What Was Stolen From Us

Isso se chama jantar entre amigos

"O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim.
Meu amor está cansado, surrado, ele quer me deixar para renascer depois, lindo e puro, em outro canto, mas eu não quero outro canto, eu quero insistir no nosso canto."
Tati Bernardi

Pov's Harvey

Admito que uma parte de mim, estava conformada com o fato de que nunca mais reencontraria com a Donna. Após ela ter ido embora sem me explicar o motivo, perdi a cabeça. Entrei em totalmente desespero, pavor, senti como se algo tivesse sido arrancado de mim a força. Com isso, adentrei em depressão profunda, desencadeando ataques de pânico e ansiedade. Minha única saída foi optar por tratamento psicológico, que perdurou por 2 anos. Hoje em dia consigo lidar com a dor de maneira mais sútil, contando com a ajuda de medicamentos e sessões de terapia, amenizando o vazio que ela deixou para não recorrer a métodos elevados que pudessem em algum momento, tirar a minha vida.

Depois desse "evento" meu pai, Gordon Specter, desejou que eu fizesse vários cursos especializados, para me tornar um empresário corporativo e tomasse a liderança da empresa de nossa família, e assim fiz, o que me custou mais 2 anos para me aperfeiçoar no assunto. Minha mãe apenas concordou, pelo fato de que eu manteria a cabeça ocupada, e consequentemente evitaria que meus ataques de pânico retornassem.

Mas não estive disposto a abandonar meu sonho de escritor. Antes que eu pudesse assumir a liderança da empresa, fiquei fora por 4 anos. Viajei por vários lugares, buscando inspiração, estudando livros de todos os gêneros e consequentemente escrevendo rascunhos até que eu tivesse uma base para desenvolver. Foram muitas aventuras, confesso. Apreciei a cultura de outros povos, conheci pessoas, entre muitas outras coisas. Retornei a San Diego algumas semanas atrás. Mesmo trabalhando na empresa que ocupa maior parte do meu tempo, ainda consigo arranjar tempo para escrever sempre que posso.

Bom, minha vida em si é rodeada pelo mundo dos negócios, nada de fascinante que eu pudesse mencionar, diria que meu dias são completamente monótonos. Agora, sobre minha vida amorosa? Receio em dizer que nunca ousei me envolver emocionalmente com nenhuma mulher depois dela. Apenas sucumbi aos desejos carnais insaciáveis, mantendo relações sexuais casuais e mais nada. Além do mais, se teve uma coisa que aprendi durante esses anos, é que o amor é como duas pessoas em uma gangorra. Quando uma sobe, a outra desce, assim o equilíbrio sempre se fode.

Minha mãe, Lily Specter sempre foi contra essa minha decisão obviamente, inconformada com o fato de que eu tenha me fechado dessa forma para o amor. Seu desejo é que eu busque a felicidade, que eu ame e tenha uma família. Mas eu simplesmente não posso, não consigo ceder. A única mulher ao qual amei verdadeiramente na vida foi Donna, ela me fez sentir algo que nem mesmo outra mulher foi capaz. E só de tentar imaginar um futuro ao qual meu coração não a pertence, é a mais dolorosa e embaçada possível.

No entanto, o destino consegue ser imprevisível, traiçoeiro, implacável. Tão ardiloso que me causa náuseas. Ele simplesmente joga nossos sentimentos sobre um tabuleiro e espera que um de nós consiga ao menos sair ileso, o que na maioria das vezes não acontece. Ambos saem quebrados, destruídos. Foi isso que senti ao encontrá-la após 8 anos.

Felizmente, no momento em que preguei meus olhos sobre aquela mulher, me senti incapaz, dolorido. Impossibilitado de desviar, como se minhas orbes fossem atraídas incansavelmente pela Paulsen, como um maldito imã. Todos os sentimentos sucumbidos a escuridão em que um dia eu senti manifestaram-se, vindo à tona grotescamente. Mas o vazio ainda permanecia, impregnado na minha alma. Um rancor, uma mágoa , tanto ressentimento ainda ressoava.

Quando ela se retira da mesa, me sinto determinado a ir atrás. Eu preciso de respostas, que essa porra tenha algum sentido na minha cabeça, que ela me diga seu motivo desprezível para me abandonar daquela maneira, me deixando na lama, corroído pelo desespero, a angústia. Uma parte de mim deseja desesperadamente que ela tenha a noção da dor que me causou, a aflição ao qual me fez definhar, da sensação de morte que paira sobre meus olhos, minha alma. Que sinta a minha dor.