que ele a estava ajudando em nome de seus irmãos mortos.

− Está tudo bem, não é nada. – Tranquilo. Os dois trabalhavam juntos arrumando tudo e colocaram os corpos ali, ainda havia espaço para mais então voltariam, era um trabalho árduo, não apenas fisicamente, mas emocionalmente, Liu sinceramente não entendia, ou fingia não entender, como ela com o papel que tinha era forçada a fazer aquilo.

Os dois desceram e seguiram o corredor para as masmorras novamente, seguindo para a próxima cela. Naquele dia não havia muita conversa, mas não era um silêncio desconfortável, apesar de Kitana ainda se sentir envergonhada com tudo, mas percebeu que o monge precisava daquele tempo de silêncio, talvez de reflexão.

Eles não contaram quantas vezes subiram e desceram e nem havia como ele ver que horas eram quando eles tiraram todos os corpos de lá.

Ela observou ele juntar as mãos e mover os lábios, mas não conseguiu ouvir o que dizia, talvez uma prece para a alma dos mortos, ignorando o que Shang Tsung fazia com elas, em seguida trouxe fogo a mão direita e ateou fogo em pira por pira. Depois de um tempo observando, ela pegou o carrinho de mão e foi lavá-lo no pátio, havia um poço ali, eles teriam que levar a água no carrinho de mão, o shaolin se aproximou, descrente ao vê-la enchendo-o com o balde.

− Vamos descer. – Ela orientou. Não seria agradável ficar por ali naquele momento, tudo estava seguro, não havia perigo do fogo se alastrar para o palácio.

− Você está bem? – Perguntou demonstrando preocupação.

− Eu devia perguntar isso. – Riu.

− Eu agora sei que.... Se fosse você com o poder na mão, não estaríamos sobre ameaça. – Sincero. – Não te culpo por nada, não precisa se envergonhar. Estou bem, também já vi morte de perto. – Ainda tranquilo, aquele ar dele a deixava menos nervosa, percebeu isso, ela se preocupava com ele, mas perto dele nunca se sentia coagida, ansiosa.

− Obrigada. – Sorriu sincera para ele. Ele pegou o carrinho de mão com cuidado e eles desceram para as masmorras novamente.

Aquele trabalho foi pior, eles molharam tudo primeiro, em seguida ela deu a ele um pouco do que parecia sabão em pó, e eles primeiro esfregaram tudo com esfregões de cerdas duras, os lugares mais difíceis com escovas também de cerdas duras e Kitana limpou todos os instrumentos que haviam ali em uma das câmaras. Depois de tudo esfregado eles esperaram um pouco e então recomeçaram a baldeação de água para enxaguar a espuma.


O sol já se levantava no horizonte, pintando o céu e as montanhas ao redor do palácio enquanto os dois estavam sentados escorados na pedra fria do poço, o trabalho finalmente havia terminado. Ela acabou escorando a cabeça do ombro dele, Liu sentiu a agitação, mas não moveu um músculo para se afastar, os dois sentiam o cansaço do trabalho.

O CastigoOnde histórias criam vida. Descubra agora