Capítulo 7

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Sophia



Enquanto estou no banho, passo alguns minutos repassando os meus últimos dias em minha cabeça, para ser bem sincera, os meus últimos encontros com Álvaro Campos. Tentando entender o que há nele que me perturba tanto. Estou violentamente atraída por ele? Não, não pode ser. Uma conexão, talvez? Bem, qualquer astrólogo diria alguma balela de que é o Universo nos forçando a ficar juntos.

Interesse. Muito Interesse. Suas palavras queiman em meu subconsciente. E se eu fosse dele? Esse pensamento faz a minha barriga se esquentar. Ele é, obviamente, um cara tentador. Uma prova foi a loira. Sacudo a cabeça, não é hora de pensar nisso. Mas, além de tentador, ele parece ser confiante, é educado, decente e alegre, ele exala um ar de autoridade. Definitivamente, o homem que pode cuidar de si mesmo. E de mim...

Se bem que eu não preciso de ninguém para cuidar de mim. Desde cedo, sempre gostei de ser independente. E minha mãe sempre me ensinou uma coisa:

Sophia, você é a única pessoa de quem deve esperar algo nesse mundo, suas expectativas são suas para alcançar. Nunca espere que um homem seja o seu mundo, ele vai te decepcionar terrivelmente. Quer algo? Vá atrás.

Ela estava certa. Até hoje, os homens só me decpecionaram, me machuram e impediram que eu alcancasse meus sonhos e objetivos.

Depois que termino o banho, estou colocando meu pijama, quando ouço a porta batendo.

— Sophia, está em casa? — grita Bruna, da sala.

Vou até lá.

— Passei o dia todo ligando e mandando mensagens em seu telefone. — digo, sentando-me no sofá — Por que não me respondeu?

Bruna atira a bolsa na mesa de centro.

— Esqueci a merda do celular aqui. — ela anda até a cozinha e pega o telefone em cima da bancada. Olhando para mim, abre um sorriso sorrateiro.

Ah, Meu Deus, lá vem bomba.

— Você sabe que me deve uma explicação, né? — ela adverte.

Eu sei que ela sabe que há algo acontecendo. Filha da mãe. É irritante o fato de ela me conhecer tão bem.

— Bru, não sei o que você quer que eu diga.

— Que tal me contar o que está me escondendo? — ela diz, enquanto mexe no celular — Por que você está estranha desde a boate? Por que tem me evitado por dois dias?

Merda! Merda! O que dizer?

— Não estou estranha coisa nenhuma. E se não estamos nos encontrando, é porque passo o dia trabalhando e quando chego em casa, ou você está aqui com Daniel, ou na casa dele.

Não faz mal omitir as coisas, não é mesmo?

— Você acha que tenho quantos anos, irmã? — ela aponta para si mesma — Eu sei que tem algo. Está estampado em sua testa. Fala tudo para mim. Como irmãs fazem. Como eu sempre falo minhas coisas para você.

Posso falar "merda" aqui de novo? Claro que ela ia tentar fazer chantagem barata sobre o fato de sermos irmãs.

— Eu já conhecia o Álvaro.

— Como é que é? — ela atravessa a sala em duas passadas largas e se atira no sofá da frente, seu olhos completamente fixos em mim — Você tem toda a minha atenção. Desembucha!

Me levanto e me inclino para a frente, me apoiando nos cotovelos, posicionando meus dedos sob o queixo.

— Deixe-me ver... Ah, sim... Ele é o homem que conheci naquele dia em que fui com você naquela festa louca. — os olhos verdes de Bruna se arregalam, o choque estampado no rosto, tanto, que ela fica em silencio — Pois é, e ele é o cara que também encontrei no trabalho e que me deixou o nome e o telefone e... ah, uma gorjeta bem generosa.

UMA MÃE PARA O FILHO DO CAFAJESTE Onde histórias criam vida. Descubra agora