capítulo único

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Era dia de noturna

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Era dia de noturna. Mais do que isso, era dia de noturna sem Alexandre. Por um lado, meu corpo agradecia aos céus por isso. Por outro lado, eu poderia sentir todos os músculos do meu corpo se contorcendo e sendo invadido pela raiva quando lembro que ele está do outro lado da cidade, com a esposa e os amigos que acreditam na vida de família perfeita que eles tentam sustentar.

A situação toda ficava ainda difícil quando eu precisava sustentar um papel que odiava pras outras pessoas: a de amiga do Nero. A amiga da família. Indira se aproximou de mim e enquanto esperávamos pra gravar uma das cenas em Vila Isabel, e me afundou ainda mais nos pensamentos que eu estava. Ela me mostrou o celular, em uma publicação do instagram.

"Eu não aguento o Alexandre", ela ria, e eu já tinha entendido o que estava por vir. "Olha essa foto".

Ela virou o celular pra mim e mostrou uma publicação em que Nero estava sentado assistindo ao jogo, com uma camisa do Brasil. O calor do meu corpo era só uma resposta à vê-lo daquela forma. Ao mesmo tempo, senti uma pontada de inveja, afinal, não era eu quem estava lá com ele.

"É a cara dele isso mesmo", eu ri, disfarçando, mas não deixava de ser verdade. Já assistimos há alguns jogos juntos e é sempre engraçado, Nero tem mania de achar que é o maior entendedor de futebol do planeta.

Mas quando Indira rola as próximas publicações do Instagram, não é ele quem aparece, mas é mencionado. Lá estava a esposa dele, exibindo pro mundo a realidade que eles tentavam manter, "Ganhei uma flor dele", ela dizia, numa publicação com uma flor amarela gigantesca.

— Ah, essa é a esposa dele?

Indira questionou, enquanto eu lutava contra a vontade de revirar os olhos.

— Eu nunca a vi por aqui. Karen, certo?

Eu sei que não havia maldade na pergunta. Quem poderia culpá-la? Apesar dos boatos, eu e Alexandre sustentávamos esse papel de bons amigos.

— É, é sim...

Eu não sei o que responder. Eu deveria dizer que gostaria que não fosse? Será que eu poderia dizer isso?

— Ela não vem mesmo, quase não vejo os dois juntos também.

"Giovanna, chegou sua vez!" - fui retirada daquela conversa graças ao início da gravação da cena entre Helô e Brisa, no bar do Joel. E agradeci aos céus por isso.

Eu e Lucy gravamos a cena duas vezes e já era quase dez da noite. Sinto a raiva tomar conta do meu corpo quando não vejo nenhuma mensagem dele, e me sinto estúpida por querer vê-lo mais uma vez. Penso que talvez seja só ciúme, inveja ou insegurança, ou todas essas coisas juntas. E me odeio por sentir cada uma delas.

Então, tento ligar. Sem sucesso. Ligo mais uma vez e quase não consigo ouvir a voz dele quando a chamada é atendida.

— Onde você tá, Alexandre?

jealous game (gn)Onde histórias criam vida. Descubra agora