solitude.

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Eu me sinto muito só. Extremamente. É como se ninguém realmente fosse meu amigo. Aquela coisa de confidente, de poder contar tudo, de não se preocupar em incomodar.
Eu vejo a vida dos outros e me comparo. Eles tem namorado (a), iPhone, são mais magros, não passam pelas coisas que eu passo. É como se todo mundo estivesse indo pra algum lugar, e eu não. Todo mundo se move, avança, se encontra, completa.
E eu fico aqui atrás, parada, sobrando. Eu quero escrever porque escrever me liberta, tira parte desse peso de mim.
Me chateia também que eu goste dele. Por anos foi fácil me esquivar do amor, subir muralhas. E aí ele chegou e derrubou tudo.
Me dói olhar pra ele e não ver brilho nos olhos quando se voltam pra mim. Não poder segurar a mão dele, não poder traçar os contornos bonitos do rosto dele, não poder afagar, abraçar, demonstrar.
Me dói tudo, na verdade. De todos os lados. Quando estou sozinha, me sinto abandonada. Quando estou entre amigos, sobro. Em casa, preciso estar bem pra não preocupar minha mãe, já tão atormentada. Me sinto só de todos os lados, sinto falta de um terreiro, do abraço de um preto velho, do riso de um erê.
Procuro Deus, procuro orixá, procuro dentro de mim alguma coisa que acalme o coração. Alguém.
Nada.
Me sinto oca, me pergunto se o problema sou eu.
Me preocupa essa solidão. A vida é assim? Só? Eu e acabou-se? Me vejo no futuro, procuro alguém comigo... Nada.
Me preocupo em parecer velha demais, amarga demais. Me sinto velha demais, amarga demais.
Quero que as pessoas gostem de mim, quero aprovação, quero que gostem do que escrevo, que achem profundo, bonito. Quero me destacar, e nisso, desapareço.
Me sinto uma cópia barata. De outras ideias e pessoas. Nem a voz na minha cabeça me pertence. Quero tudo que é dos outros, já que não tenho nada.
Quero o fim dessa solidão.

The Sirens Song - Poesias [CONCLUÍDA] Onde histórias criam vida. Descubra agora