1. you're my best best bestfriend

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"I wait for you, babe
you don't come through, babe
you never do, babe, that's just what you do."
pretty when you cry — lana del rey.

Pete estava na primeira fila, onde ele deveria estar, de qualquer maneira. Os dedos trêmulos brincavam com a barra do terno azul bebê que vestia, os lábios maltratados pelos próprios dentes e os olhos ansiosos não deixavam escapar nenhum mínimo detalhe daquele vasto local. A praia, oh sim, claro que tudo isso aconteceria no lugar preferido dele — ou deles, não importava mais —, Pete só queria fechar os olhos, desaparecer e acordar em sua casa, olhando para o teto desgastado e seu melhor amigo resmungando ao seu lado depois de uma noite inteira de muita cerveja e carne de porco. Sério, o que diabos ele estava fazendo? Onde estava sua cabeça quando concordou que aquele garoto era uma boa ideia? Que o pedido para um café era uma boa ideia? Que se encontrarem mais algumas vezes era uma boa ideia? O pedido de namoro? Morar juntos? Casar? Quando foi que Pete se perdeu no medo e na própria mentira para carregar toda aquela dor até o presente momento?

Ele havia voado até Los Angeles, a cidade natal do melhor amigo dele desde a adolescência, para ser padrinho de um casamento que ele não aceitava, que ele não acreditava que era real. Talvez a ficha ainda não tivesse caído, quando recebeu aquele convite ele só achou que o amigo poderia estar brincando e tinha impresso aquilo em uma lanhouse qualquer, mas foi quando Vegas trouxe Yan para o jantar deles de todas às sextas-feiras que Pete se viu totalmente abalado. Claro, não era fácil assim superar um amor de anos, um amor unilateral principalmente. Ele amava o melhor amigo em silêncio por quase 15 anos, desde que o conheceu aos 16 anos enquanto tentava salvar um maldito gato preso em uma árvore — ele preferia que Vegas o tivesse deixado cair de cara no chão, que o tivesse ignorado, teria sido melhor.

"— Bro... — alguém gritou, mas antes que Pete pudesse raciocinar, ele estava em queda livre com uma bola peluda e laranja nos braços. Os olhos fechados e os lábios trêmulos indicavam que ele estava totalmente preparado para uns ossos quebrados. — Bro... what's your problem? — o sotaque Tailandês quase nada presente na voz que falava em inglês com o garoto assustado nos braços.

— Oi...? — Pete piscou algumas vezes, o gato miando e saindo dos braços dele como se não estivesse em perigo há alguns minutos, miando feito um louco naquela árvore alta. O garoto não era bom em inglês, na verdade, ele era péssimo e era uma das aulas que ele sempre recebia uma nota menor que 20 —de 100 pontos.

— What's your problem? — o garoto de olhos escuros e um tanto intimidantes disse —ou perguntou, Pete não tinha certeza. — Are you trying to kill yourself?

— I... I do not — Pete tentou pelo menos dizer as palavrinhas mágicas que ele tinha ensaiado para usar nos jogos on-line quando algum gringo entrava em chamada. Limpou a garganta e se recompôs. — I do not speak English. Sorry?

— Oh, shit. Of course you don't, I'm an idiot. This is Thailand, Vegas. — o garoto meio rebelde falava sozinho, então estalou a língua no céu na boca e sorriu largo para Pete que ainda estava no chão. Os olhos fechados em uma linha tão fina que quase o deixava sem. — Me desculpe, eu sou novo por aqui. Costumes antigos. Enfim... qual é o seu problema? Você estava tentando salvar o gato e se matar ao mesmo tempo?

— Só a primeira opção — Pete se sentou, saindo dos braços do garoto que parecia um ou dois anos mais velho pelos traços fortes e maxilar bem marcado. Ele era definitivamente uma das pessoas mais bonitas que já tivera o prazer de conhecer.

— Não parecia, mas ainda bem que eu estava aqui pra te segurar — ele riu, mais uma vez mostrando os dentes bem alinhados e a gengiva. Ele ficava tão bonito sorrindo quanto Pete chorando —bom, isso era o que os outros diziam sobre ele, talvez fosse um dos motivos de sempre o quererem chorando—, mas o garoto balançou a cabeça rapidamente expulsando aqueles pensamentos tristes e dolorosos. — Eu sou Vegas, me mudei há pouco tempo pro país, pra cidade, pra tudo, na verdade — ele era simpático e falava demais para o gosto de Pete, não estava acostumado com as pessoas falando tanto assim com ele.

bestfriend | vegaspeteOnde histórias criam vida. Descubra agora