Mon amoureux

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- onde você estava? - Alya perguntou - onde diabos você levou o Adrien? Tá maluca? Vocês sumiram por mais de duas horas.

- não posso te explicar isso, Alya, só posso te dizer que tem a ver com o último akumatizado, mas está tudo resolvido, e eu devolvi ele, não foi?

- eu não acredito que você fez isso. - Disse, obviamente me julgando. - você deu pra ele, não é?

- ALYA!? Eu não...

- não vem com essa cara falsa pra cima de mim, que miraculous você deu pra ele? O cachorro? Tenho certeza que foi do cachorro!

- eu não... - nossa conversa foi interrompida por Adrien e Nino, que se aproximavam aos cochichos, e me perguntei se Nino perguntava se dei um miraculous, ou se sua mente masculina imaginaria que o presente de aniversário de Adrien era uma noitada com LadyBug.

O assunto morreu quando eles se juntaram a nós, e o sorriso de Adrien, sem me reconhecer, partiu meu coração.

Era absurdo que estivéssemos juntos todos aqueles anos, e uma coisa minúscula como um par de jóias impedisse de nos reconhecermos.

- vem, Mari! Vamos dançar, porque se eu ficar parado mais um segundo mais alguém vai me perguntar o que aconteceu. - sem esperar resposta ao convite, ele simplesmente me arrastou pelo salão, e terminei em um gole o vinho que estava bebendo, antes de deixá-lo com um dos muitos garçons.

- e como você sabe que eu não vou te perguntar isso? - indaguei, assim que Adrien se aproximou o suficiente para conversarmos.

Já tínhamos feito aquilo várias vezes nos últimos anos, eram raras as festas em que Adrien ia que não o acompanhassemos. Eramos sua rota de fuga nas festas chatas, e nunca nos importávamos com isso.

Mas agora, com a mão dele segurando firmemente minha cintura, e a outra em meu ombro, parecia terrivelmente errado que não estivéssemos realmente juntos durante todos aqueles anos.

- você nunca faz as perguntas erradas.
Definitivamente eu era boa em guardar para mim as perguntas importantes, e aquilo tinha garantido que não ficássemos juntos, e que eu não descobrisse antes sua identidade.

- seu cheiro está... diferente - Ele disse, se abaixando para quase encontar seu nariz em meu pescoço, o gesto casual me desconcertou, ao mesmo tempo em que desejei que ele me reconhecesse, se não pela minha pessoa, mas pelas minhas roupas que tinha tirado no escuro de seu quarto, ou pelo cheiro de seu próprio sabonete, do banho que tomei antes de sair de sua casa..

- mudei o sabonete, só isso. - respondi, sentindo meu rosto pegar fogo.

- fica bem em você. - sua voz parecia ainda mais íntima, como se ele também soubesse de algo que não deveria, e apenas imaginar aquilo me encheu de esperanças.

Talvez fosse o vinho, ou fosse apenas a presença dele, ignorando que era eu o amor de sua via, ali à sua frente, em seus braços, antes que me desse conta as palavras me escaparam:

- eu adorei a noite, chaton, fiquei feliz por ser você.

- por ser eu? Ah não... você também acha que eu ganhei um miraculous? Espero realmente que Monarck não pense isso também, senão eu estarei em apuros.

- é... não foi esperto te roubar da festa, na frente de todo mundo - provoquei- Mas ao menos as pessoas acham que você ganhou um miraculous, não é? Porque a verdade é muito mais comprometedora que essa.

Senti seus músculos ficarem tensos, e seu sorriso de divertimento deu lugar ao sorriso de modelo, bonito, sob-medida, cantador, falso.

- e qual é a verdade?

- a verdade... é que ela te deu o melhor presente de aniversário que você poderia sonhar. Não é?

- não sei do que...

- não precisa se envergonhar de ser amante de Lady Bug, Adrien.

- eu nunca... - Adrien parou de dançar, mas sua mão permaneceu em minha cintura, seus dedos se fechando com mais força do que o normal.

- nós estamos em situações parecidas, na verdade. Porque eu também não me envergonho de ser amante do ChatNoir

- mas você não...

- ah, eu sim. - sorri, observando sua confusão.

- você não pode, porque...

- porque... - fiquei esperando que ele dissesse as palavras, mas sabia que ele jamais trairia sua identidade propositalmente.

- você não pode, só isso. Eu saberia se fosse.

- não se preocupe, eu também demorei um pouco para me acostumar com a idéia, agora é melhor te dar espaço, e se quiser, me procura depois. - me desvencilhei de seus braços, e do aperto de sua mão, e me afastei.

Com o canto do olho vi Adrien na pista, parecendo perdido, mas acreditava que ele conseguiria ligar os pontos.

Segui para o bar, já tinha bebido duas taças de vinho quando cheguei, para ter coragem de encará-lo, mais duas não fariam diferença, não quando eu tinha acabado de dar todas as pistas a ele, não quando eu esperava que Adrien processasse a nova informação, e se decidisse se queria ou não me ter como namorada, e, caso não quisesse, como lidaria com tudo o que fizemos nas últimas horas, quando eu definitivamente sabia sua identidade.

No bar, observei Adrien conversando com nossos amigos, e mesmo de longe notava que Alya desconversava, tentando arrastar Nino para dançar, e Adrien tentava disfarçar ao olhar para mim. Talvez estivesse perguntando a eles onde eu estava enquanto ele esteve ausente. Não tinha dúvidas de que Alya me daria cobertura, mas Nino nem ao menos deveria ter reparado que sumimos ao mesmo tempo, e que o fato deveria levantar suspeitas.

As pessoas se amontoavam ao redor de Adrien, tentando chamar sua atenção, mas ele as ignorava, seu único interesse era arrancar informações de Nino.

Aguardei que me olhasse novamente, então caminhei pelo salão, para a escada que levava ao andar superior.

Não esperei para saber se estava me seguindo, apenas subi as escadas e encontrei uma sala vazia, tomando com um único gole o que sobrara de meu vinho. Me sentei em um dos sofás espaçosos, e aguardei, sabendo que era tarde demais para mudar de ideia.

Já estava cansada e tonta do vinho, e conforme os minutos passavam eu acreditava cada vez mais que Adrien não tinha lidado bem com a descoberta.

Virada para a porta da sala, nem mesmo notei sua presença atrás de mim, até sentir a mão em meu ombro. Meu coração deu um salto, mas não de susto, eu simplesmente sabia que era ChatNoir.

Mon amour, mon amiOnde histórias criam vida. Descubra agora