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DIANTE DA EXPLÊNDIDA PAISAGEM ENSOLARADA nas montanhas do Sul, em mais um dia pacato de verão, o belo corpo curvilíneo ressurgiu das águas, Meteora estava renovada, sentindo-se como renascida. Ergueu a cabeça, a grama verde e límpida lhe chamando atenção ao encontrar seu horizonte próximo. Observou o castelo, os dedos no queixo, pensativa. "O mundo humano...", bem, não parecia-lhe tão diferente da Floresta Enevoada.
Imaginava talvez.. um caos mais claramente eminente. Quem sabe, esse fosse seu papel incumbido. Sorriu, erguendo leve e delicadamente seu dedo indicador, sinalizando para seu maior e mais macabro guerreiro, Andas. O enorme corpo ressurgindo, as patas marrons, sujas por completo, mesmo seu corpo úmido da água que recém os lavara, era um poço de imundice ambulante. "Você sabe...", disse, num murmúrio que derreteu pelos lábios semicerrados, o homem atende o comando simples, sem pronunciar palavra.
Mal olhando para o que lhes rodeava, os olhos miúdos de Andas eram opacos e inexpressivos, perfeitos para uma arma inerte e letal. O fogo dançou entre seus dedos, escorregando pela grama vívida, então arranhando as paredes de madeira e barro, dando início ao espetáculo da Destruição Divina.
Sua rainha assentiu brevemente, satisfeita a sua maneira.
__Vamos. _ O tom entediado, mal olhando para o rasto avermelhado que deixaram pelo caminho.
A fumaça cobria a tudo, a névoa e o negro de sombras a se aproximar da muralha. O sol estava morto. Rastros de nuvens carregadas se entrelaçavam por suas cabeças. O dia de alegria radiante... Derretera como metal. Escorria e gritava, clamando por ajuda. A ajuda estancava, um olhar bravo, "Parados!", e o capacete se partia ao meio com seu cérebro macio. Tal qual um pedaço de pão. A risada de Andas e o arrastar de seu enorme machado cuspidor de fogo não polpava ninguém. Os passos fundos na terra e pedra deixando crateras pro onde andava e crânios esmigalhados. Ao seu lado, a passos mais lentos, os pés se acostumando ao movimento, Meteora mantinha a expressão franzida, encarando a torre embranquecida, no fundo de sua mente palavras lhe sussurravam, era ali... O que procurava. o que lhe chamara, ainda meio dormente, seu corpo se acostumara do despertar, porém ao passar de alguns minutos, as mãos erguidas ao ar e...
Um movimento... O exército sentiu seu corpo leve, a névoa derretia entre seus cabelos, mesmo com fogo correndo cada centímetro sob seus pés... Um toque, e tudo cessara. As mãos desceram. A fumaça deixara o rastro de negritude pelo chão. Nem tudo fora destruído, suspirou, ainda não.. Preciso de uma certa quantidade... Entre a centenas de corpos no chão, rostos aterrizados recém petrificados pela névoa.
__ Irvin, segure __ Esticou a mão novamente.
A Névoa cobrindo seu corpo, abraçando seu cintura e pernas.
O exército chegara a seu destino, ordenou que metade a esperasse. A outra cercaria o castelo. Apenas Irvin entraria consigo. Não demorar-se-ia, de qualquer forma. Enquanto isso, que contatassem seu pai, precisaria de um belo banquete aquela noite. Uma vitória, por menor que fosse, deveria ser celebrada a altura. Byork, o tenente mais velho, barbicha vermelha e rosto completamente redondo e cinzento, apenas assentiu, calmamente, desenhando um simples caractere Adulle azul no ar; e a voz de alguém parecia se ouvir, estranhamente distante, porém, o homenzinho respondeu-lhe de imediato, entendo perfeitamente.
Surgira então, o homem alto, corpo esguio, quase frágil, a máscara de veado se destacando por dentre os rostos deformando dos demais, seus pés silenciosos o fizeram saltitar até ela, sorriu, apertando sua mão entre as suas, "Só preciso de um", disse pra si mesma. Afinal.. Eram apenas humanos.
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𝐒𝐮𝐩𝐞𝐫𝐟í𝐜𝐢𝐞 - Coroa de Sangue e Névoa
FantasyDiriam que esta seria uma história sobre heróis. Mas quem seria o verdadeiro herói? os deuses estão mortos. Ezz carrega a coroa pesada de um caído entre destroços, do outro, Myr entrega a seu povo o desespero de um trono vazio. O mundo está em cha...