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TH puxou JK novamente pelos quadris, suas mãos firmes posicionando-o melhor sobre si. Eles já estavam suados, e JK acabava por escorregar para o lado à medida em que se mexia quase sem controle, a poucos, bem poucos, instantes do clímax.

"JK..." TH murmurou, vendo-o fechar os olhos e entreabrir os lábios, sorvendo o movimento do torso que mostrava os contornos perfeitos da cintura e a tensa musculatura do abdômen, uma visão que sempre o fazia salivar.

Vendo-se tão desejado nos olhos do outro, JK parou um pouco, sorriu indulgente... baixou-se e perguntou ao pé da orelha de TH "Está gostoso?"

TH assentiu com um movimento da cabeça e apertou sua cintura. JK tinha parado de se movimentar, mas assim que voltasse a fazê-lo, TH achava que não ia mais se segurar "Quer gozar?" perguntou então de volta, com voz quase rouca.

Tanto quanto ele, sem querer mais esperar, JK ficou de quatro, depois levantou os quadris na direção de TH, que ajoelhou na cama. Essa era a posição que JK geralmente gostava nos momentos finais, e eles já estavam nisso havia quase duas horas. Pelas cores projetadas nas paredes nuas do quarto, devia ser fim de tarde.

TH se voltou para o corpo disposto a sua frente. Que já conhecia tão bem... e suspirou. A abertura estava um pouco inchada, e havia marcas de dedos por toda parte em que estava sendo segurado. A pele de JK era bem mais clara que a sua e marcava com facilidade. Puxou-o para si, apertando então com mais força, querendo deixar ainda mais vestígios. Depois passou por cima a ponta dos dedos, em círculos, como se a ternura fosse aliviar a pele.

"Para de ficar me tentando... Põe logo para dentro" JK reclamou da pausa, e ia voltar a dizer quando TH entrou novamente dentro dele, sem aviso e de uma vez. Dali em diante, só fez gemer, tão acostumado com a sensação de ser atravessado por TH, que nem pensava em se conter.

Depois do gozo, deixou-se cair sobre a cama, ainda tremendo, sentindo em seguida TH deitar sobre suas costas, envolvendo-o com seu calor.

O quarto de TH ficava no ponto mais alto da cidade, com vista ampla para todo o vale. JK gostava disso. Tinha um terraço privativo, ademais de alguns outros cômodos, destinados a estudos e visitas. O pé direito era maior do que vira nos aposentos individuais de qualquer membro da irmandade, mas era de se esperar, considerando-se de quem era... As janelas estavam abertas, e o vento circulava facilmente.

"Quer que eu feche as janelas?"

JK tinha virado de lado, e TH encaixou-se nele por trás, sem pressioná-lo, apenas tocando-o do fim ao começo. Seu corpo ainda estava pinicando de prazer.

"Não precisa" respondeu. Não fazia frio, a chuva tinha dado uma folga, era final de estação. Certo era que não estaria mais assim em duas ou três semanas. O clima virava rápido, não ficava, contemplou por um instante, sem se importar realmente.

Sentiu lábios roçando devagar sua nuca. TH era carinhoso depois do sexo, mesmo que ficasse sonolento, mesmo que JK protestasse.

E JK tolerava, um pouco, em nome da paz e da boa convivência. Mas não por muito tempo.

Àquele dia, talvez mais rápido que de costume, empurrou-o, e sentou na cama para se vestir.

Suas roupas estavam espalhadas pelo chão. A blusa de linho debaixo da calça de couro, tinha amarrotado. Devia ter tido mais cuidado.

"Você já vai?" a voz de TH, quase neutra, não escondeu nada. "Você precisa ir a algum lugar?..." Mágoa, um sentimento ardido, agarrado, e que não tinha porquê, já que JK, como exatamente todas as outras vezes, ia levantar e ir embora assim que eles terminassem o que vieram fazer, não tendo aquela vez nada de novo, pelo contrário, eram cenas que se repetiam regularmente na sua vida e também na sua mente.

Os dois eram diferentes, era preciso entender. E TH também já sabia como JK reagiria. Para que causar um desentendimento logo depois de ficarem juntos?

Não era para ficar mais fácil com o tempo? Para sentir tudo um pouco menos?

"O que você queria? Eu já fiz a minha parte"

Era a resposta padrão, que não tardou, sempre seca. Era a hora de TH parar.

Mas enquanto JK andava pelo espaçoso cômodo, pisando descalço no chão de pedra polida, para pegar as botas, o mesmo rito e o mesmo ritmo de todos os outros fins de tarde, foi como se uma ultima gota pingasse no balde cheio de TH.

E na hora ele nem se deu conta "Eu queria que você ficasse, claro, para a gente conversar... Tem quatro anos que estamos fazendo isso" e insistiu, a custa só de si, como se buscasse um certo desfecho para a cena que tanto se repetia.

"Vai ser assim sempre? Mal a gente termina de transar e você quer sumir da minha frente?"

Diante do que imediatamente recusou como insistência e capricho, maior que do que o normal, JK usou o tom mais condescendente, que fazia crescer sua indiferença, fazia parecer seu rancor "você já teve o seu prazer e eu já posso ir, não é?"

"JK..."

"Você não tem o direito de me pedir. Nem eu tenho que fazer mais nada por você" Terminou.

TH se calou.

O silêncio abafou o quarto, demorado e sufocante.

De um tal modo que JK eventualmente se incomodou, irritando-se com que mais uma vez eles tivessem voltado àquele ponto "Eu não sou um híbrido e não tenho necessidade de estar aqui. Mas estou. Não crie ilusões na cabeça, foguinho. Você sabe muito bem porque temos que fazer isso... É você que precisa de mim, não deve então reclamar"

TH falou falou baixo, quase que para si "Depois de todo esse tempo, ainda é apenas um dever para você..."

JK nunca o aceitaria e desenvolveria qualquer sentimento de valor por ele. Nunca. Teve certeza. Quatro anos tinham passado, e TH era um imbecil por ainda se iludir.

Aquele dia foi outro como tantos, mas também diferente de todos.

E se fosse possível ouvir um coração quebrar, JK teria ouvido, porque o seu próprio apertou doridamente e sem razão, espelhando de algum modo o que se passava no outro canto do quarto. Mas JK não respondeu, nem se voltou para ver uma lágrima descendo no rosto que quase não nunca.

"Vejo você em doze dias" era o que geralmente dizia e foi tudo o que disse, antes de descer com pressa inexplicável as escadas que levariam ao pátio da guarda, já esvaziado àquela hora.

Só mais tarde pensou, deitado na própria cama, ainda chateado e sem conseguir esquecer... por que TH começava com aquela história de conversa de novo? Por que não se satisfazia já com o que eles tinham e insistia sempre, sabendo que JK reagia? Não queria briga... Não queria ter se irritado... e sido até um tanto cruel. Tinha muito mais com que se preocupar. Em Akem, todos tinham. Simplesmente não tinha cabeça para aquilo.

***

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