Cap6: Um motivo extraordinário

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Hey, boa noite!

Bom fim de semana ;)

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Os passos firmes do salto alto ecoam no apartamento silencioso e eu sinto meu corpo se arrepiar por inteiro.

Meu Rao, se isso não é feitiço, não sei o que é.

O silêncio entre nós sempre me confundiu, mas preciso dizer que tudo se intensificou nos últimos dias. Ela nunca me deu uma pista que me queria, sempre quieta, teve de lidar com isso sozinha, mas ok, até aqui, nada novo sob o sol, ao menos quando se fala de Lena. Mas, sem aviso, decidiu sentar no meu colo e me deixar ciente de tudo? Quando eu achei que ela queria fingir que nada aconteceu, ela puxou conversa no carro; quando achei que teríamos muito o que falar, o silêncio foi sedutor e durante a tarde de hoje o meu silêncio claramente a incomodou. Vocês entendem que nada faz muito sentido aqui?

Mulheres são sempre tão complicadas assim? Eu sou complicada assim?

Ela coloca a bolsa em cima da poltrona e detém seus movimentos olhando a TV. Não tenho certeza se ela está se preparando para me encarar, ou talvez eu esteja encrencada por ela estar com bastante mágoa...de novo. Lembranças de cenas antigas passam em minha mente agora e tenho certeza que uma Lena Luthor magoada não é uma boa coisa.

Talvez seja esse exatamente o ponto onde ela se descontrole. Bem, ela tem que ter algum, não é?

Não que eu queira explorá-lo, claro. Até porque, como eu disse antes, me lembro bem que as coisas não ficam fáceis quando ela se magoa, principalmente para o meu lado. O ponto em questão é que talvez ela não tenha tanta noção de que o meu descontrole é mais perigoso que o dela. Ou talvez ela não esteja nem aí pra isso. Também existe a possibilidade de que Nia tenha razão e ela só esteja querendo curtir o momento. Alex me disse que, instintivamente, saberíamos se as coisas começarem a dar errado, a ficar perigoso. Então eu me pergunto: até que ponto a voz da minha consciência pode ser um empecilho para a minha felicidade? Eu aprendi que sempre deveria confiar nela, sabe? Quando é o melhor momento para silenciar essa voz? Seria esse o melhor caminho?

Pior: quando identificar se é intuição ou medo?

Esse questionamento me bateu tão fundo que eu senti um arrepio subindo nas costas. Chacoalho os ombros sutilmente e bato os cílios algumas vezes. Percebo que Lena me encara do mesmo lugar de onde estava antes, ao lado da poltrona onde deixou sua bolsa. Apesar de séria, seus olhos demonstram uma certa curiosidade para saber o que se passa dentro da minha cabeça caótica enquanto eu estou em completo silêncio.

Respiro fundo e limpo a garganta. Acho que é hora começar a falar, certo? "Confesso que estou surpresa em ver você aqui. Achei que não estava... huh... disponível para mim hoje." Vamos lá, Kara, com calma e vocês conseguem conversar. Lembra do que Alex falou: são duas adultas que apenas precisam conversar.

"Achou?", ela se limitou a perguntar, mas ainda com a expressão séria e curiosa.

"Bem, você disse mais cedo." Ela disse, não disse? Eu me lembro! "Eu ouvi você, tentei respeitar sua vontade.", completo.

"Sim, e eu ouvi você.", ela rebate. "Eu vim porque você disse que eu saberia onde te encontrar, achei que estivesse falando sério.", seu tom de voz é baixo e calmo.

"E eu estava", rebato mais rápido ainda. "É que... Alex me fez perceber que eu deveria ter ido atrás de você. Mesmo se fosse para ser rejeitada novamente.", engoli seco ao relembrar como estava me sentindo no momento em que botei os pés dentro do meu apartamento um par de horas atrás. "Não achei que viria até mim, ao menos não hoje.". Olho para baixo por um momento. Sinto dificuldade em encará-la agora.

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