UMA MÃE PARA O FILHO DO CAFAJESTE

CAPÍTULO 1

ÁLVARO 🔥

Alguma vez você já parou, por um segundo, para pensar: isso mudará tudo? À partir desse momento, haverá um antes, um depois e esse acontecimento transformará o seu eu para sempre?
A maioria das pessoas, nunca fez isso, nunca parou para pensar no seu passado ou em como será seu futuro, pois estão focadas demais na vibe de viver o seu presente, para se importar com o que já aconteceu, ou apressar o que virá.

Não, eu não estou julgando a turma do Carpe Diem, longe disso. Porque eu era assim. Não me importava com nada, além de ser feliz e viver o momento. Eu deixava a vida acontecer, naturalmente.

Mas, então, Valentina apareceu em minha vida. Ela foi o momento divisor de águas. Desde o primeiro beijo, arrebatador e quente como o inferno, depois nosso casamento, onde tudo parecia perfeito, pelo menos para mim. Porque ela não aguentou nossa vida de casado, nossa situação financeira. Ela simplesmente abandonou a mim e ao nosso filho. E esse foi o momento que determinaria todo o resto da minha existência. Nada, depois disso, continuou igual.

Tudo bem, tenho que ser honesto, já que em toda minha vida sempre prezei pela sinceridade. Eu sofri feito um condenado. Dizem que a primeira magoa é a que mais dói, que é a mais difícil de superar. Ah, como eu comprovei esse ditado. Como senti na pele. Foi duro aceitar o abandono da vaca.

Espera! Está ofendida por eu estar comparando uma ex-mulher com uma vaca? Nesse caso, preciso adverti-la que essa não é uma historias para pessoas comportadinhas. Supere, ou desista agora mesmo de continuar.

Mas estou desviando do assunto. Depois de passado um ano do sumiço de Valentina, os papéis do divórcio chegaram. Eu não quis saber de explicações, nem levei tempo para tomar uma decisão sobre o que fazer. Eu simplesmente assinei. O que mais queria era nunca mais sequer ouvir falar dela ou vê-la em minha frente. Um desejo um tanto difícil de se concretizar, uma vez que ela e seu novo marido sempre estampam a capa de alguma revista. Mas graças a Deus, ela cumpriu com sua palavra e nunca mais apareceu, ou procurou por meu filho, já que ela abriu mão da guarda dele.

Bom, outro fato que mudou foi minha vida íntima. De um marido fiel, eu passei a ser um daqueles homens que levam o título de Cafajeste, devasso, safado, mulherengo. Títulos aos quais eu realmente faço jus com louvor. Não tenho vergonha de admitir que sou um pegador de carteirinha. Os termos ‘casamento’, ‘namoro’, foram excluídos do meu dicionário. Nele, apenas existem: diversão e sexo sem compromisso. Algumas pessoas não vão gostar do que vou dizer, mas como sou franco, vou dizer assim mesmo: você não precisa de amor para fazer um ótimo sexo. Basta química ou atração. As melhores transas de todas as minhas experiencias sexuais, não incluíram qualquer tipo de sentimento.

Posso ouvir seu grito de “Canalha” daqui.

Mas não me entenda mal, eu não uso as mulheres. Muito menos, as engano. Elas sempre estão cientes de tudo isso quando passam pela minha cama. Cientes de que podem ter tudo de mim ali, mas que é somente isso. Pois, lidar com o desejo é fácil. Claro. Excitante. Já o amor, o envolvimento, o convívio, são uma bagunça. Irritante. E muitas vezes pode até ser assustador. O desejo é poderoso. Primitivo. Revigorante. E o amor é duvidoso. Irracional. Volúvel. Insensato. Ele pode, acima de tudo, ferrar com sua cabeça. E para alguns sortudos, como eu, o amor pode facilmente estraçalhar o seu coração, quebrar até o seu último osso e modificar toda a sua vida.

Escuto um barulho em minha porta, tirando-me dos meus desvaneios e vejo Daniel entrar em minha sala.

— Você poderia bater? Ser anunciado? — Daniel revira os olhos, sem dar a mínima para meu mau-humor.

Observo-o sentar-se na cadeira diante da minha mesa, enquanto clico em um arquivo não muito agradável e que terei que ler ainda hoje, sem adiamento.

— O que aconteceu que te deixou puto? Normalmente, você não tem essa cara de bunda.