MARCEL
Samanta estava completamente doida com aquela divisão de quartos. Quando chegamos ao hotel e percebi que eu e Victor ficaríamos isolados no fim do corredor, ficou óbvio que aquilo era um plano dela. Mas o que a mulher esperava? Que eu entrasse no quarto dele de madrugada, completamente sem roupa? Só podia estar mesmo viajando na maionese.
— O que você pensa que está fazendo? — perguntei a ela.
— Nada demais, amigo — ela respondeu, fingindo inocência.
— Eu te conheço, sei que fez tudo isso de forma premeditada. Freud explica.
— Eu não tenho culpa se você é covarde demais para tentar alguma coisa, eu só queria dar um empurrãozinho.
O cansaço da viagem, depois de tantas horas no avião, acabou me impedindo de continuar a discussão, mas ela ia me pagar por aquilo. Fazer eu ficar perto do Victor era como enfiar um dedo dentro da ferida. Ela sabia que eu nunca poderia ficar com ele, mas mesmo assim queria me ver sofrendo. Isso era desumano, minha história estava começando a se parecer com a da Ju.
Fiquei distraído enquanto meus amigos faziam o check-in no hotel e não percebi quando Victor se aproximou de mim. Levei um susto e perdi o fôlego quando aquele homem alto e forte me abraçou por trás, dando um beijo em minha nuca.
— Está pensativo, amigo — ele falou.
— Ah, estou só cansado — respondi, sentindo meu coração quase explodir no peito.
— Deixa que eu levo suas malas para o quarto.
— Acho que não precisa, os funcionários do hotel fazem isso.
— Ah, é verdade, nunca tinha ficado em um hotel chique antes — ele falou. — Mas vamos, eu te carrego no colo então.
— Victor, não seja ridículo.
— Eu quero te ajudar, amigo, nossos quartos são perto e vamos nos divertir muito.
Tudo o que eu queria era ser carregado por Victor Monteiro, como uma noiva na lua-de-mel, mas não podia me meter nesse tipo de situação. Quanto mais eu deixasse o homem se aproximar, pior seria a dor em meu coração partido.
Depois de todos fazerem o check-in no hotel, fomos cada um para o próprio quarto, para tomar um banho e descansar um pouco antes de sairmos para comer. Era incrível estar em outro país e eu estava ansioso para conhecer tudo, mas o cansaço estava me pegando um pouco. Pensei que estaria com vontade de sair logo para a rua, mas quando vi aquela cama grande me esperando, não pensei duas vezes antes de me jogar, então acabei cochilando.
Acordei com batidas fortes na porta do meu quarto. Eu tinha dormido só de cueca, mas não percebi que fui atender daquele jeito. Estava esfregando os olhos para tirar as remelas quando me deparei com Victor parado no corredor.
— Desculpa por te acordar — ele disse.
— Acho que acabei perdendo a hora — respondi.
— Já estão todos esperando no saguão lá embaixo para a gente ir comer.
— Tudo bem, vou só pegar minha carteira com os documentos.
— Talvez seja bom você colocar alguma roupa também — ele falou.
Olhei para baixo, vi que estava só de cueca e daquele jeito constrangedor de quando nós homens acordamos. Sem nem pensar, bati a porta na cara do Victor e corri pelo quarto, procurando as calças que havia deixado jogadas no chão.
Quando acabei de me aprontar e fui para o corredor, meu amigo já tinha descido. Aquilo tinha sido uma das situações mais constrangedoras da minha vida. O cara pelo qual eu estava apaixonado tinha me visto excitado. Pelo menos, ele não sabia que era com ele que eu estava sonhando antes, senão eu estaria mesmo condenado.
===============================Observação do autor: sei que demorei a postar esse capítulo, mas é porque fiquei muito desanimado com os relacionamentos do Victor e do Marcel na vida real. Só quero que eles sejam felizes, mas meu ship morreu :'(
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Chile con Pica (Romance Gay ViCel) Victor + Marcel
FanfictionMarcel Mosby demorou a descobrir que se interessava por outros homens, mas agora está completamente apaixonado por Victor Monteiro, seu colega de trabalho atrapalhado. O problema é que Victor é totalmente heterossexual, então Marcel não tem a menor...