Recuperada

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O medo de não saber o que está acontecendo em casa, com minha mãe e principalmente com ela tem me assombrado. Mesmo com os exercícios de meditação e respiração a insônia tem acabado comigo. Desde que comecei esse retiro que nomeie como espiritual, sinto a melhora em meu corpo a cada dia, as dores de cabeça, falta de ar e principalmente coração disparado não tive mais.

Recebo enfim a visita do médico que me acompanhou, ele me pede que coloque uma roupa confortável e assim  faremos alguns testes para ver como anda meu desempenho. Faço tudo que ele pede, desde pulos, agachamentos e ate mesmo andar na esteira para identificar como meu coração reage a estímulos mais longos. A cada exercício que faço mentalizo a meditação e o mantra que criei para me acalmar nos momentos que mais preciso, faço teste do Covid para identificar se estou doente e sem sintomas.

Ele me pergunta sobre minha alimentação e mostro a ele que tenho me sentido muito bem e não tive mais nenhum mal estar como antes. Sinto que me reequilibrei, ele me olha e finalmente compara os resultados iniciais dos meus exames com os de agora, sinto um alívio ao ver a sua expressão calma e serena. Sou liberada, finalmente estou bem! Ele coloca em seu laudo as considerações finais e me diz para que não deixe de continuar a fazer o que tenho feito até aqui por isso a melhora fosse tão progressiva como agora.

No período em que acompanhava minha mãe no hospital, pude ver o quanto a determinação, pensamento positivo e principalmente a fé é o que mantinham todos de pé. Não só os pacientes, os  familiares e os acompanhantes assim como toda equipe médica, afinal todos são seres humanos e em algum momento da vida nos questionamos  porque passamos pelas situações. Tudo foi tão rápido na minha vida que não tive muito tempo para processar as coisas, agora imersa é que entendi meu propósito.

Dedico minha vida sempre as pessoas que mais amo, e será que eu não me amo? Porque ser negligente com meu corpo e não me amar? Já entendi da pior maneira que não sou a mulher maravilha, sabia que não dava conta de tudo e mesmo assim insisti. Provar para você que pode se superar, não é passar por cima de seu limite, precisava do limite e ninguém me deu. Minha mãe, meu melhor amigo, meu assessor, minha família e minha esposa, ninguém percebeu, acho que a única que entendeu um pouco foi a Nete.

Se não parasse agora, estaria em uma cama de hospital deitada, fragilizada, estava em um ponto de não sentir mais meus movimentos, parei de dançar devido a isso. Meu corpo inteiro tremia, não tinha controle dos movimentos, como poderia continuar? A falta de ar como se tivesse a qualquer momento um ataque do coração piorava enquanto permanecia dançando. Poucos sabem mais eu contava os segundos para encerrar a música e sair do palco, quase desmaiei um dia e só não aconteceu porque fui amparada por ele, que já tinha me dito que  meu caminho não é mais esse. 

Teimosa, continue não dando ouvidos, o medo de enfrentar e encarar o medo do novo, me fez ter medo de morrer, era essa a sensação a cada vez que permanecia no palco dançando, no início pensei ser uma fraqueza dos músculos por isso fui para academia, pensei na alimentação e mudei meus hábitos, só que não passava. Os sintomas que antes surgiam apenas quando estava no palco passaram a ser presentes no meu dia a dia, durante o banho passei cinco minutos sem conseguir me levantar, não tinha firmeza nas pernas. 

Foi acompanhando a minha mãe em uma das consultas que o médico apenas me olhou e me passou uma guia de exames, eu não hora não entendi, não me queixei de nada com ele e muito menos havia pago a consulta com ele. Ali entendi que era um sinal, não estava mais conseguindo esconder, ele havia visto em um dos momentos a tremedeira que estava em uma das minha mãos, se ele havia entendido que não estava nervosa, era para fazer os exames. Passei dias com a guia na bolsa e só fiz depois que minha esposa passou a manhã inteira me cobrando de ir ao médico. Escondia da minha mãe qualquer sintoma e da Lud também, são as pessoas mais importantes da minha vida e possuem problemas demais para se preocuparem comigo.

Brumilla- Nosso destino, é que me faz bem !  2 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora