Tensão.

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Demorei a cair em inconsciência. Mesmo com o silêncio, o quarto mergulhado na escuridão e a total quietude de Rosalie após cortar o assunto entre nós, os meus pensamentos estavam agitados demais para que eu conseguisse dormir.

Não precisei de muito tempo para localizar a origem de minha inquietude.

Desde que Charlie falou sobre Jake, eu era perseguida por certa imagem mental persistente e desconfortável dele, que surgia em meus pensamentos em intervalos regulares, como um despertador irritante programado para tocar a cada meia hora, enchendo minha cabeça com o rosto de Jacob, retorcido em dor. Era a última lembrança que eu tinha dele.

Nessa manhã, acordei com o pé esquerdo. Exausta por começar o dia tão cedo, após dormir tão mal na noite anterior. Eu sonhei com Jacob a madrugada toda.

Eu estava estranhamente confortável com a bochecha pressionada no peito de Rose e os meus dedos agarravam instintivamente sua blusa — como se durante o sono eu temesse que ela tentasse sair. Era impossível que Rosalie dormisse, mas ao olha-la a encontrei de olhos fechados, na mesma posição da noite passada e ainda sem respirar.

Alguns feixes de luz que vazavam entre a cortina de lacinhos mal fechada dançavam em sua pele pálida, a fazendo cintilar como se milhares de diamantes pequenininhos estivessem incrustados nela. Ela era como uma estátua perfeita, entalhada em alguma pedra desconhecida, lisa como mármore, cintilante como cristal.

Minha respiração ficou presa na garganta, completamente hipnotizada. Será que um dia eu me acostumaria com sua perfeição? A sua beleza era absolutamente surreal.

Enquanto ela permanecia em inércia, eu me perguntei no que Rosalie pensava durante o tempo em que eu dormia. Como se sentia? A nossa relação era, no mínimo, inusitada e não fazia sentido que a mesma Cullen que me via como uma intrusa em sua família antes, me servia como travesseiro em quase todas as noites agora. Isso era algo que Edward e eu fazíamos, mas nunca com Jake, ou com Alice.

Rose me levou a escola normalmente, mas não foi ela quem encontrei me esperando ao sair com Angela e o seu namorado, Ben.

Enquanto ela se queixava sobre todos os convites que precisaria enviar para os mil primos que sua mãe gostaria que fossem convidados para a formatura, a minha cabeça repassava cada detalhe nada sútil de que o término do ano letivo estava muito perto.

Havia uma excitação perceptível no ar, mas o final do terceiro ano não me dava o mesmo prazer que parecia dar aos outros alunos. Na verdade, eu ficava enjoada de tão nervosa sempre que pensava no assunto.

Eu tentava não pensar.

Mas era difícil escapar de um tema tão onipresente como a formatura. Havia sinais dela por toda parte. Cartazes enchiam as paredes do refeitório e as lixeiras transbordavam folhetos coloridos: lembretes para comprar livros do anuário, anéis de formatura e convites; prazos para encomendar becas, capelos e borlas de formatura; anúncios enfeitados de rosa para o baile desse ano.

O grande baile seria nesse fim de semana, mas eu não pensei, em nenhum momento, em ir nele.

No estacionamento, Alice me esperava completamente parada, com olhos dourados atentos em meu rosto. Linda além da imaginação.

Meus joelhos tremeram por um segundo e eu quase caí. Depois eu corri para ela.

— Alice! — Chamei enquanto me jogava. — Eu senti tanto a sua falta!

Esqueci como Alice era dura; era como correr direto para um muro de cimento, mas não me incomodei.

— Está tudo bem, Bella. Está tudo bem. — Ela me consolou, afagando minhas costas para me acalmar.

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