CAPÍTULO 01

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Tudo aconteceu tão de repente quando o início de uma tempestade.

Uma hora ele estava alto, quase tocando as nuvens, quase alcançando o pomo de ouro e então um flash de luz e ele caiu. Meus pais e eu assistíamos o jogo de uma distância considerável, e quando eu percebi quem estava caindo tão rápido quanto um raio eu corri, corri de forma tão desesperada como nunca corri antes.

Perto de chegar no campo, seu corpo se chocou contra o chão e todos da arquibancada ainda pareciam em choque apenas olhando e cochichando apavorados, o baque alto e brusco do corpo frágil contra o chão me fez ter calafrios. Quando ele não se mexeu meu coração quase parou e minhas pernas correram mais do que corriam antes.

Chegando perto do corpo eu me joguei de joelhos e escorreguei até o mesmo, senti minha calça rasgar e meus joelhos ralarem de forma lancinante, quando eu vi o rosto coberto de sangue, o ombro retorcido, as roupas manchadas de barro e sangue, as pernas tortas e desajeitadas; eu não conseguia tocá-lo.

Seu corpo parecia tão frágil, o sangue escuro escorrendo de seus lábios, nariz, ouvidos e de algum lugar de sua cabeça, o ar que quase não entrava em seus pulmões e seu coração que parecia bater cada vez mais fraco e baixo.

De repente ouvi a voz de meus pais ao meu redor.

— Filho, deixe-me vê-lo. — Meu pai pedia tentando transparecer calma.

— Não toque nele, não encoste nele. Ele está muito machucado para tocarem nele de qualquer forma. — Eu falei sentindo o ar falhar em meus pulmões.

— Filho, eu posso ajudá-lo.

— Não! Chame madame Pomfrey. — Eu gritei, podia ouvir as pessoas passarem ao nosso lado cochichando e soluçando.

Não demorou nem mesmo dez segundos e a mulher aparatou exatamente ao meu lado. E da mesma forma que eu, ela levava suas mãos com calma até bem perto do rosto dele e logo puxava-lhes com rapidez com medo de tocá-lo, seus lábios tremiam juntamente com suas mãos, seus olhos transitavam por todo o pequeno e frágil corpo.

A mulher puxou sua varinha e fez alguns feitiços para ver os sinais vitais do corpo jogado ao chão. Sua feição não estava muito contente, tudo parecia estar errado pelo olhar dela, e então ela falou:

— Levem-no para a ala hospitalar. Agora! — Quando meu pai e eu fizemos a menção de tocar em seu corpo a mulher gritou alarmada. — Usem suas varinhas, não toquem nele.

Meu pai e eu puxamos nossas varinhas sobre o olhar de todos e fizemos o garoto flutuar, bem a nossa frente Dumbledore fazia com que os alunos se afastassem e fossem se arrumar para o jantar no grande salão. Nós caminhamos devagar e com muito cuidado, eu não conseguia tirar os olhos dele, eu podia ver a vida se esvaindo de seu corpo.

Caminhando pelos corredores da escola eu podia ouvir minha mãe fungar, não sabia o motivo, eu só sabia que ela estava chorando. Ver Narcisa Malfoy chorar por um criado trouxa, não é muito comum, assim como toda a preocupação no rosto de Lucio Malfoy por um criado trouxa.

Ao chegarmos na ala hospitalar a porta dupla foi escancarada por madame Pomfrey, ela puxou até o meio do quarto uma maca onde nós deitamos ele com todo cuidado com que a madame pedia frequentemente.

— Senhor Malfoy, eu preciso que todos saiam daqui para que eu faça os feitiços necessários. — A mulher falou calma.

— Não mesmo, eu não vou deixa-lo sozinho de novo. Eu vou estar aqui quando ele acordar! — Eu exclamei sério.

— Sr. Malfoy, assim que eu acabar os procedimentos irei te chamar e explicar tudo para todos.

Antes que eu pudesse me opor meu pai me segurou e me puxou para fora da sala enquanto eu me debatia em seus braços. Eu não posso deixa-lo, da última vez em que o deixei ele acabou caindo de quase quinze metros de altura no meio do jogo de quadribol.

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