LAGO CLARO pulsava vida. A cidade que crescia ao redor do Lago das Almas Partidas — nome dramático graças a uma antiga lenda local — era movimentada em toda sua extensão. Seja pela elite e seus grandes clubes, a classe popular nas praças públicas e até mesmo pelos trabalhadores no lado industrial. Inegavelmente as margens do lago abrigavam os pontos mais bonitos da cidade, de bares a parques, das barracas de cachorro quente aos carrinhos de caldo de cana.
Lago Claro mergulhava em uma forte onda dicotômica: O lado nobre da cidade e o lado "popular", cada um posto em uma margem oposta do lago, como se fosse uma divisão planejada para que cada cidadão soubesse seu lugar. Os edifícios badalados nas margens do Almas olhavam de cima, de coberturas, para uma praça mal cuidada pela prefeitura, mas cheia de vida. Brincavam crianças com bolas e as famílias se reuniam para tomar limonada, comer bolo e conversar. Durante a noite, enquanto a vida noturna pulsava nos jovens da elite, a praça escura virava um encontro do mercado de ilícitos. Alguns ilícitos que horas mais tarde embranqueceriam os narizes dos ricos nos clubes.
O que alimentava de vida aquela cidade também era o futebol: dois times dividem o coração da cidade. São Roque, clube posto no bairro Anita Garibaldi e Cidreira, clube que levava o nome do bairro em que estava estabelecido. Ambos postavam-se no centro, no encontro das massas e mexiam com ambos os lados da cidade de igual forma. A bola no pé, paixão entre tantos brasileiros, firmava também ali um compromisso. Amar o clube e sua torcida, independente de que lado vinha a batida do tambor e o grito de gol.
"𝙻𝙰𝙶𝙾 𝚅𝙴𝚁𝙳𝙴 𝙴 𝙰𝚉𝚄𝙻 𝚀𝚄𝙴 𝙽𝙰 𝙰𝙼É𝚁𝙸𝙲𝙰 𝙳𝙾 𝚂𝚄𝙻 𝙳𝙴𝚄𝚂 𝙱𝙾𝚃𝙾𝚄 𝙿𝚁𝙰 𝙱𝙴𝙱𝙴𝙳𝙾𝚄𝚁𝙾."
VOCÊ ESTÁ LENDO
meu coração bate em azul e preto
Lãng mạnA cidade de Lago Claro respira futebol. São Roque e Cidreira dividem uma cidade enquanto nossa protagonista Clara Letícia tenta encontrar quem é e qual seu caminho. Só não esperava que no meio do seu caminho tivesse uma pedra, um rival, um amor.