Capítulo V - Pisces

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— É difícil de tentar se aproximar dela, eu tentei, juro! Em um dia era uma pessoa que eu conhecia faz anos, no outro ela mal falava comigo. — James proclamava para a sua parceira temporária, que fazia mais uma vez o papel de ouvinte fiel. — E olha que eu não sumi.

— Não consigo me irritar com ela por isso, até compreendo. — a ruiva comenta de forma relaxada, preferindo se focar no objetivo, mas ainda assim curiosa com o passado dos seus companheiros. — Até certo ponto, claro.

Após o caminho das duas duplas divergir, Emma e James caminharam pela instalação por quase tanto tempo quanto a outra dupla. Alcançando o setor de segurança, ambos se depararam com uma sala repleta de computadores, o que identificaram como sendo um escritório. Cubículos com quatro mesas cada preenchiam o ambiente. Algumas decorações simples identificavam a estação de trabalho de cada funcionário, assim como uma plaqueta com seus nomes

A arquitetura moderna da sala era visível em seu minimalismo, seu teto extremamente alto e o uso de concreto. A verticalidade do local fez com que os dois sentissem um pouco da pressão dos ambientes de antes passar, mesmo que inconscientemente. As paredes de concreto estavam pintadas de branco, com as divisórias dos cubículos marcadas por uma cor bege.

Mais importante, as mesas não quebradas apoiavam máquinas que ambos mal viam no seu dia a dia: computadores. Mesmo James, que vez ou outra mexia com tecnologia, não havia visto um computador que parecia tão avançado. O garoto se aproximou admirando, pensando nas especificações e nas inovações tanto de software quanto de hardware. Essa cena fez o nerd interior dele gritar com força, revitalizado depois de tanto tempo.

— Você consegue mexer nisso? — Emma solta, dando pequenos toques na tela desligada.

— Eu posso? — os olhos do garoto brilhavam enquanto ele pede uma permissão desnecessária, fazendo com que sua parceira desse de ombros, levemente confusa pela pergunta. — Eu posso.

Em um piscar de olhos James começa a sondar a região por um computador que ligasse, tendo seu coração partido sempre que o apertar de botões não vinha com uma resposta satisfatória. Sabia que a energia funcionava e que alguns aparelhos obviamente não iriam funcionar, tanto por estarem queimados ou jogados no chão, destruídos. Apesar de ver suas chances diminuindo a cada momento, sua esperança se manteve e foi recompensada.

Um computador ligou.

Para Emma foi um alívio, talvez isso pudesse auxiliar na tarefa. Para James foi uma vitória, uma prova de que ele era merecedor de usar aquela tecnologia, pelo menos um pouco.

— FUNCIONOU! — grita orgulhoso, suas mãos jogadas para o ar em alegria. — Eu não acredito, funcionou! Funcionou Emma!

— Ótimo.

A resposta não intencionalmente seca da moça fez com que o rapaz se sentisse levemente envergonhado, se tornando altamente consciente de sua reação. Ele cruza os braços e faz uma expressão mais séria, porém ainda não conseguindo conter um sorriso. Soltando silenciosas exclamações de sucesso, o mesmo se senta na cadeira e faz alguns pequenos ajustes, movendo o teclado para perto de si e limpando brevemente o mouse. A tela ligada mudava de cor algumas vezes, mostrando textos ou barras que carregavam rapidamente.

A animação de James parecia crescer exponencialmente, ocasionalmente soltando comentários para ele mesmo, como: "Jesus amado, por que carrega tão rápido?" ou então "Qual deve ser o processador disso?". A sua parceira apenas ignora as falas, certa de que ele eventualmente iria parar quando notasse que estava falando sozinho. E quando ele parecia estar se perdendo mais e mais em sua mais nova fixação, ela decidiu interromper.

EX//MACHINA: ExórdioOnde histórias criam vida. Descubra agora