Eu não sabia se pedia para tudo ser uma brincadeira de mau gosto ou se agradecia aos céus, só Merlin sabe quantas vezes eu sonhei com a volta dele, sonhei com ele dizendo que se lembrava da gente. Mas já sabia que isso era quase impossível, ele só se lembraria se realmente me amasse.
Com um feitiço eu trouxe de volta a xícara e peguei o sache de chá de camomila e o açúcar, coloquei tudo dentro da xícara e então eu preenchi com a água quente. Eu peguei a xícara e me dirigi para o meu escritório, passando por uma das janelas pude ver que o céu estava caindo realmente, não passava de uns dois graus lá fora, qualquer louco que decidisse andar por ai pegaria uma hipotermia com facilidade.
No início da escada eu ouvi alguém bater em minha porta, mas o som estava tão abafado pela chuva que eu achei ser imaginação minha, de novo bateram na porta, mas dessa vez com mais agressividade. Eu pousei a xícara no pilar da escada e andei até a porta, eu olhei pelo olho mágico e não vi nada além de cabelos molhados.
Ao abrir a porta dei de cara com um corpo pequeno e tremulo, totalmente molhado pela chuva, e se o vento que acabara de bater um mim me fez tremer, o que não estava fazendo com ele?
— Eu posso te ajudar em alguma coisa? — Minha voz saiu baixa.
— Dray? — A voz tremula me tirou o chão.
— Harry? O que você está fazendo aqui? — Eu perguntei preocupado puxando-o para dentro e fechando a porta.
— Que saudade de você Dray. — O menor me abraçou e escondeu o rosto em meu peito. — Você me deixou, você e Mione me fizeram esquecer e eu esqueci... — Ele soluçava em meu peito enquanto eu o puxava para o armário de toalhas. Eu as deixava ali para um momento como aquele.
— Era o melhor a ser feito anjo, eu não estou à sua altura. — Eu o enrolei na toalha e o abracei.
— Eu não me importava, eu te amo Dray. Vocês trapacearam, não me deram opção de escolha e eu fiquei com Cedric. — Harry agora desferia tapas leves em meu peito. — Eu não queria ele, queria você, sempre foi você!
— Como você pode me escolher? — Eu perguntei olhando para os cabelos molhados do menino, aquilo estava me pesando, como poderia ser eu depois de tudo?
— Dray, eu não posso te explicar como me sinto, mas sempre foi você. Sempre foi você quem acelerou meu coração, sempre foi o seu sorriso que me acalmou, mesmo que ele só tenha sido direcionado para mim na noite em que eu te esqueci; sempre foi o seu perfume que me fez sonhar acordado, a sua voz que me arrepiava. — Harry tremia e soluçava em meus braços, mas ele ainda tentava me olhar.
— Como você é bobo leãozinho, eu não deveria te causar isso... — Eu sorri dolorido e beijei a testa do menor. — Vamos subir, vou chamar Mione e ela fará o feitiço de novo.
— Não mesmo! — Harry se afastou de mim em um pulo de agarrou a toalha quase duas vezes maior que ele. — Se você não sente o mesmo por mim diga na minha cara, não fique me fazendo te esquecer, me deixe escolher. É a minha vida, são as minhas memórias Draco, você não pode decidir o que fazer delas.
— Está bem, se acalme Harry, eu não vou chamar a Mione. — Eu ergui as mãos em sinal de rendição e continuei. — Mas você tem que se lembrar de Cedric, vocês tinham uma vida juntos, você não pode abandonar ele de repente...
— Eu me lembrei de você há duas semanas, e há duas semanas eu converso com o Cedric sobre nós. Não existe mais nós Dray, ele está com a Cho e eu vim atrás de você! — O garoto secou as bochechas com a toalha, aquela frase havia me chocado, ele realmente queria recomeçar comigo? — Me desculpe ter aparecido aqui, eu não deveria ter vindo.
Harry falou triste e puxou a toalha dos ombros me estendendo, sua cabeça estava baixa e seu corpo tremia de forma intensa, e a pontinha de seu nariz estava avermelhada pelo choro.
— A onde você pensa que vai debaixo dessa chuva? — Perguntei quando ele pendurou a toalha perto da porta e estava seguindo para a porta. — Você está ensopado e lá fora não passa de uns dois graus, você vai ficar aqui!
— Não Malfoy, eu não vou. Eu não posso ficar aqui... — Ele falou de costas para mim.
— Eu não poderia deixar o meu garoto sair nessa chuva, poderia?! — Eu perguntei sorrindo e vi ele virar para mim com um meio sorriso, e então ele caminhou até mim e se jogou em meus ombros. — Vamos subir...
Nós nos separamos e eu passei a puxar ele para o segundo andar da casa, eu podia ouvir os pequenos pulinhos que ele dava atrás de mim, ato o qual ele fazia em hogwarts quando estava animado. Quando entramos no quarto, eu o levei até o banheiro e o deixei sozinho para tomar um banho quente, em meu guarda-roupa, eu separei uma muda de roupas quentes para ele e deixei sobre a cama.
— Eu vou te esperar na cozinha com um chá... — Eu gritei e sai.
Já na cozinha eu fiz mais duas xicaras de chá de camomila, e coloquei em uma bandeja esperando o garoto descer, pela demora eu separei algumas bolachas para comermos com o chá por estar tarde. Vinte minutos depois, a demora já me corroía então eu peguei a bandeja e passei a subir as escadas cantarolando baixo por ter meu menino em casa.
A maior dificuldade foi abrir a porta do quarto, ao entrar e pousar a bandeja na cômoda eu vi o pequeno corpo deitado na cama enrolado na coberta grossa e agarrado ao travesseiro grosso. Eu pude sentir o sorriso sambar em meus lábios por ver o pequeno bolinho em minha cama, eu caminhei até o guarda-roupa e tirei de lá meu pijama, o banho foi rápido, pois a vontade de deitar com ele era enorme.
Dez minutos depois eu estava deitado na cama ao lado dele, eu queria tanto abraçar ele, ter ele pertinho de mim, mas eu não queria acordá-lo ou fazer algo que ele não goste. Não vale a pena magoá-lo agora, não vale a pena irritá-lo por algo que eu não deveria ter feito.
— Pode me abraçar Dray...
Harry sussurrou seu consentimento e eu sorri de novo, o puxei para o meu peito suspirando aliviado por ter ele aqui, tê-lo bem aqui colado em mim, me abraçando e desejando um baixo "boa noite", e por todos esses anos, eu nunca me toquei que era apenas disso que eu precisava.
Que era apenas dele que meu corpo precisava, tudo nele me acalmava e agora eu seria o verdadeiro poço da calmaria com ele ao meu lado.
Agora eu poderia planejar um futuro e deixar de viver dias monótonos e de esperar o momento no qual alguém apareceria em minha frente procurando vingança; agora eu estaria feliz sempre que fosse voltar para casa depois do expediente, eu poderia esperar pelo momento em que um dia horrível, ficaria ótimo apenas com o sorriso dele e não que ele ficasse pior assim que eu viesse para casa.
Agora, nesse exato momento, tudo começou a fazer sentido e tudo se tornou possível. Minha família feliz e meus sorrisos nos finais da noite.
Tudo com o meu Harry era possível, agora, eu tinha o mundo de possibilidades em meus braços e não poderia estar mais feliz por isso. E nessa noite, eu tinha certeza que seria a minha melhor noite de sono em anos, pois agora, ele estava aqui!
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Obliviate
FanfictionUma decisão errada pode mudar tudo, e talvez, ela não possa ser desfeita. (CURTA)