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Maraisa narrando

Eu estava caída no chão, as coisas ao meu redor estavam rodando. eu estava tão bem até uns minutos atrás, mas em um estralo meu mundo caiu.

Eu via lâminas e cartelas no chão, pingos de sangue espalhado no quarto. Eram meus?

Toda vez que eu voltava pra esse inferno, eu prometia parar. Mas eu voltava pro começo que eu dizia e dizia que era o fim. É, eu sou uma idiota.

Eu estou sobrevivendo pela minha filha, eu queria que meu "marido" ajudasse, mas quem transforma o inferno aqui é ele.

Eu estou ouvindo batidas, mas eu não sei de onde está vindo.

Será que estou tendo alucinações?

As pessoas falam que a vida é feita de erros e acertos, talvez eu seja a estranha da história. Por mais que eu tente, que eu batalhe, eu sempre vou errar. Eu não sou o suficiente, e nem vou ser.

Eu fujo dos meus problemas, mas no final, eles sempre voltam.

- maraisa, eu tô batendo na porta já faz tempo e tu não... - quando Maiara me viu ali jogada no chão, ela veio correndo, eu escutei seus passos - maraisa, pela mor de Deus.

Ela fazia de tudo para me levantar, eu estava tão mole que quando ela tentou me colocar de pé, eu cai.

Dois dias depois.
Terça-feira.

Havia chegado em casa agora, e mais uma vez eu tive que fazer uma lavagem gástrica.

Eu sobrevivi.

Maiara foi a única que esteve ao meu lado, minha mãe não quis nem saber de mim, muito menos meu pai, ele fala que não pode me ver se não ele vai querer transar comigo.

O marcos não voltou, ele mandou mensagem falando que vai ter que ficar lá por mais tempo, ele deve estar fudendo com uma qualquer.

Fui no quartinho da Sophia, Marília estava dormindo na cadeira e Sophia na caminha dela. Acordei Marília e puxei ela pra fora do quarto.

- desculpa dona maraisa, ela passou a noite inteira acordada e eu não aguentei.

- ei, tá tudo bem. Não precisa se preocupar, vai descansar que eu cuido dela.

- não dona maraisa. você que precisa descansar, a senhora estava no hospital até agora.

- eu já estou melhor, e por favor, só maraisa. agora vai descansar.

Logo depois ela foi.

Voltei ao quarto de Sophia e me sentei na poltrona.

- me desculpa, meu amor. A mamãe te assustou de novo né?! Me desculpa, me desculpa por favor. Eu te amo minha princesa.

Eu poderia sumir de uma vez, ninguém merece me aturar. Eu só dou trabalho, sempre atrapalhando a vida de todo mundo.

Voltei para o meu quarto e fui pro banheiro, quando entrei, começei me olhar no espelho. Meus olhos estavam inchados, estavam profundos. Eu não conseguia me achar, eu só via uma mulher totalmente fudida, acabada e dolorida.

Escutei batidas na porta e fui ver quem era.

Era Marília.

- Marília, aconteceu alguma coisa? - perguntei preocupada.

- não é nada demais, só queria conversar um pouco com você.

- pode entrar, Marília - dei espaço e ela entrou, logo em seguida fechei a porta - pode falar.

- eu só quero saber como você está.

- apesar de todo inferno, eu estou bem. Obrigada por perguntar. - respirei fundo - tirando a Maiara, você foi a única que perguntou.

- as pessoas deviam prestar mais atenção em você, Mara. Você parece ter um coração incrível - Marília ficou com receio - quis dizer maraisa.

- você tá falando isso porque não me conhece, Marília. Eu sou um mostro. - olhei em seus olhos - Mara. Gostei do apelido novo, pode me chamar assim se quiser - dei um sorrisinho.

- sei que sou nova ainda, mas se precisar, vou estar aqui - Marília deu aquele sorriso lindo dela.

- você lida com pessoas assim? Igual eu.

- minha irmã teve depressão pós parto. O pai da minha sobrinha os abondonou bem na hora da lelê nascer - Marília respirou fundo - foi um ano bem difícil pra gente, larguei o emprego para cuidar da Lara. Letícia era recém-nascida, então complicou um pouco.

- sinto muito, Marília. É uma dor que não se explica, eu queria poder pular, correr, gritar e sorrir, só que sem esse vazio enorme no meu peito. - me deixei na cama.

- poxa Mara. mas vai chegar pessoas igual a Sophia, de coração puro, que vai iluminar sua vida inteirinha.

Eu sorri com a simpatia dela.

- por isso que eu falo que homem nenhum presta, nem meu pai. Você concorda né?!

- concordo. em questão de relacionamento eu já não sei - Marília sentou do meu lado.

- oi?! Não vai me falar que você nunca namorou?

- namorar sim, mas com homem não.

- então quer dizer que você gosta de mulheres? - Marília afirmou - meu deus, me desculpa. Aí que vergonha - coloquei o travesseiro em meu rosto.

- relaxa, você não sabia - Marília riu.

- mudando de assunto, eu acho que eu preciso sair, me divertir um pouco.

- você está de repouso, bonita - ela me olhava séria.

- quer saber, você vai comigo - me sentei.

- nem ferrando, você está de repouso. Precisa descansar, depois você pode se divertir quanto quiser.

- quem é sua chefe?

- você - ela me encarou.

- então você vai comigo, pode ir se arrumar em sua casa. Só me passa seu endereço depois pra mim te buscar - dei um beijo na bochecha dela e depois ela saiu do quarto.

o mundo paralelo - Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora