Suíça.

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Um nó se formou em minha garganta quando parei em frente a casa vermelha e desbotada que no passado era o meu refúgio. Se passou muito tempo desde que eu estive aqui.

Antes mesmo que eu desligasse o motor, Jacob estava parado na porta da casa, a expressão perplexa. Não tinha certeza se isso estava ligado a minha presença ou ao carro em que eu cheguei a reserva. Com a minha picape ainda sendo reformada, tive que aceitar usar a BMW conversível de Rosalie, apenas porque a primeira opção era ainda pior: a viatura policial de Charlie.

No silêncio súbito quando o motor do carro parou, eu o ouvi arfar.

— Bella?

— Oi, Jake!

— Bella! — Ele gritou, e o sorriso que eu esperava se espalhou por seu rosto como o sol rompendo as nuvens. De repente, eu me esqueci subitamente de toda a raiva. — Eu nem acredito nisso!

— Oi, Bella! — Billy chegou na soleira da porta para ver o motivo de tanta comoção.

— Oi, Billy!

Nesse momento fiquei sem ar — Jacob me pegou num abraço de urso tão apertado que não consegui respirar, e me girou no ar.

— Como é bom ver você aqui!

— Jake, não consigo… respirar! — Ofeguei.

Ele riu e me colocou no chão.

— Bem-vinda de volta, Bella. — Disse ele, sorrindo. E pelo modo como falou isso, parecia ter dito bem-vinda ao lar.
  
Fomos caminhar, agitados demais para ficarmos sentados em casa. Jacob praticamente saltitava, e por vezes tive de lembrá-lo de que eu não tinha pernas de três metros para conseguir acompanhá-lo.

Enquanto andávamos, senti que me ajustava a outra versão de mim mesma, a Bella que eu era com Jacob. Um pouco mais nova, um pouco menos responsável. Alguém que, ocasionalmente, podia fazer algo realmente idiota, sem ter nenhum bom motivo.

Nossa animação durou ao longo dos primeiros assuntos: como estávamos passando, o que estávamos fazendo, quanto tempo eu tinha e o que me trouxe aqui. Logo estávamos falando dos motivos por trás de nossa longa separação, e eu vi o seu rosto se transformar na máscara de amargura que já me era tão familiar.

— Você não gostava de Rosalie. Tinha medo dela antes, se lembra? Naquela tarde, na praia, quando percebeu que ela salvou você… — Sua voz ficou mais baixa e grave, como se doesse admitir o que ela fez por mim. — Quando olhou para ela, não era medo, a sua expressão era diferente. E de repente você precisava da sanguessuga loira como se sempre tivessem sido algo. Como se ela não aterrorizasse você antes, como se o irmão dela não a tivesse feito definhar quando a deixou para trás! — Murmurou acidamente.

Sua hostilidade já estava me cansando, esfolando a ferida; doía vê-lo com raiva de mim. Me lembrava da tarde melancólica, quando Jacob me deixou chorando na cozinha com a promessa de que ainda seria meu amigo, mas de repente sumiu.

Precisei de um segundo para me recompor.

— Não estou aqui para discutir as minhas relações, sejam elas passadas ou atuais. Rosalie tinha os motivos dela.

Queria pular essa parte de escolhas, traições e acusações, mas eu sabia ter de falar nelas antes de conseguirmos passar para qualquer outro assunto.

O rosto de Jacob se franziu em desgosto.

— Então, qual é a história? —Perguntou, chutando com força exagerada um pedaço de madeira no caminho, que viajou pela areia e se chocou nas pedras.

— Nunca fui a pessoa mais querida no mundo por Rosalie. E depois, para tornar as coisas ainda mais tensas entre nós, ela se sentiu pessoalmente ofendida com a decisão que eu estava tomando quando escolhi Edward. Embora ela tenha uma beleza irreal e uma família amorosa, teria desistido de tudo isso para ser humana. Rose não queria me assistir insensivelmente jogando fora tudo o que ela queria na vida, como se fosse lixo. Isso não fazia de mim uma pessoa exatamente simpática aos olhos dela.

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