Contaminado pelo Aonung

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Era de manhã e nos preparávamos para o dia com um lanche da manhã.
Enquanto comia uma fruta, tentava fazer Lo'ak entender o possível motivo do Aonung ter sido tão descarado ontem.

-Porra Lo'ak, eu já te disse, provavelmente ele não sabia que era algo íntimo! -disse com raiva, por conta do tempo que ele perdia irritado e reclamando disso.
- Olha a boca, Neteyam, sua irmã está aqui. - minha mãe me alertou. Abaixo as orelhas murmurando um "desculpa", Lo'ak de pronuncia de novo.

- Eu não ligo pro que aquele peixe falante sabe ou não, eu vou mostrar pra ele algo legal de se fazer com minha mão fechada! -Ele encenou um mini soco no ar- eu não entendo como está tão tranquilo com isso, até parece que gostou do que ele fez! -e graças a Eywa meu pai interviu

- Lo'ak já chega disso! Se eu souber que se envolveu em alguma briga, ainda mais com o filho do chefe, eu mesmo que te mostrarei o que se faz com uma não fechada! -a voz séria e grossa do meu pai tomou o ambiente e o fez sentar-se e se calar.

Meu pai nunca daria um soco dele, no máximo um tapa e claro, escondido da mãe. As vezes ele demonstra ter medo dela, é até engraçado.

Mas convenhamos, Lo'ak não estava completamente errado.
Gostei de sentir aquele toque, me julgo por isso, provavelmente o pai me julgaria também.
Depois dessa acho que ele vai começar a reparar mais no meu jeito perto dos machos. E se ele realmente parar para reparar, ele não vai gostar de me ver envergonhado com uma simples aproximação.

Provavelmente me baniria de falar com Aonung, mas acho que ele viu que não tem muito o que fazer nessa situação.

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Eu e meus irmãos caminhamos pelo chão elástico da vila até a areia da praia onde chegamos de viagem.
Tuk veio pulando pelas redes até aqui e me convidou para pular junto com ela, agradeci mentalmente por aquilo, já que era o que eu queria ter feito assim que pisei naquele chão elástico.

E lá estavam eles, vistos de longe.
A fêmea que meu irmão secou ontem, o macho que me tocou ontem e um outro macho que, por enquanto, não conhecemos, mas também o vimos ontem.

Aonung ficou me olhando lá de longe até chegarmos mais perto. Ao mesmo tempo que que eu senti um desconforto, me confortou saber que talvez eu tenha uma chance com algum na'vi, pelo menos uma vez na vida tenho chances se ser "rebelde" e me relacionar com alguém, mesmo que tenha que ser completamente escondido.

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(Eles já se conheceram e aprenderam a respirar, no mesmo dia, e agora estão aprendendo a andar de ilu)

Já estava entardecendo.
Tuk estava socializando com os ilus, Tsireya estava →tentando← ensinar Lo'ak a posição certa para montar em um ilu, Rotxo, o macho que conhecemos hoje, estava ensinando/contemplado kiri a montar no seu ilu e Aonung ia ser responsável a me ensinar a andar de ilu.

Confesso que estava nervoso com isso, nem sabia se era um nervosismo bom ou ruim.
Devia ser os dois.

- Eai trepador de árvore, vamos ver se vc leva jeito nisso. Pra viver aqui, tem que aprender a montar.

Não tinha nenhum problema na frase que ele me disse, nenhum mesmo. O único problema era o quanto que ele se aproximava de mim enquanto falava.
Devia estar umas 3 palmas do meu rosto, isso era o que me deixava extremamente nervoso.

Ele saiu de perto de mim, acho que estava só tentando me afrontar, e foi ao lado do ilu

- Você deve por o pé esquerdo aqui - ele apoia o pé na barbatana do ilu - daí você [...]

Eu juro que estava tentando prestar atenção, mas o brilho do sol no corpo lindo dele não estava me ajudando nenhum pouco.
O corpo dele era definido, mas nem tanto, e seus cabelos que antes estavam presos em um coque, agora estavam soltos em seus ombros.

Só volto a realidade quando o mesmo vem até mim, já havia descido do ilu.

- Faz igual agora.

E lá fui eu, nervoso por estar fazendo algo que eu nem sequer prestei atenção. Tentei seguir o primeiro passo, era o único que eu me lembrava.
Coloquei o pé na barbatana, segurei no pescoço do bicho e tentei me jogar por cima. O problema é que ilus são escorregadios e eu não sabia disso. Resultando em um Neteyam subindo no ilu pelo lado esquerdo dele e caindo pelo lado direito.

- Tava prestando atenção na minha explicação ou no meu corpo? Te falei como era pra fazer! - disse em um tom provocador porém com raiva por já ter me explicado.

Eu não sabia o que responder, minhas orelhas oscilam e meu rosto está, com certeza, corado de tão quente.

- põem o pé aqui- ele posicionou a mão em um ponto da barbatana do animal, e eu o obedeci- agora segura na corda- com base no que ele me falava eu ia obedecendo- agora põem o pé na outra barbatana no mesmo lugar.

Ele parou, deu dois passos para trás e me olhou se cima a baixo.

Isso sim que é um momento desconfortável

Ele se aproximou colocando as mãos no ilu - então, agora tem que arrumar sua posição pra você não cair que nem seu irmão - aponta para Lo'ak, que coincidentemente cai na mesma hora que ele aponta.
Rimos junto pela coincidência.

Mas tudo que é bom, ou melhor dizer, tudo que é confortável dura pouco.

- você tem que ficar mais inclinado, bota a bunda pra trás- ele puxa minha cintura para trás- e deixa o peitoral perto das costas dele- ele empurra minhas costas para baixo, me fazendo assim ficar na posição certa. Ele desce a mão na minha coxa me olhando bem fundo nos olhos- agora faz a ligação bem calmo e tenta ir devagar.- tira a mão de mim arrastando até o fim da minha coxa, não podia estar mais envergonhado.

Puta merda em, esse na'vi gosta de tocar os outros. E tinha que ser bem onde me dá tesão?
Assim, eu acho que não tinha tanta necessidade, não que eu esteja reclamando.

Tentei parecer não atingido com tal ato dele e me conectei calmamente com o animal.

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- Odiei andar de ilu, é insuportável! - Lo'ak afirmava com indignação na mesa, enquanto jantávamos em família.

- Será que isso é por você não ter conseguido nadar com eles sem cair? - alguém tinha que jogar a verdade na cara dele, e esse alguém tinha, obviamente, que ser eu.

- Ah cala boca! Pra vocês com certeza foi fácil, não tinha nenhuma na'vi bonita pra te distrair!

Hum, se ele soubesse

Dou de ombros fazendo uma cara debochada.

- Isso significa que Lo'ak já está de olho em alguém? - perguntou meu pai em tom brincalhão e Kiri continuo

- É pai, ele tá apaixonado já.

- Cuidem da vida de vocês, fazendo favor? - pediu Lo'ak, envergonhado.

Meu pai estava claramente se divertindo com aquilo, pelo sorriso em seu rosto

- E você Neteyam? - abaixo as orelhas, já sabendo o que viria - já achou alguma na'vi interessante?

- Sabe que eu não ligo pra essas coisas, pai.- isso era algo que eu sempre dizia quando o mesmo tocava nesse assunto.

- Ah vamos, todos os machos na sua idade tem alguma fêmea para admirar.

- Ma'Jake, deixe seu filho em paz- minha mãe o repreende.

- Tudo bem, tudo bem. Só queria que ele vivesse um pouco sua adolescência.

- É mano, se quiser eu tendo descolar uma fêmea pra vc. - Lo'ak dá sua ideia, mas arregalo os olhos inevitavelmente.

- Eu não preciso disso gente, minha Eywa.

- Ah vamos,...- Lo'ak começou a insistir, mas minha mãe os interrompeu.

- Mas que coisa! O deixem quieto, se ele não quer, não insistam.

Sorio para minha mãe como agradecimento, voltando a comer meu peixe em paz.

Espero que Lo'ak não tenha visto o jeito que Aonung me tocou hoje mais cedo. Acho que ele não viu não, se não, teria descido o cacete nele.

Estou ansioso para o dia de amanhã, poderia dizer que era com os novos aprendizados sobre o povo do recife, mas na verdade só queria ver Aonung de novo.

O Que É Um "Espaço Pessoal"? [CANCELADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora