Quando Achei Elas

XVII

NIARA PITANGUI

   — Mas por que ele faria isso? Com qual intuito? - Arthur olha para mim e dá de ombros.

   — As coisas que ele faz não tem motivo, se ele quiser fazer, ele o fará e não se importa com quem será atingido no caminho.

   — Sinto que há uma coisa grande por vir e estarei ao seu lado para isso. - Morgana põe as mãos nos meus ombros, me fazendo olhar em seus olhos. — Falarei com as fadas, tenho certeza que estarão com você também.

   — Obrigada, Morg. Isso seria maravilhoso, não sabemos com quem estamos lidando e toda ajuda é bem-vinda. - Ela sorri e se afasta. — Precisamos ir para casa.

   Nos despedimos de Morgana e vamos para casa, o caminho é feito em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

   — MAMÃE! - Saio dos meus pensamentos ouvindo Unna me chamar, sorrio para ela e a pego no colo. — Você está bem, né?

   — Estou sim, meu bem. - Passo meu nariz no seu e ela ri. Entramos em casa e vejo Jasmine tricotando no sofá. Se levanta assim que nos vê entrar.

   — Minha filha, você está bem? Vocês estão bem? - Pegunta caminhando até nós.

   — Estamos sim, tirando uns machucados já quase cicatrizados, estou bem. Preciso de um banho. - Coloco Unna no chão e subo para o quarto.

   Eu só queria ter saído para tratar de trabalho, até quando viverei nessa confusão? Até quando aguentarei? Sinto que isso nunca terá um fim.

   Depois da banheira estar cheia, tiro minhas roupas e entro nela, afundando em seguida. Mesmo sabendo que agora consigo respirar embaixo d'água, prendo minha respiração.

   Quando não aguento mais, solto a respiração e volto a respirar. Cansada de estar na água, levanto e ligo o chuveirinho, tirando toda espuma de mim.

    Pego meu roupão e visto, saindo do banheiro e encontrando Arthur sentado na cama de cabeça baixa. Paro na sua frente e o abraço, mas ele não retribui.

   — Desculpa não ter te avisado que iria a empresa, eu errei. - Assumo, sussurrando. — Sei que ficou preocupado com tudo que vem acontecendo e não devia ter feito isso.

   Ele suspira e deita a cabeça na minha barriga, abraçando minha cintura.

   — Está tudo uma confusão, depois que Unna nasceu, parece que tudo piorou e você ficou mais distante. - Diz baixo também, me puxando para sentar de frente no seu colo e olhar em seus olhos.

   — Não queria que isso acontecesse, que se sentisse assim. - Beijo seus lábios com doçura. — Te amo demais para me afastar de você, estou apenas liberando meus poderes.

   — Eu sei, pequena! Não disse que está se afastando, só que sinto que está mais distante. - Passa a mão na minha bochecha, encostando seu nariz no meu. - Eu te amo, com todo meu corpo, coração e alma...

   — .. Com tudo que há em mim. - Completo e sorrimos. — Vamos descansar que amanhã teremos um longo dia de planejamentos.

   Ele concorda e vai tomar banho. Ponho uma calcinha e um macaquinho soltinho e desço as escadas, enrolando uma toalha na cabeça.

   — Breno foi para casa, disse que amanhã viria aqui. Unna foi tomar banho para jantar. - Jasmine diz assim que entro na cozinha. Vou até ela e a abraço.

   — Como você está? - Pergunto. — Obrigada por cuidar da Unna.

   — Estou bem. - Sorri. — E Unna é minha netinha preferida, claro que cuidaria dela.