Hora do Sono

17 1 0
                                    

Tinha mais escadarias do que parecia, elas desciam em espiral iluminadas pelas fracas e inconstantes luzes provindas de velas e candelabros, cada passo dado fazia a madeira dos degraus ranger como se estivessem sussurrando conhecimentos esquecidos, assim que a luz das velas era deixada para trás a escuridão parecia querer se agarrar a pele e se penetrar na carne para tomar posse e enraizar o mal, uma vez dentro, as sombras que se mexiam como espíritos inquietos criavam a sensação de ansiedade e angústia que crescia à medida em que os degraus chegavam ao fim. Assim que os degraus terminaram uma porta de carvalho maciço desgastada talhada com símbolos e escrituras antigas apareceu à frente, ela se erguia em meio as sombras como se desse um último aviso, aquele era o último ponto em que se podia desistir e voltar, fingir que nada aconteceu é que não sabia de nada, era o último aviso de que ainda tinha como voltar e permanecer na vida normal.
A porta foi aberta e surpreendentemente não fez nenhum ruído, ela foi empurrada para o lado e deu passagem para um corredor estreito e escuro, haviam marcas de escrituras em todo tipo de lugar a iluminação precária fazia com que eles parecessem se mover por conta própria, o corredor parecia não ter fim e ficava cada vez mais estreito, vários quadros e molduras com diversas pessoas e coisas começaram a aparecer um atrás do outro sendo iluminados por uma luz fraca e vermelha que vinha de uma gasta vela, enfim, a porta que daria passagem ao cômodo procurado apareceu, ela era igual a outra, alta e de Carvalho maciço mas sem as escrituras e símbolos, nela havia apenas uma grande olho pintado de vermelho no meio acima da maçaneta, um calafrio desceu pela espinha ao pensar no que estava fazendo, mas aquilo precisava levar a algum lugar ou a alguma pista.
Um vento leve passou como um sussurro e por um instante o olho da porta pareceu se mexer, os passos ecoavam pelas paredes enquanto a luz das velas tremulavam e pareciam dar vida as sombras, eventualmente, a porta chegou ao alcance e parecia pedir para ser aberta, uma luz fraca com aspecto espectral parecia vazar por debaixo da madeira e suas rachaduras. O coração de Maya acelerou quando ela virou a maçaneta e sentiu o peso de sua ação cair em seus ombros.

Agora é só você.

A câmara em que Maya se encontrava não podia ser descrita com palavras, ela era literalmente pertencente do outro mundo, ela estava dividida em cinco partes e um altar no meio que tinha um ritual escrito embaixo, a sala era gigante mas estava vazia com excessão de Maya e a pessoa que havia a chamado, a garota andou relutante até o altar observando cada uma das salas, a primeira sala da esquerda tinha uma paleta de cores que ia do vermelho ao preto, nela havia um altar pequeno que se parecia com uma mesa com diversos objetos por cima, moedas, lâminas, frascos com conteúdos indistinguíveis, no teto e nas paredes havia um símbolo cravado em vermelho, seria uma espécie de âncora?
-"Sangue?"- a garota pensou baixo com medo de que seus pensamentos saíssem altos como palavras.
A segunda sala à direita era dourada-amarela e preta, ela era organizada e assim como o cômodo da esquerda também havia um altar nela, era uma mesa de mármore branco talhado com dourado e correntes espessas que brilhavam em amarelo, no altar havia um livro acorrentado e fechado com um cadeado que era iluminado por uma vela também amarela, no chão e no teto haviam vários símbolos talhados em dourado que formavam uma espiral deixando um símbolo parecido com uma agulha costurando um gigante buraco no meio.
-"será que é um alfabeto antigo esquecido?"- ela sentiu as mãos queimar de excitação e agonia ao mesmo tempo.
A terceira sala a esquerda era escura e preta, ela parecia ser escurecida por uma névoa espessa que parecia congelar se encostasse, ela era assustadora, tinha a essência da morte, Maya tentou olhar dentro da sala mas a escuridão pareceu querer devora-lá então ela recuou e prestou atenção na sala à direita que também não era nada acolhedora, ela parecia querer arrastar a garota para dentro e fazer com que ela tivesse os piores pesadelos de sua vida, a essência do medo.

- sabe Maya, quando ela me contou sobre você me surpreendi, nunca achei que fosse encontrar alguém com conhecimento sobre esse assunto fora do círculo, você realmente sabe demais. - homem? Mulher? Maya não conseguia saber visto que a pessoa a sua frente estava vestida com roupas largas e escuras e usava uma máscara branca com um olho preto assim como o da porta. Assim que a garota se aproximou do altar no meio do cômodo ela percebeu que havia uma última sala atrás do altar que não estava visível, ela então encarou a misteriosa pessoa e decidiu escutar o que ela tinha a dizer.

Equipe All StarOnde histórias criam vida. Descubra agora