Capítulo IV

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ADAM

[sem revisão]


Ficamos parados alguns segundos nos encarando, sem entender o momento que estávamos e, principalmente, como isso estava acontecendo. A música que tocava acabou, e o silêncio me trouxe de volta à realidade.

— Tudo bem? — perguntei a soltando, e minha voz saiu mais fria do que eu talvez queria — falo do tombo.

— É, sim — ela falou sem jeito e olhou para os cacos — preciso limpar isso.

Fechei a porta, e ela se ajoelhou, colocando os cacos na bandeja que carregava. Felizmente, apenas um copo quebrou.

Emma Sinclair estava na minha frente ajoelhada como garçonete, juntando cacos de vidro. No México!

— Eu te ajudo — falei, me abaixando, e ela me olhou rapidamente.

— Não, Adam... Sr... Sr. Adam, é meu trabalho. Eu derrubei.

— Trabalho? — perguntei ainda confuso, e vi seu corpo se retrair. Me abaixei e terminei de juntar os cacos com ela.

Nos levantamos, e ela ainda tentava evitar o contato visual comigo. O copo que restou inteiro ela colocou na mesa com o whiskey e seguiu até a porta.

— Já trago seu gelo. Ainda vai precisar de outro copo? — ela perguntou, e logo no final de sua frase vi um pouco de desgosto — o Sr já devia estar acompanhado. Se quiser, eu posso chamar sua acompanhante.

Acabei soltando um meio sorriso por entender o motivo do tom de desgosto em sua fala.

— Você bebe whiskey? — perguntei, a deixando confusa — se sim, traga mais um copo, se não, apenas o gelo.

— Eu estou trabalhando — ela disse séria — e como garçonete!

— Eu não quis dizer o contrário. Apenas te convidei pra beber comigo, antigamente você gostava de fazer isso.

— Apenas o gelo, então. — Emma disse de maneira direta e saiu pela porta, a fechando com força.

Caralho. Emma Sinclair, o que aconteceu com você?

Coloquei mais uma música e sentei na poltrona; de repente, todas as lembranças estavam ali em minha mente de novo. Os olhares, toques, beijos, a nostalgia da adolescência.

Meu primeiro amor. Amor. Palavra forte para dizer, mas talvez simplesmente Emma. Ela era uma sensação completa, um momento vivido e tudo mais que o amor poderia ser. Para mim, ela foi Emma Sinclair, a intocável, mas que era minha.

Bateram na porta, e meu corpo eufórico entregou estarmos esperando que Emma tenha mudado de ideia em relação ao convite. Me ajeitei na cadeira e permiti a entrada. O corpo passou pela porta, e não, não era Emma. Era a loira de mais cedo.

— Nossa, é você mesmo.

Molly! Eu sabia que a conhecia. Mas o que caralhos aconteceu aqui? Eu to no México, não nos Estados Unidos. Ela se aproximou e despejou o gelo no meu copo em cima da mesa onde ele estava com o whiskey.

— Molly — falei rastejado ainda ligando seu nome a essa imagem nova dela — onde ela está?

— Olha, isso tudo — falou gesticulando com as mãos apontando para o quarto — foi muita informação pra ela. Tipo, vocês são adultos agora!

Ela suspirou de maneira triste, e ficamos em um silêncio constrangedor. Admito que eu estava decepcionado; achei que tinha esquecido dela, mas ver e tocar ela me deixou com a sensação de que agora temos algo pra resolver.

— Ela vai me matar — ela disse em negação — ela ta lá em cima no terraço. Vai, vai.

Me levantei, peguei a garrafa de whiskey e saí do quarto. Tive que perguntar a algumas pessoas onde era o acesso pro terraço até encontrar a maldita escada. Uma pontada, travei na escada. O que eu tô fazendo? Já no meio da escada comecei a analisar a situação, eu estava com a roupa toda frouxa e o sapato amarrado de qualquer jeito. A garrafa na minha mão ainda estava aberta; a abri e dei um gole longo. Coragem!

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