VII

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Ao final, JK passou alguns dias acamado na casa de repouso da Irmandade devido às consequências da sobrecarga de energia mágico-psíquica, precisando de tempo e sossego para se recuperar.

Darsila veio pessoalmente cuidar dele.

Sua presença era uma benção, transmitia uma paz que JK precisava.

O quarto onde ele estava também tinha essa paz, estava voltado para um pequeno bosque, o vento era mais gentil que em outras partes da cidade e só se ouvia os pássaros e o tênue ritmo dos insetos.

Darsila não falava muito, e principalmente não falava de TH.

Quando JK finalmente perguntou, ela confirmou que TH tinha vindo vê-lo no primeiro dia, enquanto ele estava dormindo. Ela não deu mais detalhes nem opinou se ele voltaria.

JK pensou que ele iria vir vê-lo.

Depois do beijo.

Pelo jeito não.

Quando pensava isso, passava o estado de bem estar por estar naquele lugar e ele ficava triste. A cada minuto ficava mais claro, queria que ele tivesse vindo.

Não podia mentir para si mesmo, não quando podia sentir esse desejo reverberar por todo o corpo, nem quando levantava os olhos a cada vez que uma pessoa entrava e fazia algum ruido no corredor quase vazio, enchendo-se de um sentimento de ansiedade e inquietação que não combinava em nada com o ambiente mas que não podia nem um pouco evitar.

Estava se sentindo vulnerável e queria que TH estivesse ali. Pronto.

Simples e inexplicável.

Pelo menos ele não conseguia explicar.

Por que agora sentia tanta falta de TH??

Enquanto se virava na cama, pensou se seria por alguma razão mágica, como se de alguma espécie de espelhamento ou contaminação no interior da mente ele começasse a sentir o apego que TH sentia.

Cada vez mais achava isso.

Ou se seria o costume, o hábito, a força acumulada de vez após vez em que estiveram juntos ao longo dos anos, a frequência, a regularidade, o espaço, o tamanho que a presença de TH passou a ocupar em seus pensamentos e na sua vida.

Principalmente, como um beijo pôde causar tanta emoção após centenas de outros que não o afetaram? Já tinha tocado aqueles lábios do mesmo jeito centenas de vezes.

Não conseguia entender.

Mas quando beijou TH na margem daquele rio, foi como se finalmente aceitasse seu destino junto com ele, como se após todos aqueles anos tivesse enfim parado de lutar. Seu coração bateu loucamente enquanto seus lábios deslizavam sob os dele, tremendo de emoção. Ele nem sentia a dor de tantas feridas, só o alívio da rendição, e de estar de novo nos seus braços, o lugar no mundo inteiro onde queria estar.

Tudo certo, finalmente.

Mas o momento de claridade foi tão rápido. Mal ele pôde se dar conta, JM chegou na esteira de TH e fez um escândalo ao ver JK bem, vivo e debaixo do dragão, que estava totalmente nu, diga-se de passagem.

"Claro que eu tinha que reagir daquele jeito! Achei que você tinha se afogado. Tive certeza de que não te veria mais vivo, tive certeza disso" Quando viu TH dar meia volta no céu, JM nem pensou, saiu atrás dele sem dar nenhum explicação aos outros, que ainda procuravam JK na área onde a represa rompera. Seu instinto dizia que TH saberia onde JK estava, e ele estava seguindo o rio e era para lá que JM iria também.

YG e Jin vieram em seguida, ao perceber que JM estava se deslocando, e os três tiveram a oportunidade de se deparar com TH e JK naquela mesma situação "Imagina: encontrar você completamente são e fora da água, depois de ter caído naquele vórtex... E se pegando com TH! Eu não acreditei"

O arranjoOnde histórias criam vida. Descubra agora