Capitulo 10

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SOFIA

Fazem quase quinze dias desde que tudo aconteceu, a segurança foi aumentada, temos novos homens trabalhando para nós. Tenho estado a maior parte do dia deitada. Ordens médicas, Juan diz e eu tenho que acatar.
Há cinco dias Ricardo saiu da UTI, está no quarto mas ainda respira por aparelhos e está sedado, hoje vão retirar os aparelhos e tentar acordá-lo. Desde que ele foi para o quarto, faço questão de visitá-lo todos os dias. Mesmo sabendo que ele ainda está dormindo.
É difícil ver um rapaz tão forte, assim tão entregue em uma cama. Passo horas ao seu lado, converso com ele mesmo sabendo que ele talvez não me ouça, não tenho como agradecê-lo por tudo.
Estou aqui sentada ao seu lado, seguro a sua mão. Agora sem a medicação ele está agitado, os médicos acham que ele deve acordar a qualquer momento. Um leve movimento e eu o vejo piscar os olhos rapidamente. Acho que depois de tantos dias em coma induzido seus olhos ficaram sensíveis a luz. Ele sente a minha mão e então me olha, logo um sorriso está nos seus lábios.
Não consigo conter a emoção de vê-lo bem. Logo meus olhos se enchem d'agua, as lágrimas começam a descer, eu sorrio para ele de volta. Com o braço bom ele puxa a minha mão até seus lábios e a beija.
__ Obrigada! - eu digo e ele fecha os olhos como se lembrando de tudo que aconteceu.
Quando seus olhos se abrem novamente, ele me olha, tenta se mover então cede a dor.
__ Fique calmo - eu digo __ Você vai ficar bem! __ Você quase morreu - eu digo e agora um soluço me escapa.
__ Hei! - ele sussurra tão baixo que eu quase não o ouço. __ Estou bem! - ele diz, me levanto vou até ele, devagar eu o abraço tomando cuidado para não machucá-lo. Beijo seu rosto, ele fecha os olhos novamente.
__ Nunca mais faça isso - eu digo, ele sorri novamente.
__ Sempre - ele sussurra.
__ Você é um suicida imbecil - eu digo e ele ri e logo geme __ Fique quieto, vou chamar o Doutor.- ele segura a minha mão, olha nos meus olhos e sussurra:
__ Vocês estão bem? - ele olha para a minha barriga.
__ Sim, graças a você. __ Nós estamos bem!
__ Pegaram ele? - ele sussurra.
__ Não, mas temos um plano. __ Só espero que dê tudo certo __ Já volto! - eu digo dando-lhe outro beijo e ele sorri e pisca pra mim.
Logo retorno com Doutor Marcelo e Juan.

JUAN

Estamos sentados do lado de fora do quarto de Ricardo, enquanto Sofia faz sua visita diária. Ela acha que conversar com ele o fará bem. Estamos conversando eu, Sérgio e Brandão, temos um plano para tentar pegar Henry de uma vez por todas.
Talvez seja muito arriscado, mas acho que todo o risco vai valer a pena. Ficar parados esperando um novo ataque torna tudo ainda mais perigoso, não sabemos de onde ele virá e nem a quem ele irá atacar dessa vez.
Vai demorar um pouco, mas se der certo, logo ele estará pagando por tudo e poderemos enfim viver em paz.
Sofia aparece na porta do quarto, me chama informando que Ricardo acordou, encontro o Doutor e logo estamos no quarto. Primeiro ele me olha desconfiado, logo só consegue olhar para Sofia.
O doutor informa a ele sobre os ferimentos, a cirurgia, e tudo sobre como será os procedimentos até que ele esteja recuperado, ele sussurra algumas coisas mas não desvia os olhos de Sofy, em qualquer outro dia essa atitude me faria querer matá-lo. Mas não depois do que ele fez. Devo admitir que é impossível não se apaixonar pela minha mulher, e desde que esse amor seja platônico não vou afastá-lo.
Logo o doutor sai, Sofia me olha e então ela caminha até ele pega a sua mão, abraça-o, beija-lhe o rosto. Vejo-o fechar os olhos, sei exatamente quais são os sentimentos que ele tem nesse momento, já passei por isso. Então ela me olha, seu olhar quase implorando para que eu entenda. Eu sorrio para ela. Sinto-a suspirar em alivio.
__ Volto logo - ela diz para ele, então ela caminha até mim, me dá um selinho. Sussurra ao meu ouvido __ Seja bonzinho! - eu sorrio e ela sai.
Agora estamos nós dois sozinhos no quarto, sinto que ele fica tenso. Ele não sabe bem se me encara ou se devia o olhar. Vejo que ele está travando uma guerra interna. Então tomo a frente.
Me aproximo e seus olhos se arregalam ele se mexe desconfortável. Pego sua mão, dou um aperto forte. Ele me olha nos olhos.
__ Obrigado! - eu digo, ele fecha os olhos assimilando o que digo __ Você é um homem de valor, nada que possa dizer ou fazer será o suficiente para agradecer-lhe. Você não só salvou a vida de Sofia, você salvou a minha família, eu devo-lhe a minha vida.
Ele aperta a minha mão em retribuição.
__ Sua família vale a pena - ele sussurra eu abaixo e dou-lhe um abraço, ele se surpreende.
__ Sofia tinha razão, você é um homem de valor, um amigo se posso te chamar assim. - Ele pisca algumas vezes e então seu olhar se perde para fora. Acho que ele trava uma luta pessoal.
__ Amigo - ele sussurra depois de um tempo.
__ Amigo! - eu concordo ainda segurando a sua mão, ele então me solta começa a dizer:
__ Eu... é... ela... bem ... - eu pego sua mão novamente.
__ Não precisa dizer nada - eu digo __ Eu sei o que quer dizer, é impossível não amá-la! - eu digo e ele se espanta com a minha sinceridade __ Você acha mesmo que eu não saberia? - eu digo olhando para os seus olhos __ Só um homem apaixonado, reconhece outro!
__ Então ... - ele começa a dizer.
__ Então, vou tentar entender que minha esposa tem um amigo que a ama muito, e que respeita o fato de ela ser uma mulher casada - ele assente com a cabeça __ Sei que irá respeitá-la, e de alguma forma é bom saber que mais alguém morreria para protegê-la.
__ Sempre - ele sussurra.
__ Consegue me contar o que aconteceu? __ Não quero que se esforce!
Aos poucos ele me conta tudo e só então tenho uma noção concreta do perigo real que minha família sofreu e do quanto eu devo a esse homem.

Felizes para Sempre - JustiçaOnde histórias criam vida. Descubra agora