Famous | H.S

042

São quase três da manhã e eu estou a um passo de dormir no sofá gigantesco de Harry Styles.

Há alguns minutos eu disse a ele que precisava voltar para casa, caso contrário, amanhã será um completo desastre. Não consigo ser muito produtiva quando não durmo direito e, para minha ruína, o chefe que tenho não ajuda em absolutamente nada.

"Tem certeza de que não quer ficar aqui esta noite?", Harry pergunta segurando as chaves do carro em uma de suas mãos e com a outra ele esfrega levemente a parte de trás do seu pescoço.

Ele não faz ideia do quanto eu quero ficar e passar a noite. Ou uma semana. Ou o mês inteiro. Penso nisso mais a fundo, mas não tenho qualquer resquício de coragem de falar em voz alta. Tenho convicção de que não quero que ele saiba que estou apaixonada ou o que quer que seja que esses sentimentos signifiquem agora. Ainda estou digerindo todo esse turbilhão de sentimentos confusos e eu tenho tanto medo de que tudo isso seja unilateral e não algo mútuo.

"Eu realmente não posso ficar. O estágio está acabando com minha alegria em me formar em Arquitetura." Solto uma lufada de ar pela boca em frustração e tenho vontade de me afundar ainda mais no sofá. No entanto, me levanto a contragosto e arrumo minha roupa amarrotada, ainda sonolenta.

"O que é uma pena", Harry responde, abrindo a porta da sua casa e eu o sigo. "Sua companhia é agradável."

"Eu pensei que você estava quase me chamando para morar junto." Minha voz está carregada de escárnio. "Você sabe que companhias agradáveis não se encontram em qualquer esquina." Os cantos da sua boca se curvam em um meio sorriso, enquanto ele destrava seu carro. O barulho das travas elétricas ressoa pela garagem da sua casa e os faróis piscam duas vezes.

Fora da sua casa está frio e minha pele se arrepia quando o vento beija minha pele descoberta. Um lembrete tácito da minha falta de atenção ao esquecer meu casaco no estágio antes de sair com meus novos colegas.

As folhas das árvores dançam com o vento jogando gotículas de água para todo lado. Embora a chuva tenha deixado de cair há poucos minutos, o cheiro dela está impregnado no ar e as poças de água estão formadas no gramado extenso.

Harry abre a porta do lado do passageiro do carro e tira dos bancos traseiros um moletom preto e levemente surrado.

"Isso deve te aquecer um pouco", fala e me entrega o moletom. Seus olhos brilham sob a luz amarelada dos refletores em seu quintal e seu cabelo fica completamente desgrenhado com o vento.

"Obrigada", agradeço, enquanto ele segura a porta para eu entrar em seu carro quando estou devidamente acomodada, ele a fecha.

Afundo meu nariz no moletom, enquanto ele está distraído. O moletom tem seu cheiro almiscarado e está aquecido como se ele tivesse acabado de tirá-lo do corpo. As letras coloridas com as cores do arco-íris formam a frase "Treat People With Kidness".

Harry coloca a música 'Summer of the 69' no momento em que entra no carro e eu não consigo não cantar junto. Não entendo nada de música, mas tenho certeza de que errei todos os tons já existentes desde a pré-história, minha voz ficou esganiçada e, com certeza, a desafinação quase sangra seus ouvidos.

"Céus! Você canta muito mal!" Sua gargalhada soa tão contagiosa que me faz rir junto. Ele nunca esteve tão certo.

"Eu sei", respondo e continuo a cantar, mesmo que minha voz seja um completo desastre.

Harry começa a cantar junto comigo e sua voz é tão perfeita que deveria me fazer sentir vergonha. No entanto, não deixo que isso me intimide e me impeça de cantar. Sorte a minha não estarmos na frente das luzes ofuscantes e câmeras. Se estivéssemos, eu com certeza viraria motivo de escárnio para o mundo inteiro.

"Mês que vem entraremos em turnê", Harry diz quando a música acaba e quebra o silêncio que se fez presente no carro.

Isso significa que não iremos nos ver frequentemente como vem acontecendo nos últimos meses. Eu estava ciente de que ele entraria em turnê a qualquer momento, mas almejava que demorasse um pouco mais. Sua companhia tem sido sensacional desde que nos conhecemos.

"Seria egoísmo meu dizer que queria que você ficasse?" Em meu rosto se forma uma careta desgostosa. Harry não a vê porque está concentrado na estrada à frente.

"Hum..." Solta um ruído gutural, enquanto pensa um pouco antes de dizer: "Talvez." Observo-o morder o lábio inferior para conter o sorriso iminente. Ainda assim vejo o canto do seu lábio subir sorrateiramente.

"Bem, não me culpe por isso. Você é o real culpado de toda essa situação." Olho-o significativamente e seus lábios entreabrem. "Ninguém nunca se importou em passar uma boa impressão para os meus pais ou insistiu tanto em minha amizade como você fez nos últimos meses."

"Você tem uma família maravilhosa, Ceci! Como eu poderia não me importar em causar boa impressão?"

"Obrigada", agradeço, sentindo meu peito aquecer.

Harry estaciona o carro em frente ao meu apartamento e tudo está tão silenciosamente estranho que me vejo franzindo o cenho. No entanto, me recordo do horário tardio e isso sana todos os meus receios.

Descemos do carro juntos e eu simplesmente odeio quando chega a hora de nos despedirmos, porque isso significa que não sei quando nos veremos novamente. Caminho ao redor do seu automóvel até parar ao lado de Harry. Levanto meu olhar até seu rosto, ele tem o olhar entristecido como se odiasse esse momento tanto quanto eu odeio. Fico na ponta dos pés e envolvo minhas mãos em seu pescoço em um abraço duradouro, adiando cada segundo a mais nossa despedida.

Harry segura meu rosto com uma de suas mãos e tangencia nossos lábios. Questiono-me se há explicação científica de como isso pode ser tão bom ou de como esse contato consegue aquecer todo meu corpo até mesmo no frio intenso de um inverno rigoroso. Tudo ao meu redor parece sumir de vista e só há Harry e eu.

Cortando o silêncio da madrugada, ouço um clique de uma câmera soar, denunciando que não estamos sozinhos como eu pensava. Meu corpo inteiro se empertiga e eu sinto minhas pernas falharem. Harry se afasta em um lampejo, como se também tivesse escutado o mesmo clique que eu.

Juntos, olhamos na direção do meu prédio e Wally está parado junto a um paparazzi segurando a câmera em suas mãos. Há um sorriso sádico e vitorioso nos lábios de Wally, como se tivesse flagrado o que ele realmente queria.

"Filho da puta", Harry fala entredentes quando Wally se aproxima em uma atitude ousada ainda com o sorriso estampado nos lábios, como se o dia nem tivesse começado, mas já tivesse ganhado.

"Harry Styles..." Wally exclama, mas não completa sua linha de pensamentos, porque Harry se aproxima bruscamente, acertando um soco em seu rosto. O estalo é tão forte, que me faz encolher e puxar a mão de Harry.

O rapaz continua com a câmera na altura dos olhos, fotografando cada movimento de Harry. Isso com certeza renderia muito dinheiro numa notícia, no entanto, abalaria a carreira de Harry e sua banda. Eu preciso fazer alguma coisa.

"Harry, vamos embora, por favor", peço, puxando seu ombro para trás. Seus músculos enrijecem através do meu toque e ele recua alguns passos para trás.

O nariz de Wally começa a sangrar, mas ele não parece nada chateado com a situação. Estou tão nervosa que não sei o que devo fazer. Quero socar Wally, quebrar a porcaria da câmera do paparazzi e fingir que esse momento nunca aconteceu. O problema é que está acontecendo tudo como um flash diante dos meus olhos.

"A mídia irá adorar isso, Harry." Wally diz com um sorriso vitorioso brincando em seus lábios, enquanto se levanta do chão. Harry faz menção de voltar para socá-lo mais uma vez, mas eu entro em sua frente.

"Vamos para casa, por favor", peço em um sussurro e vejo Harry balançar a cabeça em afirmação. Abro a porta do seu carro e o ajudo a entrar.

Juntos e silenciosamente, voltamos para sua casa.

Olá, meus lindos raios de sol! Como vocês estão?

Espero muuuito que tenham gostado da história e não se esqueçam de votar e comentar, tá? Seu incentivo é muito importante para mim.

I love u all, L szszsz