Piloto

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- Avada kedavra!

Um feixe de luz verde esmeralda o deixara cego por algumas frações de segundos.

Era seu fim.

Naquele momento?

Viveu por tantos anos, mas quanto ainda lhe restavam?

Querido por milhões, odiado por milhares.

"Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore, descansa em paz desde 19 de abril de 1977. Um dos maiores bruxos de todos os tempos."

Seria essa a próxima matéria do Profeta Diário?

Alvo tinha muitos inimigos, mas nada se comparava com a quantidade de amigos que o rodeava.

Amigos que impediram que seu corpo não fosse vaporizado pela maldição imperdoável.

Diferente de seu maior inimigo, conhecido como Lorde das Trevas, Voldemort, tinha bruxos e bruxas nomeados aliados, mas que o deixaram lutar por si só.

- Alvo? Você está bem, Alvo? - Não tinha certeza se ouvia Lílian, talvez fosse Molly, ou Alice Longbottom? Sabia que seus amigos estavam presentes, mas vozes ecoavam em sua mente, até que tudo se apagara.

Estava desacordado, não se lembrara de nada, mas de uma coisa tinha absoluta certeza.

Alvo Dumbledore foi a primeira pessoa a sobreviver a um Avada kedavra.

12 anos se passaram, e Hogwarts tem sido um dos lugares mais seguros do mundo bruxo desde a morte de Voldemort.

Severus Snape acordava de um sono profundo, tinha dias que não dormira tão bem. Era mais um início de semestre e estava mais que preparado para colocar metade de sua classe em detenção.

- Boa noite, Severus!

- Boa noite, Dumbledore! - Diz com leveza na voz após se sentar em sua cadeira ao lado do diretor no saguão principal.

- Animado para o dia de hoje, professor?

- Em êxtase! - Murmura em desânimo, nada novo vindo do professor de poções.

Todos os alunos estavam ansiosos para os novos chegarem, todos queriam ver quantos iriam entrar para suas casas.

Os olhos de Severus deslizam entre os novatos. Gostava de seu trabalho, mais que qualquer coisa, mas era nítido que não suportava crianças, algumas mais que as outras.

- Boa noite a todos! - Dumbledore inicia seu discurso anual, nada muito diferente do que todos já estão acostumados. Mas os ouvidos de Severus passam a ser inúteis depois que avista uma cabeleira loira, quase platinada, poucos metros de si.

Sabia que um dia isso iria acontecer, mas não sabia que seria tão cedo.

Sabia que um dia teria que rever seu passado, seus pesadelos, seus desejos e medos.

Sabia que um dia teria que conhecer o filho do homem que mais desprezada em todo o mundo bruxo, o filho da mulher mais insuportável que já conheceu em sua vida.

Não tinha como ser outra pessoa, os cabelos reluzentes, o nariz empinado e a face que remete toda soberba e arrogância do mundo. O viu uma vez no berço, ao nascer, mas nunca havia esquecido seus traços idênticos a um Malfoy.

Não tinha certeza ao certo de quantas horas de passaram, mas sabia que desde quando o banquete se iniciou, não tocou em nenhum pedaço da comida suculenta que havia em seu prato.

- Não deveria pensar tanto, Severus!

- Não me disse que seria o ano dele, Dumbledore - Tocava em sua comida pela primeira vez

- Acho que você deveria se preocupar com outras coisas, Severus - Dumbledore analisa o saguão lotado - Preciso conversar com você depois, pode subir na minha sala assim que acabar de comer - Severus olha para seu prato cheio - E coma! Precisa de alimentar

O resto da noite foi o mais puro silêncio, provavelmente haviam gritarias dos alunos veteranos, mas seus pensamentos estavam desligados de qualquer barulho externo. Se levantou e resolveu perambular pelos corredores da imensa escola até que desse a hora de todos irem para seus dormitórios.

Sonserina. Parecia um flashback. Draco estava na mesma casa que um dia Severus esteve. Assim como Narcissa, Lucius e Bellatrix.

Narcissa. "Insuportável", já dizia Severus desde a sua época da escola quando trocou as primeiras palavras com a mulher de cabelos bicolores. Não podia negar que era uma das mulheres mais bonitas que já viu em sua vida. Não era burro, muito menos cego. Ver uma mulher de uma linhagem tão impecável como os Black, se casar com uma podridão como um Malfoy, fazia seu estômago borbulhar. Narcissa passou a ser ainda mais insuportável depois que uma aliança foi colocada em sua mão esquerda, mas ainda sim, não conseguia olhar para os olhos da mulher sem se perguntar o que passava em sua mente, ou em seu coração. Como ela seria de verdade? Provavelmente nunca saberia.

- Perdeu a hora? - Deu um pequeno salto para trás quando ouviu a voz de Dumbledore que indicava com a cabeça para entrar em sua sala

Os dois sobem as escadas e sentam em duas cadeiras próximas perto de uma mesa redonda de centro que haviam biscoitos de abóbora, um bule de chá e uma pequena taça com balas de limão.

- O menino não será um problema, Severus - Finalmente conseguira a atenção do professor totalmente para si - Ele está sobre nossos cuidados, é jovem, não deve descontar sua raiva passada em uma criança com pais irresponsáveis

- Como garante que ele não irá atormentar outras crianças com o pai fez?

- Ele estará sobre cuidados, terá alguém sempre vigiando suas atitudes - Dumbledore pega um xícara de chá e se ajeita em sua cadeira

- Quem? Porque até onde eu me recordo, não são muitos professores que suportam filhos de comensais da morte

- Você também foi um comensal, Severus

- Mas eu sempre fui seu aliado, e você sabe muito bem de tudo que aconteceu - Se inclina para frente - Sabe quem são seus amigos de verdade, Dumbledore

- Por isso te chamei aqui, professor - Severus de ajeita em sua cadeira como fez o diretor - Severus, eu tenho meu total respeito por você, e se não fosse por você, muitas pessoas estariam mortas agora

- Tenho plena consciência disso

- Eu pretendo ajudar Draco a não seguir os mesmo passos que o pai

- Eu não quero ser responsável por uma criança criada em berço de ouro

- Eu contratei uma professora para defesa contra artes das trevas - Dumbledore é direto em sua fala, deixando Severus perdido em pensamentos

- Ótimo! Uma pessoa a mais pra se preocupar com um projeto de Lucius Malfoy - É irônico

- É a mãe do menino - Olha para sua xícara enquanto espera por uma reação não muito calma de Severus

- Espera...o que? - Estava incrédulo, não tinha que pudesse negzar isso, mas não conseguia acreditar no que acabou de ouvir

- Narcissa será responsável em manter Draco na linha - Dumbledore finalmente olha para Severus, e pela primeira vez, com uma feição rígida

- VOCÊ FICOU MALUCO?

Obsidian - SnacissaOnde histórias criam vida. Descubra agora