Capítulo IV - Pro fogo

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— Ninguém mais estranhou? Você sumiu por um bom tempo.

Peter pergunta para a garota ao seu lado, que prossegue o que estava fazendo enquanto pensa em sua resposta. Ele estava apenas apoiado na parede de concreto, apontando uma lanterna na direção das mãos da sua companheira. Por sua vez, ela não estava dando completa atenção para a conversa, tentando se concentrar em ver o que estava fazendo durante aquela noite mal iluminada.

— Estranharam, mas a Laura não perguntou muito, acho que ela não liga.

— Ah... então tá?

— E a sua orelha? — aponta com a cabeça para a parte mencionada. — Hoje mais cedo você estava andando cobrindo ela, mas agora ela está normal.

Ela tinha razão, a orelha estava machucada horas atrás. Tão machucada que ficaria para sempre com aquela deformidade, se não fosse por mais uma de suas características inexplicáveis. Em alguns minutos o ferimento já estava fechado, em uma hora já havia pele cobrindo a ferida, como se tivesse cicatrizado. Ele não contou quanto tempo depois, mas agora é como se aquela bala nunca tivesse atingido ele. Aquilo rapidamente havia se tornado mais um ponto de discussão com Vega, que estava quieto demais.

— Eu... eu me machuquei. Nada demais, sério.

Emma demora para dar qualquer sinal de resposta, considerando que havia algo estranho, mas preferiu deixar passar.

— Certo. Você pode me ajudar agora?

Respondendo com atitudes, o rapaz se ajoelha ao lado dela e a auxilia como pode nos fios. Por vezes apenas os segurando, por outras os conectando quando lhe é pedido. Em geral, foi inútil, mas não poderiam dizer que ele não fez nada.

Assim que a garota termina de conectar o último cabo, ela pede para que Peter ligue a energia, fazendo com que ela volte a funcionar. Uma grande porta começa a se esforçar para abrir, com o motor responsável por sua abertura soltando um som audível por toda a parte. Ligando sua lanterna, Emma revela com a luz a passagem a qual entrariam: uma velha planta de preparação de carvão. O lado exterior era marcado com diversos silos que armazenavam o minério em questão, ligados ao edifício por meio de esteiras extensas.

O local inteiro já estava abandonado faz muito tempo, bem antes da queda de Ark. A flora crescida indicava que aquela parte da região já estava sendo tomada pela natureza. O cimento que estava compondo a maior parte da fundação já estava com uma entonação amarelada, mostrando seu desgaste, semelhante à ferrugem espalhada por todas as partes metálicas.

— Ótimo! Conseguiu, agora cadê os outros? — Peter pergunta ao observar os frutos do trabalho da outra, curioso sobre onde o tal do James e a garota de antes estavam.

— Aqui! — uma voz desconhecida o surpreende em resposta, ouvida logo atrás dele. — Eu não acredito que é você. É a porra do campeão de Ark! Onde você 'teve por esse tempo todo, cara?

Antes que pudesse responder, Amy passa ao lado do grupo em silêncio, se comunicando apenas com um olhar frio que deu para o rapaz ao mesmo tempo em que James fez sua pergunta. Desviando o olhar e se perdendo um pouco, ele decide por impulso ser direto.

— Eu não sei. — Emma e o garoto que havia acabado de chegar se surpreendem com a resposta. — Eu não lembro de nada.

A ruiva adota uma expressão de confusão, afinal, Peter havia comentado sobre coisas que ele não poderia saber se não lembrasse de nada. Lembrava dele ter dito a mesma coisa horas atrás, mas ainda não fazia sentido, pois era sobre outro assunto. Além disso, ele certamente havia dado uma explicação plausível sobre o porquê de estar vivo até agora.

EX//MACHINA: ExórdioOnde histórias criam vida. Descubra agora