Cobertores, cigarros e lágrimas.

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Você será a parte mais triste de mim
Uma parte de mim que nunca será minha
É obvio
Esta noite vai ser a mais solitária

The Loneliest - Maneskin


Eles tinham descoberto aquele lugar há mais ou menos duas semanas – exatamente o tempo em que Yoongi e Taehyung começaram a namorar. – Mais ninguém, além dos três, conhecia o caminho secreto que dava até o telhado da universidade. Era uma espécie de labirinto complexo, provavelmente pensado previamente para casos clinicamente preocupantes.

Foi ideia de Jungkook levar um cobertor vermelho, e foi Seokjin quem deu a ideia de levarem uma lanterna para iluminar o local, para o caso de ficarem até o anoitecer. Não havia indícios de chuva ou de nuvens carregadas, apenas um céu límpido e calmo.

—Como está a lua de mel com o Kim? — perguntou Jin, entre um cigarro e outro. Ele estava estressado por causa de Namjoon. Aparentemente o outro queria um relacionamento sério e Jin tinha mil e um motivos para não querer namorar ninguém agora.

—Eu não paro de me perguntar a cada maldito cinco segundos se eu não sou idiota por estar com ele. — Yoongi admitiu, fumando tranquilamente. Taehyung odiava vê-lo fumando e já tinha um plano de longo prazo para fazê-lo parar, sendo essa uma das razões para eles discutirem diariamente. — Eu amo ele. Ele me ama. Estou feliz para caralho, mas eu simplesmente não consigo deixar de pensar naquele maldito baile. Eu odeio isso, cara, odeio! Eu confio nele, sei que ele não quer me magoar...

Eles estavam sentados sobre o cobertor, e rodeados por alguns maços de cigarros, além de um pequeno aparelho de som portátil bluetooth que tocava uma música do artic monkeys. Eles já não faziam ideia de que música estava tocando, já tinham escutado dois álbuns e simplesmente pararam de prestar atenção na melodia ou na letra.

—Yoongi, será que você não se sente assim por alguma coisa que você fez contra o Kim? — questionou Jin, observando a nuvem de fumaça que se formava a frente deles, em detrimento dos inúmeros cigarros tragados. —Você sempre foi vingativo e sempre agiu impulsivamente.

O Min negou rapidamente, tinha a consciência tranquila, mesmo no ápice do seu ódio e fúria em relação a Taehyung, ele nunca teve coragem de fazer nada para prejudica-lo. Os céus eram testemunhas do quanto isso o machucava só de pensar, odiaria ver o outro magoado, mesmo quando achava que ele merecia sofrer e se rastejar aos seus pés. Ele podia ser vingativo para um grandíssimo caralho, é verdade – mas isso não se aplicava a Taehyung. Amava ele.

—Tem um versículo na bíblia, e eu não sei se é exatamente isso, mas diz que o amor não fica feliz com a vingança. Alguma coisa nesse sentido. — disse, levando uma mão até os cabelos pretos, jogando-os para trás.

Os melhores amigos o escutaram em silêncio, assentindo.

—Eu acho que se você gosta de verdade de alguém, e sabe que esse alguém está sendo reciproco, não faz sentido você querer se vingar.

Jungkook desviou o olhar do céu por um momento, para encarar a paisagem. Dali eles podiam ver a gigantesca árvore que havia no meio do gramado, onde normalmente alguns casais gostavam de se exibir após as festas nas repúblicas.

—Não fazia ideia de que você era religioso, Yoonie.

—Eu não sou. Eu não sei se vocês se lembram, mas algumas semanas depois da formatura do ensino médio eu fui passar um tempo com a minha avó, e sempre que eu chorava por causa do Tae, ela lia esse versículo para mim e tentava me acalmar. — explicou. — Eu não prestava muita atenção, mas escutava porque adorava ouvir a voz da minha vozinha. Ela foi a única que não se importou com o fato de eu ser gay.

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