"Já estou sentindo a saudade bater" - pensei comigo, olhando pela janela do avião, enquanto aguardava ansiosa pela decolagem.

As últimas horas tinham sido um pouco difíceis. Me despedir de todas as pessoas que eu amava, deixar todo mundo naquele aeroporto, entrar sozinha naquele corredor pelo qual eu só passaria de novo dali a um ano tinha me rendido boas lágrimas.
E ainda rendiam, porque algumas delas ainda caíam quando eu parava pra lembrar de cada um dos meus amigos e dos meus pais...

- Ai Bia, pára de chorar, sua boba!
- Só paro se você parar também.
A Bia me abraçava como se nunca mais fosse me ver. E eu também.
- Lolinha, promete que não vai ficar morando lá pra sempre! A gente vai sentir sua falta, e vai ficar te esperando aqui!
- Tá bom, Má, pode deixar.

Todos os meus amigos estavam ali, me abraçando. A minha inseparável turma: A Bia, a Má, a Clau, o Rique, o Duh, o Vitinho, a Nane, a Line e até o Bê. (o Bê é o Bernardo, irmão da Bia. Eu tinha meio que uma queda por ele, ou um tombo, como a Bia costumava dizer.)

Todos eles me abraçavam cheios de lágrimas nos olhos.
- Te cuida lá, Lô. Não deixa ninguém fazer menos de você. Lembra sempre de quem você é e de onde você veio.
- Tá bom, pai. Vou me lembrar disso sempre.
- Minha filhinha... - minha mãe já estava aos prantos. E aí eu olhava pra ela e dava mais vontade ainda de chorar.

Enfim, quando chegou a hora de ir, eu não conseguia parar de chorar. Fui andando pra entrar na fila que nos levaria para a segurança.
Quando chegou na minha vez de entrar, eu olhei pra trás. Todos eles acenavam pra mim.
- Eu amo vocês! - e entrei, soluçando até não poder mais.

Agora que estava sentada no avião, no conforto da primeira classe (minha host family nem me conhecia e já era tão boa pra mim) , sentia minha cabeça doer um pouco, pois além de ter chorado muito, eu estava bem cansada.
Eu não tinha dormido nada na noite anterior, eu saí com os meus amigos e cheguei em casa às oito da manhã.
Eu PRECISAVA dormir, mas não conseguia.

Todas as outras au pairs estavam na parte de trás do avião, só eu estava na primeira classe, no assento n° 3.
O que me restava fazer era escolher um filme e esperar o jantar.
Acabei escolhendo o Crossroads, com a Britney Spears. Eu já tinha assistido aquele filme umas 50 vezes, mas amava.
Jantei, e depois de muita teimosia dos meus olhos (que não queriam fechar por nada), acabei conseguindo dormir. Acordei com o café da manhã, e faltavam apenas quarenta minutos para a aterrissagem em New York City.

Meu coração acelerou, e finalmente caiu a ficha de que eu estava indo pra longe de todos os meus amigos e dos meus pais, por um ano. Mas eu sabia que essa seria uma experiência única na minha vida, e que muita coisa ainda me aguardava.

Depois do café da manhã, peguei meu "kit sobrevivência" que eu sempre levava na bolsa, e fui ao banheiro, dar um jeitinho na minha cara para que eu não parecesse tão assustadora quando chegasse.

Descemos do avião e tivemos que ir pra fila da imigração. Todos os estrangeiros têm que passar por ali quando estão entrando no país.
Mas foi super tranquilo, a mulherzinha pegou meu passaporte, conferiu todos os formulários que estavam grampeados nele, grampeou um outro papel carimbado e assinado por ela, devolveu meu passaporte e disse que eu podia ir.

Aí eu me juntei às outras meninas e lá fomos nós esperar a van que nos levaria pro hotel onde teríamos nosso treinamento pelos próximos quatro dias.
No caminho não teve tanta falação da nossa parte, pois estávamos todas bem cansadas.
Mas, chegando no hotel, a empolgação voltou. A recepcionista nos deu as chaves dos nossos quartos, subimos, deixamos nossas coisas e depois fomos explorar a área, já que aquele seria nosso primeiro e ÚNICO dia totalmente livre.

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