Capítulo 18 - Sentimentos Revelados

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MARIAN

Depois de resolvermos tudo na delegacia, Valentim estava me levando para casa durante o caminho ele esteve sério e não falou sequer uma única palavra, para ser mais exata ele me pareceu chateado.

Ponderei perguntar o porquê da sua cara emburrada mas me mantive calada, contra a minha vontade. Até que ele finalmente ou infelizmente parou em frente a minha casa.

Ele não disse nada, tirei o cinto e quando coloquei a mão na porta do carro, suspirei fundo e o encarei.

— Qual o problema?

Ele ficou em silêncio e me encarou descontente.

— Não é óbvio? —retrucou impaciente.

— Não, não é óbvio. —respondi erguendo a sobrancelha.

— Acontece Marian, que você nunca pensa nas consequências que os seus atos podem trazer. —explicou sério. — Você ao menos consegue imaginar o que teria acontecido se eu não tivesse aparecido?

Então esse era o motivo que ele está irritado?

Quase sorri em vê-lo tão preocupado, mas de certa forma ele tinha razão ás vezes eu me meto em cada situação que me pergunto como ainda estou viva.

— Você tem razão. —concordei sorrindo para ele. — Mas infelizmente não posso prometer que não vai acontecer de novo, você sabe bem que são os problemas que me perseguem.

— Ao menos prometa que sempre que precisar irá me ligar.

— Por que se daria ao trabalho de me ajudar? —questionei o encarando atentamente.

Um pouco confuso ele encarou os meus olhos profundamente.

— Por que somos amigos e... —hesitou um pouco enquanto o meu coração começou a bater mais depressa. — Você é importante para mim.

Lá no fundo a resposta que eu gostaria de ouvir não era essa, mas eu não deixaria que ele percebesse a minha decepção então apenas sorri e baguncei os seus cabelos tentando descontrair.

— Pode deixar, eu te ligo. —avisei e sorri levemente para ele. — Agora preciso ir, obrigada pelo jantar.

Ele assentiu com a cabeça, dessa vez desci do carro sentindo que havia mais alguma coisa a ser dita mas hoje não é o dia.

— Marian! —parei de andar e me virei ao ouvir a voz de Valentim.

Ele desceu do carro e veio correndo em minha direção, franzi a testa sem compreender nada.

— O que houve?

— Eu esqueci uma coisa. —confessou me deixando ainda mais confusa.

Não tive tempo para pensar muito menos para perguntar algo já que as palavras sumiram da minha boca quando ele encurtou ainda mais a nossa distância, e logo em seguida segurou o meu rosto com ambas as mãos.

Um frio se instalou em minha barriga, enquanto o meu coração acelerou eu não sabia como agir ou o que fazer.

Até que o seu rosto foi se aproximando do meu, instintivamente fechei os meus olhos foi quando senti os seus lábios tocarem os meus com suavidade.

Eu não conseguia expressar com palavras o misto de sentimentos que sinto nesse instante, euforia e felicidade era um desses.

Quando Valentim se afastou aos poucos fui abrindo os meus olhos, ele ainda segurava o meu rosto com delicadeza enquanto os seus olhos encaravam os meus com sinceridade.

— Eu gosto de você Marian. —confessou olhando em meus olhos. — Gosto de você por você ser sempre espontânea, gosto de você porque você sempre esteve ao meu lado, gosto de você por ter me suportado na minha pior fase e gosto de você porque você ouviu a minha história e não me julgou.

Eu não sou tão emotiva assim, mas ouvir cada palavra que ele disse fez com que os meus olhos se enchessem de lágrimas.

— Quer saber de uma coisa? —perguntei sorrindo para ele. — Eu também gosto de você... Muito!

Um lindo sorriso iluminou o seu rosto, Valentim deu um rápido beijo na minha testa em seguida ele segurou a minha mão.

— Estou um pouco enferrujado, mas... Você aceita ser a minha namorada?

Eu estava tão anciosa que parecia que eu havia esperado a vida toda para ouvir aquela pergunta, então por isso não perdi tempo.

— Sim!

Ele me abraçou com firmeza contente com a minha resposta, assim que o mesmo se afastou me olhou meio sem jeito.

— Bom, sei que já está meio tarde mas será que você não quer vir a um lugar comigo?

Cruzei os meus braços e estreitei os meus olhos para ele sem esconder a minha desconfiança.

— Olha só, se for um motel vou logo avisando que...

— Meu Deus garota! —me interrompeu incrédulo. — Não é nada disso sua mente suja.

Eu gargalhei com a sua cara de espanto, dei de ombros e ergui as mãos para cima em sinal de rendição.

— Sendo assim, eu vou com você. Deixa só eu vestir algo mais confortável, eu não demoro.

— Te espero no carro.

Entrei apressada em casa afim de não demorar muito me surpreendi quando encontrei os meus pais com cara de paisagem olhando o telhado no meio da sala.

— Vocês estavam me espionando não foi? —perguntei me aproximando dos dois.

Ambos me encaram desconfiados.

— Desculpa, quando ouvimos o barulho de carro não conseguimos nos conter. —disse a minha mãe sem graça. — Mas ao menos você está namorando filhinha!

— Não acredito que vocês realmente estavam me espionando. —coloquei a mão na cintura enquanto os meus olhos encaram o meu pai. — Até você pai?

Ele limpou a garganta sem jeito.

— Acabei de lembrar que preciso me acordar cedo amanhã. —disse ele apressadamente. — Até mais garotas.

Ao dizer aquilo ele saiu praticamente correndo da sala, a minha atenção voltou-se para a minha mãe.

— Lembrei que também vou acordar cedo. Divirtam-se!

Ela também sai apressada, eu poderia ficar um pouco chateada pela falta de privacidade, mas acabei achando até graça da situação. Deixei isso de lado e fui até o meu quarto vestir algo mais confortável.

Saí novamente de casa e segui até o carro do meu namorado. Eu nem sequer acredito que isso realmente está acontecendo, se alguém me contasse que aquele detetive ranzinza seria o meu namorado eu diria que essa pessoa estava completamente louca.

Assim que entro no carro ele sorri ternamente para mim. Eu não sabia aonde estávamos indo, mas durante o caminho fomos conversando sobre coisas banais.

Até que para a minha surpresa paramos perto de uma praia, olhei curiosa para Valentim que apenas sorriu para mim enquanto descemos do carro.

Ele segurou a minha mão entrelançando os nossos dedos. Nos sentamos na areia em frente ao mar, ficamos em silêncio enquanto admiravámos o céu estrelado.

— Quando a minha filha morreu eu costumava vir aqui para olhar para o céu. —confessou sem me encarar. — Não sei ao certo como, mas só assim me sentia em paz.

— Talvez fosse porque era como se você tivesse olhando diretamente para Deus.

Ele deixou de olhar para o céu e me encarou com um pequeno sorriso nos lábios.

— Obrigado por estar aqui.

Eu retribui o seu sorriso e descansei a minha cabeça no seu ombro.

— Não precisa agradecer, eu sempre vou estar aqui por você.

E naquela noite eu percebi o quanto é importante estar com alguém nos bons e nos maus momentos, e eu tinha certeza que nós dois seremos o amparo um do outro.

Amor Quase Perfeito [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora