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Meu chefe é o meu pior pesadelo.

"Olive", frisa o nome em seus lábios finos e franzidos, com a convicção intacta de que Olive realmente é o meu nome.

"Cecília", corrijo-o entredentes pela quarta vez. Minhas mãos estão fechadas em punhos ao lado da cintura e eu estou a um passo de estragar tudo que já não está indo muito bem. "Meu nome é Cecília."

Não consigo acreditar que em três semanas trabalhando juntos o filho da mãe ainda não sabe nem a inicial do meu nome. Parece errar propositalmente para me tirar do sério e está conseguindo.

"Oh! Sério?", pergunta revirando os olhos, como se isso não fosse relevante para ele e muito menos para a empresa. "O ponto é que o café está sem açúcar. Eu não pedi que me trouxesse café sem açúcar."

Amargo igual a você, seu velho maldito. Tenho vontade de dizer, mas se quero ter um bom desempenho na faculdade, me mantenho quieta. Esse filho da puta está consumindo os meus dias e tornando meu estágio um enorme martírio. Minha vontade é esmagá-lo até formar cristais como o açúcar e misturá-lo com o café.

O imbecíl é um maldito machista e eu não consigo pensar em uma frase sem querer xingá-lo ou esganá-lo. Meu sonho do estágio perfeito está indo por água abaixo. Tudo o que tenho feito é entregar papéis, pegar café e, vez ou outra, pegar trabalhos pequenos.

Ele me pediu um café sem açúcar para ajudá-lo a lidar com os problemas que ele está enfrentando na empresa. Eu o ouvi perfeitamente bem antes de sair da sua sala espumando de raiva por não conseguir fazer nada e trazer o café.

Charlie, outro estagiário que está sentado ao seu lado, me encara como se pedisse desculpas com o olhar. Seus ombros estão tensos e o imbecíl não para de reclamá-lo sobre o projeto que ele acabou de fazer. Quero dizer a Charlie que o projeto dele está incrível e o homem é um filho da mãe. Não posso fazer isso agora, mas nada me impede de fazer isso depois às escondidas.

"Eu posso buscar." Charlie oferece, começando a se levantar da cadeira aconchegante.

Eu juro que eu preferia que ele estivesse reclamando dos meus projetos do que me mandando pegar café e entregar ou buscar papéis. Eu conseguiria lidar com o fato dos meus projetos não serem tão bons, porque assim há chances de mudar e rever meus erros.

"Fique onde está, Charlie. Olive sabe como resolver seus próprios problemas."

Por que o nome de Charlie parece estar na ponta da sua língua desde que chegamos para estagiar?

Fecho a porta lentamente, tentando não deixar minha raiva transparecer. Que imbecíl! Eu posso lidar com meus problemas com café em casa, não estou estagiando para fazer droga de café sem açúcar ou entregar papéis.

Caminho lentamente para a cozinha do prédio, tentando demorar o máximo possível e adiar meu encontro com o chefe. Preciso de uns minutos para me recompor e não ficar pensando em socá-lo a cada dois segundos. A contragosto, entro na cozinha e ligo a máquina do café.

"Dia difícil?" pergunta Sam, a atendente e eu dou um passo para trás em um sobressalto. Estou tão alheia e irritada que não a percebi sentada no único banco disponível da cozinha. Não consigo pensar em meu chefe e não xingá-lo de todos os nomes asquerosos existentes.

"Se você puder triplicar a intensidade do quão difícil meu dia está sendo, eu confirmo." Sam sorri abertamente e se levanta, rolando a tela do celular com o dedo.

"Liam Payne está, oficialmente, noivo", Sam afirma boquiaberta, lendo a notícia em um site pelo celular.

"O quê?", pergunto apenas para confirmar que ouvi bem. Ela está mesmo falando sobre Liam e Julie?

"Liam Payne, da banda One Direction. Não acredito que você não conhece!" Sam revira os olhos impacientemente, relendo a notícia impactante.

"Não, eu realmente conheço." Não acho que ela acreditaria se eu dissesse que vi o pedido ao vivo e a cores ao lado de Harry Styles. Ela me acharia uma louca mentirosa. "A notícia é interessante."

Sam me encara sugestivamente, assopra a fumaça que está emergindo do café quente e leva a xícara deliberadamente aos lábios, antes de falar:

"É a notícia do século! Apesar de nutrir uma paixonite pelo Liam desde os onze anos e odiar Julie com toda a minha alma, eu estou feliz por ele." Sam solta um suspiro sôfrego.

"O quê? Por que diabos você odiaria Julie?", pergunto, arqueando grosseiramente as sobrancelhas.

Desde o dia em que conheci Julie, ela tem sido uma pessoa incrível e divertida e é bem provável que esta seja a versão dela que as câmeras fazem questão de não mostrar.

"Ela é uma vaca interesseira, Cecília!", exclama de forma indignada. "Todo mundo diz que ela se aproximou dele apenas por fama. Você não acha que é por mérito próprio que ela entrou para Victoria Secrets, não é? Além disso, como eu não a odiaria? Liam é o meu favorito desde que eu me entendo por gente. O meu propósito de vida é odiá-la", Sam fala sem pausas e em poucos segundos ela está sem fôlego. Ela parece realmente chateada com o casamento.

"Huh...", engulo em seco a vontade de defender Julie sem me entregar. "Eu não acho ela tão ruim assim."

"Você não deve acompanhar as notícias." Revira os olhos e coloca o celular no bolso.

"Eu não tenho muito tempo de sobra", afirmo e desligo a máquina quando o café fica pronto.

"Theo e eu estamos indo ao bar no final do trabalho. O que você acha?" Arqueia as sobrancelhas e leva uma das mãos aos meus ombros. "Afinal de contas, você parece muito tensa e a bebida ajuda a relaxar."

"Eu... Bem..." tento enrolar e negar seu convite, afinal de contas estou extremamente esgotada tanto fisicamente quanto mentalmente.

"Vamos, Cecília! Vai ser divertido. Eu juro", promete, juntando as mãos na frente do rosto.

Duas horas depois, no final do nosso expediente, estou concordando em beber uma dose.

Oi, meus lindos raios de sol! Como vocês estão?

Espero muito que gostem do capítulo e não esqueçam de votar e comentar, hein??

I love u all, L szszsz. 

Famous | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora