Capítulo único

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NOTAS DA AUTORA

A verdade é que todos estamos chateades e decepcionades com toda essa censura deslavada na novela da Globo, e eu sinceramente acho que o nosso casal do momento merece suas cenas fofas. Então, vagando pelo twitter me deparei com a nova cena do beijo das duas que - supostamente - deverá ir ao ar na próxima semana. Então pensei, por quê não escrever algo em cima disso?

E bom, foi o que eu fiz. E digo pra vocês que NUNCA me aconteceu de ficar tão empolgada, foram quase 4.000 palavras, 8 páginas de escrita e três dias montando tudo. Estou muito feliz com o resultado final e espero, do fundo do meu coração, que vocês curtam ler esse pedacinho de fofura comigo.

Aproveitei o momento que escrevi uma interação mais profunda entre a Clara e o Rafa porque eu amo demais esses dois.

É isso meus amores, espero mesmo que gostem. Não deu tempo de revisar, então relevem os erros.

Beijos, mamãe ama vocês.

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Clara Albuquerque Bastos carregava uma bagagem imensa, quase o dobro do tamanho dela. Uma depressão pós-parto, um filho muito amado por ela, mas que não conseguia reconhecer seu total valor, uma empresa multimilionária, um casamento fadado ao fracasso, um relacionamento abusivo. Clara era uma mulher forte, ela mesma dizia que, durante sua adolescência, costumava parar avenidas, deixar as outras modelos morrendo de inveja, seus longos cabelos rebeldes esvoaçavam por todos os lugares, marcando presença, fazendo as pessoas a notarem, notarem sua beleza, sua alegria contagiante, mas, principalmente, sua confiança, seu poder, sua audácia.

O que aconteceu com aquela Clara? Aquela, de anos atrás? Nem ela sabe mais responder essa questão.

Era Quarta-feira, 24 de maio de 2023. Mais uma noite em que se encontrava chorando escondida no canto do quarto, pensando que o Rafa, seu filho, não tivesse escutado a briga entre ela e Theo, seu marido. Quanto engano. Rafa escutava todas as vezes que estava presente em casa. Ela abraçava suas pernas enquanto um robe comprido cobria seu corpo sentado no chão frio, a tempo que não se importava mais em secar as lágrimas que teimavam em cair, cada dia mais presentes. Não conseguia entender o que fizera de errado, se é que realmente o tinha feito. A cada dia, quanto mais tentava, mais parecia que não era o suficiente, e ela estava ficando cansada, esgotada. As humilhações eram mais constantes, os gritos, os dedos apontados na sua cara, o desgosto, o nojo, o medo.

- Mãe?

A mulher rapidamente se levantou, tentou ficar o mais apresentável possível para que Rafael não percebesse o estado em que se encontrava.

- Oi, filho! Só um minuto.

A porta se abre e Clara sabe, ela sabe que Rafa escutou tudo, sabe que seu filho está ali para socorrê-la, como vez fazendo nas últimas semanas. Então ela desaba, desaba na frente de uma das únicas pessoas em que ela confia plenamente que não a machucaria. Rafael é rápido em acolher a mãe, a segura em seus braços enquanto lhe dá um abraço apertado, passando confiança e amor, sentimentos estes que Clara não sente já faz um tempo.

- Quantas vezes mais isso vai precisar acontecer, mãe? Quantas outras vezes eu vou ter que bater na porta do seu quarto e te pegar chorando por causa do que aquele homem te fez? - o menino diz enquanto sente as lágrimas da mais velha caírem sobre sua camiseta.

- Não fala assim dele, filho. Ele é seu pai e...

- Não ouse falar que aquele crápula é meu pai. Se eu puxei alguém dessa família, ainda bem que foi pra você. Olha o seu estado, mãe. Uma mulher linda, forte e determinada como você, se sujeitando a passar por essas situações por alguém que não se importa o mínimo possível com o seu bem estar.

DESPERTAR - Uma história ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora