Capítulo 15 - Madison

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1 semana depois

Um som semelhante a tiros me faz saltar da cama, meu corpo treme.

Encaro o relógio no criado mudo.

03:30 da madrugada.

Eu não sabia se Theo estava em casa, provavelmente ele estava fora, como vêm acontecendo nos últimos dias.

Ele sempre chega tarde da noite, e se tranca no quarto.

Algo está acontecendo, o som de passos me deixa apavorada.

E se Theo realmente não está, será que é um assalto?

Embora assustada, preciso entender o que está acontecendo.

Com meus pés descalços, caminho lentamente para o corredor

Sinto um profundo medo, e por isso tento fazer o menor barulho possível,

Uma vez perto das escadas, vejo um dos seguranças ferido, ele está sangrando no chão, e um homem alto de capuz na cabeça se move pela sala, penso em Theo.

Onde ele está?

O som de tiros junto da cozinha, me fazem tremer

Quase libero um grito apavorado pelos possíveis cenários diante de mim, mas me controlo, o homem de capuz anda em círculo, como se estivesse perdido em pensamentos

Então como se algo lhe ocorresse, ele vai a passos largos para a cozinha com a arma erguida.

Ouço mais tiros, os segundos que se seguem são agonizantes.

Será que dona Lara está bem?

Tudo o que escuto é o bater do meu coração.

O homem de capuz aparece no meio da escuridão, cambaleando, ferido numa das perna.

Sem controlar, ele libera um rosnado de dor.

Parece como o som de um animal ferido, eu nunca vou esquecer.

Após alguns segundos me encontro com a imagem imaculada de Theo caminhando muito calmamente até ele, seu olhar é vazio, como se não habitasse alma dentro dele, como se ele não sentisse nada, e eu sei que ele não sente.

Com um sorriso malvado, ele ergue sua arma na direção do homem, que entre gemidos implora por sua vida, isso não causa qualquer efeito de humanidade em Theo, seu sorriso é claro, ele está apreciando os últimos momentos de vida daquele homem.

Eu sabia que ele era um monstro, mas ainda assim não posso deixar de me arrepiar com esse lado assassino dele.

Quero correr sem olhar para trás, quero escapar desse lugar.

Mas tudo o que meu corpo faz é ficar imóvel, enquanto ouço sua voz falando muita pausadamente

-Você é um verme, e muito burro por sinal, se achava mesmo que teria sucesso, para entrar na minha casa e tentar me matar, você pensa que consegue me matar assim tão fácil? O que eu vou fazer com você... -

Ele coloca o dedo no gatilho com satisfação mórbida, antes de atirar, sua voz rouca fala entre um sorriso arrepiante

--Te encontro no inferno-

Dispara na cabeça sem pensar duas vezes, e vejo que sangue salpica para o rosto dele, e ele resmunga

-Verme, mesmo depois de morto, você é um inútil que me suja, com esse sangue sujo-

Eu não consigo me mover, até que fico em pânico, quando sem olhar para mim sua voz preenche o espaço que nos separa.

-Já que você adora assistir, então vou te fazer limpar essa bagunça.

Eu neguei em choque e foi quando nossos olhos se encontraram que eu soube.

Eu não estava na frente de um homem, mas na presença do diabo.

Eu neguei entre terror e confusão.

Mas o sorriso sórdido de Theo me congelou até aos confins do imaginável.

-Não se assuste minha querida esposa. Seus olhos piscaram com um brilho macabro. - Eu vou te dar um órgão como presente. Que tal comer um coração no café da manhã?

Seu sorriso louco e fora de controle preencheu o lugar.

Meu corpo só queria se proteger dele, quando ele começou a caminhar na minha direção.

Ele estava falando sério.

Theo me faria limpar todo esse sangue, mas mais, ele me obrigaria a comer qualquer parte do corpo estendido só para me quebrar um pouco mais.

Me destruir é seu passatempo preferido.

Me moldar para encaixar no seu mundo, é seu maior objetivo.

Acontece que eu nunca vou me subjugar as vontades de Theo.

Nunca serei aquela que ele deseja para ser parte dele mesmo.

Eu sou mais eu, nunca ele.

Eu entrei em estado de alerta, assim que o vi correr escada acima.

Rapidamente comecei a correr também.

Ele com o objetivo de ficar mais perto, e me pegar, e eu de ficar longe.

Nós nunca estaríamos correndo para o mesmo caminho.

Éramos totalmente o oposto, e um caminho sempre precisa de um igual para fazer sentido.

Eu fechei a porta do quarto assim que entrei e tranquei ela rapidamente.

Segundos depois ouvi Theo pontapeando a madeira.

Por um momento temo que ele vá quebrar a porta ao meio.

E então ficarei na frente do diabo sem qualquer defesa.

Exposta e sem escapatòria para fugir das suas chamas que queimam até não existir nada de você.

Eu me tranco no banheiro criando outra barreira de proteção contra ele.

Minhas costas deslizam contra a porta, enquanto fico no chão, sentada com as pernas sobre o peito.

Cubro meus ouvidos enquanto o ouço gritar meu nome.

Ele não gosta que ninguém vá contra ele.

Sua palavra é de ordem, e se a ordem em sua cabeça for quebrada, ele se descontrola.

Theo tem várias facetas.

De homem para monstro, de monstro para besta.

Qual a pior?

Todas.

Alguém como Theo não sente remorsos, muito menos salvação, ele nunca será salvo da sua própria mente destorcida.

Ele nunca vai assassinar seus demônios.

Por um momento fujo para longe da realidade, mas acontece que a realidade ganhou força para invadir meus sonhos, e destruí-los.

Algum tempo depois o silêncio ganha a melhor, a besta se foi.

Ele é uma máquina destruidora... Um homem com coração de pedra.

Me levanto do chão e vou correndo para o vaso sanitário, onde acabo vomitando.

Todo aquele sangue não sai da minha cabeça.

Me deito em cima da cama, só quero adormecer e fingir que nada disso aconteceu, mas não posso fugir do que aconteceu, assim que acordar eu vou confrontar Theo com essa noite, ele vai ter que me contar o que se passa, quem foram esses homens que invadiram a casa, e porque o querem matar...

Mas mais do que isso...

Porque Theo quer me arrastar junto também.

Malvado - O perigo de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora