II - Microstos

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- O símbolo... representa a família dos Microstos.

Paralisei, o coração batendo forte no peito. Diante de mim, a revelação de que a garota ruiva era uma membro da família rival ecoava como um sino de alerta. Meu pai, com a expressão sombria, olhou ao redor, como se os Microstos pudessem aparecer a qualquer momento.

- Se ela souber quem é você, estamos em perigo - disse meu pai, sua voz baixa, carregada de preocupação.

- Por que? - perguntei, a tensão crescendo entre nós.

- Os Microstos são extremamente perigosos - ele respondeu, seu olhar penetrante me fazendo sentir como se estivesse sendo analisada.

***

No dia seguinte, enquanto vasculhava meu armário em busca de livros, uma voz familiar soou atrás de mim.

- Oi.

Era Jack, de volta a Brucamel, provavelmente para pedir desculpas mais uma vez. Ele estava diferente, mais sério.

- Olha, me desculpa... - ele começou, mas o interrompi.

- Não, não precisa se desculpar. Fui muito grossa com você. Durante o tempo que você estava em Washington, percebi que fazia falta na minha vida. Se puder me perdoar, eu me perdoo pelo que fiz - falei, sentindo uma onda de alívio ao dizer isso.

Ele sorriu, um brilho de esperança em seus olhos.

- Claro que te perdoo. Agora podemos ser amigos de novo?

O abracei com toda a força que tinha, e ele retribuiu. Olhei para Arthur, que não parecia nem um pouco feliz com o retorno de Jack. Mas Karin também o perdoou. Ele estava acompanhado de um novo membro do grupo, Jason, um garoto inteligente que ajudou Jack em muitas coisas. Arthur parecia bem mais à vontade com Jason do que com Jack, mesmo após meses de amizade.

Contei para eles sobre os Microstos que havia descoberto, e nos perdemos em pesquisas, mas logo o sinal tocou, indicando que era hora de ir para casa. Jack recebeu a notícia de que sua mãe havia falecido. A saúde dela estava estável, mas os policiais prenderam Lucas, seu padrasto, como o principal suspeito. Comparecemos ao funeral, respeitando a memória da mãe de Jack.

Durante a cerimônia, algo estranho me chamou a atenção. Entre as árvores, um homem alto, ruivo e imponente, me encarava fixamente. Senti um arrepio percorrer minha espinha.

- O que foi? - perguntou Jack, percebendo meu olhar fixo.

- Você também viu aquele homem perto das árvores? - perguntei, a voz trêmula.

Ele olhou na direção indicada, mas a figura havia desaparecido.

- Não tem nada ali. Deve ser coisa da sua cabeça - respondeu ele, confuso.

Era coincidência demais em apenas três dias. Quando cheguei em casa, corri para pesquisar mais sobre os Microstos. Descobri que eles costumam ser altos, geralmente os homens são ruivos e possuem poderes muito mais poderosos do que os meus. A pergunta não saia da minha cabeça: será que o homem era um?

Meu pai pediu para que eu desenhasse o homem que eu havia visto. Embora não fosse boa com desenhos, tentei. Assim que viu o desenho, meu pai ficou pálido.

- Agatha... Ele pode fazer parte da família Microstos - disse ele, a voz trêmula.

Um arrepio percorreu minha espinha. Ele explicou que o homem poderia ser um dos mais perigosos que existiram, uma espécie que deveria ter sido extinta em 1010, após um massacre de pessoas inocentes que foram erroneamente identificadas como Microstos. Essa espécie podia viver até 450 anos, enquanto a nossa apenas 320.

Agatha - Capítulo UmOnde histórias criam vida. Descubra agora