Carta número ** : pesadelo.

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Querida K, como você anda? Como estão as coisas? Não diga não quero saber, essa é mais uma das cartas que escrevi para você, não se sinta especial, não é uma carta de amor, não é uma carta da garota que você conheceu, você se lembra? Sim, aquela garota que você prometeu o mundo, disse que tinha coragem, e logo depois disse que nunca amou, que ela foi idiota e tola de acreditar em você, que ela foi usada para suprir necessidades, eu sei que se lembra.

Bom, venho por meio dessa carta te notificar que ela não existe mais, ela se foi, não de risada, não faça piadas, não foi você quem a matou, foi eu.

Ela me cansou, não a aturava mais, já foi enterrada, mas você ainda está viva, para o último desejo da falecida, sei que ela gostaria que você morresse de seus pensamentos, ela está te esquecendo K, eu estou te esquecendo, ela não via a realidade, mas eu vejo, nada era real, sempre tudo inventado, ela imaginava buquê de flores quando vc entregava uma folha seca, imaginava a felicidade na dependência, na manipulação.

Você está desaparecendo, e ela? Desapareceu para você?

Ou você ainda pensa nela quando ouve aquela música, quando te beijam daquela forma, quando dizem aquilo sobre o azul dos seus olhos, quando você vai naquele canto, quando falam que fariam aquilo por você

Não seja tola, não fariam
Ninguém faria.

Você a perdeu K, e você não é nem metade do que ela era

Você ainda pega o cigarro da mesma forma mas não ouve mais a voz dela dizendo para parar, e nunca mais vai ouvir.

Agora você ouve a minha voz, mandando você pegar mais um cigarro, e mais um, e mais um até você sufocar com nicotina.

Ela não existe mais para te abraçar e dizer que está tudo bem, agora eu não falo mais com você, por mais que você me ouça.

O sonho acabou K, sobrou apenas o pesadelo

O pesadelo que você não suporta

» 𝑉𝑜𝑚𝑖𝑡𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙Onde histórias criam vida. Descubra agora