Laila Castro
"Sou uma parte da cura?
Ou uma parte da doença?"•
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•Laila abre a porta do seu apartamento, e entra sem ânimo nenhum, mas agradecendo por estar na comodidade de sua casa. Seus passos pesados levam-a direto para o sofá, onde se permite cair por cima das almofadas. Assim que seu corpo entra em contato com a maciez do acolchoado, ela sente todo seu cansaço pesar e se espalhar lentamente, trazendo consigo os flashbacks do que aconteceu no seu dia. Para começar, seu celular por algum motivo não alarmou e isso quase a fez perder o ônibus para a faculdade; depois da aula passou na casa de seus pais para almoçar, mas durante o percurso começou a chover e se molhou por inteira; já no estágio, teve que fazer plantão dobrado porque seu amigo não pode comparecer; e agora a pouco recebeu a nota de uma das provas e se sentiu um lixo por ter tirado uma pontuação abaixo do esperado.
Laila desaba em lágrimas silenciosas, mas carregadas de ódio. Ela se ajeita no encosto do sofá em meio ao choro e abraça uma das almofadas, onde afunda seu rosto. Sempre fora sensível, frágil e chorona, o que odiava com todas as forças, só que, o que lhe machucava agora não era a quase perda do ônibus, a chuva que tomara, o plantão, mas a prova. Sempre se dedica ao máximo pra faculdade, mas as vezes não parece ser suficiente e isso é algo extremamente frustante e que a faz questionar se é capacitada o suficiente para se tornar uma profissional. Mas tudo volta a fazer sentindo e a se tranquilizar após escutar um miado fraco.
- Oi, Vesemir, nem falei com você, não é? - questiona, limpando os resquícios das lágrimas e forçando um sorriso. Alguns dizem que são apenas animais irracionais, mas Laila não acredita nisso, eles sentem e entendem muito mais do que qualquer um, mesmo que do seu jeito, e alguns podem considerá-la louca por não querer transparecer sua tristeza para ele. Ela se inclina e acaricia atrás de sua orelha. - Espero que seu dia tenha sido melhor do que o meu.
A jovem se levanta, em um ato de coragem que não sabe de onde veio, e vai até seu quarto, encontrando-o exatamente como deixara, virado do avesso como diria sua mãe. Aquelas roupas espalhadas, o edredom todo amassado, os remédios jogados no chão, nada disso lhe atraia no momento e somente a frustrava. Laila passa as mãos no cabelo em meio a um suspiro, e para terminar de completar a bagunça, ela joga a mochila em cima da cama, indo direto para o seu computador, lingando-o e configurando as coisas para iniciar uma live. Ela precisa se dispersar desses pensamentos negativos, e a live é onde pode se sentir liberta dessa pressão diária. Mas antes de dar início a stream, ela olha seu e-mail, ato que já se tornou rotineiro após iniciar a faculdade.
- Contact@quackity... - lê em um sussurro e franze as sobrancelhas. O nome não lhe é estranho, mas mesmo após fazer uma vaga procura em sua mente, não encontra nada que o lembre.
Laila abre o e-mail e começa a lê-lo com os poucos neurônios que lhe sobraram. Sinceramente, não estava com muita cabeça para resolver o que quer que seja, mas sua curiosidade sempre falava mais alto. Leu, releu, leu outra vez para ter certeza e ainda não acreditava no que tinha lido. Era simplesmente uma proposta para participar do QSMP, simplesmente o primeiro servidor de Minecraft multijogador multilíngue no modo sobrevivência. Para muitos pode aparentar ser apenas um servidor qualquer, mas para Laila era como ter seu trabalho reconhecido.
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𝐆𝐥𝐢𝐭𝐜𝐡 || 𝑄𝑢𝑎𝑐𝑘𝑖𝑡𝑦
RomanceLaila vive seus dias normalmente como uma jovem adulta brasileira, é estudante, estagiária, filha, colega, amiga, trabalhadora e ainda mãe de pet. Ela não lamenta a vida que tem, mas se queixa dos problemas que ela lhe trouxera, principalmente os ps...