Quando Achei Elas

XII

- Querida, você precisa se libertar! Niara! Niara? - Pulo da cama, sentindo meu corpo queimar.

- Amor? Está tudo bem? - A voz de Arthur chega aos meus ouvidos de uma maneira diferente, mais alta, mais límpida.

Você precisa se libertar...

Chegou o momento...

Solte o que está preso...

AGORA!

Deixo a escuridão me levar, não ouço, sinto ou vejo nada. Sinto uma sensação diferente chegando, não me assusta, me deixa mais forte e leve.

Não sei o que está acontecendo comigo, mas não quero impedir o que está mudando em mim. Abro os olhos devagar e vejo que estou no quarto da Unna. Ela dorme serenamente, sorrio, parece que foi ontem que a tive, mas já fazem 7 meses.

Ela está tão esperta, já está querendo andar e falar. A porta do quarto se abre e olho para ela, Arthur fica surpreso ao me ver ali e quando vai falar algo, de novo sinto a escuridão tomar conta de mim.

Respire fundo e relaxe o corpo...

Pense na fada da história...

Sinta o poder em suas mãos...

O chorinho de Unna me traz de volta, estávamos na floresta, a lua brilhava fortemente no céu e nossas roupas estavam diferentes. Eu me sentia diferente. Ela estava como uma fada, asas azuis, roupa verde e laranja, no pé um sapatinho marrom e seus olhos uma mistura dessas cores.

Ela é uma fada, a mãe de todas...

A mais forte e poderosa...

Protegem-na, ela é a destinada...

Vocês duas são...

As vozes na minha cabeça não paravam de sussurrar, era assustador e reconfortante ao mesmo tempo. Meu corpo volta a queimar. O que está acontecendo comigo?

Me ajoelho no chão sem forças no corpo e como um passe de mágica, vejo minha filha crescer nos meus braços. Mesmo assustada, não solto ela, continuo abraçando-a.

- Oi, mamãe! - Sua voz chega aos meus ouvidos e meus olhos enchem de lágrimas. Me afasto um pouco e olho seu rostinho, tão lindinha.

- Oi, meu bebê. - Encho seu rosto de beijo, e ela ri.