Capítulo V - Em busca do Equilíbrio

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 Ezz 

__ Você gosta das flores?__ A voz do homem vermelho lhe sobressaltou, fazendo Ezz dar um pequeno salto. Franziu levemente o cenho pelo susto, então se afastou, continuando a caminhar.

Encarou as flores em questão, pequenas e rosáceas, cobrindo uma boa parte da área de terra daquele jardim.. Um jardim estranho, à perspectiva de Ezz. Não respondeu a pergunta, deslizando o olhar por aquele teto alto e transparente. Não entendia porque cobrir o teto de um lugar como aquele.

Deslizou o dedo pelas águas de uma fonte dourada, os detalhes em azul se confundindo com as águas; inclinando-se, notando pela primeira vez mais atentamente, seu próprio reflexo.

Haviam lhe permitido se lavar e trocar de roupas. Lhe vestiram como um deles, estranhamente.. parecem me aceitar aqui tão facilmente agora, pensou, ainda não esquecido de toda confusão com a garota do arco; o que Ezz vira a descobrir se auto proclamarem um tipo de clã...

Ighen. Clã Ighen. Não sabia o que significava. Um clã de cabelos tão vermelhos e jardins com teto. A roupa era simples, em comparação com o que vestia antes, não havia bordados complexos, mas era confortável. A primeira coisa que notou foi que o manto cobria suas costas completamente. 

Continuou a caminhar, notando o homem lhe seguindo a cada movimento. Ainda não sabia o que esperavam dele, e muito menos como parara ali. Sua memória dava voltar e sua cabeça doía. Entretanto, contraditoriamente, Ezz se recordava de muitas outras coisas, mas se utilizou daquelas falhas específicas para não dizer mais do que o necessário. Afinal, não era uma total mentira. Ele não se lembrava do que vira no palácio, ouvia a voz de sua mãe, ouvira barulhos altos, a voz de Miklo distante e.. Se apagou.

Percebeu que estava há muito tempo encarando a grande árvore que se alastrava por um estranho círculo e centro daquele lugar. Dois pilares lhe rodeavam, havia muitos símbolos talhados à mão, e no centro um desenho de um.. rosto, notou curioso, ao lado havia algo escrito. Forçou o olhar, mas não entendia a língua. 

Sentia-se melancólico por um instante. Não entendeu a princípio porquê.

O homem o encarava o tempo todo. É um pouco.. desconfortável. Não o diria, aquele homem o havia ajudado, de alguma forma. Quaisquer que fosse suas intenções.

__ É bonita, não é? Dizem que está aqui há mais tempo que qualquer uma daquelas casas que viu no centro. __ Ergueu uma mão, fazendo Ezz se afastar por instinto, então tocou o tronco, fazendo algo.. cintilar. O garoto manteve os olhos atentos__ Ela é a prova viva que este lugar.. este lugar pertence aos Ighen's tanto quanto o contrário, vê? O dôr mal se move, mas responde fortemente. Eu não precisei fazer nada pra isso.__ E riu, recolhendo as mãos dentro do manto novamente.

__ Dôr.. __ repetiu Ezz, num múrmurio, ainda se habituado aquela língua, pensando ter ouvido esse termo anteriormente.

__ O que você fez na prisão, usou dôr não foi?__ Perguntou o rei, sem se preocupar em esconder sua curiosidade.

Ezz apenas piscou, confuso. Isso também confundiu Ulker. Ele não é um dôre, é?

Tentou ser mais claro.

__ Na prisão, se lembra? Todos estão dizendo que você salvou aquele homem, o curou. O que exatamente você fez com ele?__ Ulker ergueu o olhar rubro pra si, de uma forma inquisitiva que lhe fez soar como um rei para Ezz pela primeira vez.

𝐒𝐮𝐩𝐞𝐫𝐟í𝐜𝐢𝐞 - Coroa de Sangue e NévoaOnde histórias criam vida. Descubra agora