CAPÍTULO 02

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   Caminhei atrás de meus pais em silencio ouvindo apenas os soluços de minha mãe, e o cochicho de alguns alunos que estavam passando pelo corredor. Quando paramos estávamos em frente ao quadro de sonserina.

   — Vá descansar filho, nós iremos para casa, mas se você precisar de algo é só mandar uma coruja e chegaremos o mais rápido possível aqui. — Meu pai falou calmo e sorriu melancólico para mim.

   Eu não falei nada, apenas assenti e falei a senha, o quadro se abriu com calma e Pansy entrou.

   — Você ficará bem querido? — Minha mãe perguntou mais calma.

   — Eu só terei que ficar longe de quem eu amo, claro que ficarei bem. — Usei todo o sarcasmo que meu corpo podia me proporcionar nesse momento. — Eu causei aquilo, foi minha culpa, então ficar longe dele vai ser o melhor.

   — Draco, eu posso voltar lá e conversar com eles...

   — Pai esqueça isso, eles estão certos. Só por se declarar toda essa merda aconteceu com ele, o que eles não poderia fazer com ele sozinho na ala hospitalar? — Eu suspirei e olhei meu pai. — Deixe tudo como está, eles sabem o que fazem!

   Foi à última coisa que eu falei; depois disso eu entrei para a comunal e encontrei Pansy conversando com algumas garotas, elas pareciam falar do acidente de Harry. Eu não me dei o trabalho de parar para conversar com ninguém, apenas caminhei para os dormitórios, para o meu dormitório.

   Eu precisava dormir, e não ficara rodando a cena de Potter caindo de quinze malditos metros, a cena do seu corpo banhado em sangue e barro, dos ossos deslocados e quebrados, muito menos da voz dos gêmeos ecoando em minha cabeça falando que era culpa minha.

   As escadas pareciam infinitas, elas não acabavam e as lembranças já estavam machucando. Quando as escadas finalmente acabaram, eu corri para o meu dormitório, não me importo se eu divido o quarto com outros cinco garotos, eu quero apenas deitar e chorar até dormir.

   Minha cama parecia tão macia quando eu me joguei contra ela. Os lençóis e o cobertor de algodão na cor preta me reconfortaram, mas não foi o suficiente, não para evitar que as lágrimas viessem.

   Eu não sei quando dormi, só lembro-me de tentar não soluçar ou puxar o ar alto demais para não chamar atenção.

   Quando acordei estava no campo do quadribol, o jogo estava acontecendo de novo, mas dessa vez eu usava uma camiseta verde escrita "Potter", eu gritava em empolgação por ver meu menino jogando todo alegre. Às vezes ele olhava para mim e sorria, ele até mesmo acenava.

   O sorriso não escapava de meus lábios, ver ele bem e voando de novo era ótimo. Ver que estamos juntos era melhor ainda, mas de repente, tudo tremeu, o flash veio, e eu pude ver ele caindo em câmera lenta. Meu peito voltou a doer e eu corri em sua direção quando seu corpo chegou ao chão novamente.

  Ao chegar lá pude notar que ele ainda estava consciente, ele tossia e me olhava com dor.

   — Isso é culpa sua. Sempre foi... — Ele falou cuspindo sangue e sujando seus dentes branquinhos.

   — Harry, não fale amor, não se esforce. — Eu falei chorando e colocando sua cabeça em minhas coxas.

   — Não fique perto de mim seu sonserino imundo, isso só aconteceu comigo por sua culpa. Vá embora e me deixe em paz. — Harry tossiu sangue e Molly apareceu do nosso lado, a mulher puxou Harry de meu colo e saiu de perto, me deixando lá.

   — Viva, Draco matou o santo Potter, estamos livres daquele nada. — Eu agora estava na comunal de sonseria, um garoto gritou isso e os sonserinos ergueram os copos brindando. Pansy estava lá, mas não estava comemorando, ela parecia decepcionada.

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