Ela jamais conseguiria entender como aquele ser conseguia dormir tão tranquilamente com todos os absurdos que saía de seus lábios.
Sae pegara no sono logo após sua namorada e quando acordou estava mal humorado.
Aquilo era típico dele. Era a pessoa da relação que precisava de alguns minutos de seu silêncio matinal sagrado para estar preparado para lidar com qualquer interação social.
Mas ele permitia a presença de Nao.
Ele necessitava dela.
E aquilo pareceu ridículo para ele no início, pois jamais imaginou que teria uma prioridade em sua vida além do futebol:
-O que combinamos sobre o diálogo com o meu pai? - ela perguntou torcendo para que ele tivesse entendido e colaborasse.
Sae desviou a atenção da janela do táxi para ela:
-Você não irá desfazer as malas para o caso dele não permitir darmos meia volta contra a vontade dele.
-Sae! - ele era impressionante- Não falamos nada disso.
-Estamos falando agora- ele disse a encarando como se aquilo não fosse nada demais.
Nao franziu o cenho:
-Tem noção de como é difícil te visitar do outro lado do mundo?
-Tenho. Por isso estou te levando comigo.
-Estamos indo ver essa possibilidade.
-Dá no mesmo.
O motorista riu atraindo a atenção dos dois no banco de trás:
-Vocês dois me lembram a minha adolescência- ele disse sorridente.
Mas antes que Nao pudesse responder Sae o fez:
-Acho que você está prestando mais atenção na conversa do que na estrada.
O homem ficou sem graça e pediu desculpas:
-Não precisa se desculpar- Nao lançou um olhar feio para Sae- Meu namorado que é um ogro.
Ele arqueou uma sobrancelha e a observou virar o rosto para a janela contrária:
-Nao.
Ele chamou não recebendo resposta alguma e minutos depois Nao ouviu o suspiro de frustração de Sae.
Chegando ao destino ela não poderia estar mais tensa. Sae estava ao seu lado e ela não havia conseguido avisar aos seus pais que teriam alguém a mais ali.
E o próprio Sae já era motivo suficiente para ansiedade, pois sua língua afiada não era muito apreciada pelo pai dela. O gênio dele parecia pior que o habitual para ajudar a piorar a situação:
-Vai mesmo me ignorar? - Sae perguntou.
-É oque você merece.
-É por nós dois.
-Não Sae. Isso é apenas por suas vontades- Nao abriu a porta de casa não dando chance para que ele lhe respondesse- Estou em casa.
A primeira pessoa que apareceu foi Ume:
-Bem vinda de volta- ela voltou seus olhos para o jogador- Sae.
-Ume- ele disse simples.
Um silêncio estranho se instalou entre eles como se comunicassem silenciosamente, quando por fim, Sae assentiu e Ume voltou o olhar para Nao:
-O papai sabe?
-Não.
-Oh. Vai ser interessante então.
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Agridoce- Imagine Itoshi Sae
Romance"Ele tinha um jeitinho extremamente peculiar, sendo mandão demais, direto demais, sério demais e temido demais pelos pobres repórteres. E ainda sim, Nao estava ali de mãos dadas com aquela criatura temerosa."