Capítulo novo

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-Ainda não acredito que você está mesmo indo embora-Ume disse abraçando a irmã mais velha no aeroporto.

-Nem eu-Nao respondeu tentando segurar as lágrimas que ela queria deixar cair desde cedo pelo misto de emoções.

O casamento havia acontecido um dia antes e tudo fora lindo.

Seu pai havia pedido desculpas por tudo que havia dito que pudesse ter ofendido dizendo que a amava e ela chorou.

Sua mãe chorou ao ver seu vestido de noiva e ela chorou junto.

Ume dormiu abraçada com ela em sua ultima noite em casa e ela chorou novamente.

Nao decidiu que pelo menos durante o casamento ela iria se manter firme e conseguiu por algum milagre, mas se despedir de sua família estava sendo um teste de resistência:

-Você vai ficar bem, sabe disso-Ume se afastou dela- Se o Sae te magoar apenas me avise e eu darei um jeito.

Nao sorriu e sussurrou:

-Sinto muito pelo casamento não ter sido uma desculpa boa o suficiente para o Rin não ir.

-Não é sua culpa se todo Itoshi é idiota- ela viu sua irmã fazendo bico- Sem ofensas.

-Tudo bem-ela a abraçou de novo- Vou sentir saudades.

-Eu sei que vai- Ume piscou e deu espaço para sua mãe.

-Seja feliz meu amor. Muito, muito feliz.

-Eu já sou mamãe-ela engoliu o choro de novo- Obrigada por tudo.

-Ah, minha princesa!

-Ok mãe, já está bom. Vamos logo antes que o Sae nos bata por segurar tanto a mulher dele aqui.

Sae encarava tudo mais ao longe enquanto organizava as bagagens, mas logo foi para perto da esposa:

-Vamos indo? - ele perguntou.

-Sim-ela se virou para a mãe e a irmã- Digam para o papai...

-Ele sabe- Ume disse- Mas se lembrar da lua de mel vai ficar muito bravo.

Nao riu:

-Então... Estou indo.

Ela fez algo que era muito difícil naquele momento: Virou as costas e caminhou para longe delas após ver Sae se despedir.

Mesmo com Sae ao seu lado era muito difícil, porque era uma mudança de vida extrema demais para ela, que jamais havia feito parte do seu planejamento de vida. Mas seu coração dizia que sim. Após o pedido de casamento eles tiveram que planejar tudo.

Sae odiava o país, mas não insistiu em ter a cerimonia em outro lugar em respeito à Nao e sua família.

Esperar que ela se formasse foi a parte mais difícil para ele, porque era uma responsabilidade dela que devia ser cumprida no Japão, longe dele, que teria que estar na Espanha para os treinos e o campeonato. De forma odiável, ele se separou dela por alguns meses, mas seu consolo era o fato de que depois daquele sacrifício ela seria toda sua para toda a eternidade.

E ali estavam eles, caminhando lado a lado no aeroporto.

Mas calados.

E aquilo incomodou Sae:

-Está tudo bem? -ele perguntou.

-Sim- ela disse simples.

Simples demais.

Sae a encarou por um breve momento e depois focou no caminho novamente.

Eles embarcaram com aquele clima estranho entre eles, mas ele sabia que eram coisas demais para ela lidar e se manteve quieto respeitando seu momento.

Mas seu momento não passou:

-Ok Nao, eu sei que preciso ser paciente, compreensivo e o caralho. Mas não consigo ser nada disso te vendo desse jeito.

Eles estavam no quarto do hotel cinco estrelas que ficava de frente para a praia que Sae havia reservado para que ela se sentisse bem, mas ela parecia estar muito longe daquilo:

-São...Muitas mudanças de uma vez só. Me desculpe se estou incomodando.

-Você não me incomoda.

-É que...

Quando seus olhos lacrimejaram Sae saiu de onde estava imediatamente e a tomou em seus braços se sentindo culpado por ser rude demais as vezes:

-Eu não quis machucar você, só quis dizer que sou o seu marido, você não está sozinha Nao. Então não guarde suas angustias para você, jogue elas para mim também. Se eu não conseguir ajudar vou pelo menos sofrer junto com você. E se o mundo estiver contra você, eu estarei contra o mundo.

Ela chorou como uma criança enquanto ele afagava seus cabelos.

Sae odiava ver ela daquele jeito, ainda mais em sua primeira noite juntos como um casal oficial.

Ele sentiu os tremores parando e logo ela ergueu a cabeça com os olhinhos brilhando:

-Você falou com o Rin?

Uma sobrancelha dele subiu:

-Quer mesmo falar disso agora?

-Quero- o olhar pidão dela o quebrou em pedaços.

Sae suspirou vencido:

-Mandei o convite para todos, você mesma viu que meus pais estavam lá e adoraram você. Mas o Rin é fora da curva.

-Não acha que tem culpa nisso?

Ela não sabia que as coisas não eram exatamente como Sae queria que fossem, mas ele havia decidido que a pouparia da parte obscura de tudo aquilo:

-Talvez eu tenha.

Silencio:

-Desculpe. Não é assim que deve ser uma lua de mel- disse Nao.

-Tudo bem.

-Nunca tive uma.

-Ainda bem.

Ela deu um tapinha nele:

-Palhaço- um sorriso brotou nos lábios dela- O que quer fazer?

-Ficar com você.

-É sério.

-Estou falando sério.

-Você não quer... Fazer coisas que os casais fazem?

-Se eu fizer vou descontar por todas as provocações em sua casa e esses meses separados.

-Sae!

-Mas não consigo sabendo que não está bem.

Ela sorriu feliz com o jeito amoroso que Sae escondia por trás de sua casca dura e que ninguém conhecia. Nao se sentia muito sortuda por ser a escolhida para ter acesso ao seu lado oculto:

-Por que está rindo? - ele perguntou.

-Você disse que me queria bem, não foi?

-Você está claramente rindo da minha cara- ele fez uma pausa- Então já está bem?

-Meio difícil não ficar com suas tentativas de me animar.

-Hum.

Sae tirou suas próprias conclusões antes de levar suas mãos ao rosto de sua amada:

-Sae...

-Hum?

-Eu não respondi.

-Verdade... Então...- ele desceu o olhar para os lábios entreabertos dela e depois a encarou novamente de forma mais intensa ainda- Minha esposa está melhor?

Esposa:

-Está muito melhor por sua causa.

Foi o suficiente.

Sae a derrubou na cama enorme e subiu em cima de seu corpo:

-Vamos deixar essa noite cravada em nossas memórias, meu bem?

Agridoce- Imagine Itoshi SaeOnde histórias criam vida. Descubra agora