EMMA
[sem revisão]
Ver o Adam me levou para aquela cidade infeliz de novo e sem querer revirou todos os meus sentimentos. Ele estava diferente, pude sentir isso, mas a sensação que ele me causava ainda era a mesma.
Dei mais um trago no baseado entre meus dedos e soprei a fumaça com força para fora dos meus pulmões.
— Eu avisei que você iria viciar nessa porcaria. — escutei a voz grave vir da porta.
Virei minha cabeça um pouco assustada procurando de onde veio, e pude ver a silhueta do Adam de pé com uma garrafa em sua mão. Soltei o ar que tinha prendido pelo susto e joguei a cabeça para trás em negação. Ainda bem que o baseado está me ajudando a lidar melhor com tudo isso.
— E eu te avisei que você viciaria nessa porcaria — rebati apontando para a garrafa em sua mão.
Ele negou com a cabeça enquanto dava uma risada baixa e começou a caminhar em minha direção, parou na minha frente e se sentou do meu lado apoiando as costas na parede e deixando suas pernas enormes esticadas.
Nós ficamos em silêncio evitando contato visual, ele estava perto, mas não o suficiente para eu sentir meu corpo reagir a sua presença, e era uma mistura de medo com ansiedade. Ele deu alguns goles em sua bebida e eu uns tragos.
O vento levava a fumaça diretamente para ele, que torcia o nariz vez ou outra, eu achava graça disso.
— Passa pra mim — ele pediu e eu franzi as sobrancelhas — anda, você me conhece.
Ri e passei o baseado para ele que deu uns tragos e depois apagou.
— Conhecia. — falei o vendo dar mais um gole na garrafa como se fosse água.
Fiquei minutos observando ele, sua postura, seu rosto quadrado, o cabelo escuro, tudo ainda era o mesmo, mas diferente. Me sentia estranha com sua presença, como um desconhecido conhecido, já eram anos sem saber como estava atual versão, e agora ela está aqui na minha frente.
— O que tá fazendo aqui? — ele perguntou inclinando a cabeça pra trás, ficou olhando fixamente pro céu.
Acompanhei seu olhar e o céu estava sem estrelas, apenas a lua lutando contra as grandes nuvens escuras para aparecer.
— Precisava de um pouco de ar puro.
— Não — ele disse e eu o olhei, ele olhou no fundo dos meus olhos — aqui no México.
Senti um calafrio na barriga e por segundos revivi toda a situação com meu pai, engoli seco e tentei disfarçar.
— Ah, me aventurando. Você me conhece — falei dando um tapinha em seu braço.
Eu tô agindo feito uma boba, esse novo Adam me deixa nervosa. Não sei se posso ser sincera ou tenho de fingir que sou a mesma ainda, talvez eu seja, talvez não.
— Você não muda mesmo — negou com a cabeça e começou a se levantar — na verdade, eu subi aqui por impulso.
— É estranho sentir essa necessidade de não querer que você vá agora.
Soltei por desespero meu desejo mais sincero naquele momento, me assustei assim que as palavras terminaram de sair da minha boca, levantei rapidamente e o escutei suspirar forte já de costas.
— Porra... é estranho mesmo. Não querer ir. — ele disse meio cabisbaixo e se virou pra mim deixando nossos corpos perto.
Minha cabeça se inclinava pros meus olhos chegarem aos seus, é como se ele nunca tivesse parado de crescer e eu estacionado na mesma altura desde os 15 anos. Ficamos alguns segundos passeando os olhos por cada novo traço um do outro em silêncio.
Sua barba estava rala e sua boca parecia mais macia que antes, ele deu um sorriso e minha perna bambeou acompanhando um calafrio na barriga. Foi culpa desse sorriso. Me afastei um pouco inconscientemente e ele passou as mãos no cabelo o jogando pra trás.
— Olha, Emma, eu tô bêbado e você tá chapada. Porra, você tá trabalhando! — ele falou a última parte um pouco enrolado devido a bebida.
Enquanto ele resmungava algumas negações, procurei a garrafa, e a encontrei jogada na nossa frente. Vazia!
— Adam! Ei, olha aqui. — bati palmas na frente de seu rosto pra chamar sua atenção e deu certo, ele me olhou assustado e parece que meu rosto o deixou sóbrio.
— Tudo bem? — perguntou em tom frio.
— Sim? — questionei sem entender, ele está bêbado e chapado, relevei — Só vá pro seu quarto, eu preciso trabalhar.
Eu não precisava, na verdade. Mas nitidamente estamos fudidos demais para conversar sobre alguma coisa, era estranho "conversar" com ele, nada mais era como antes.
Adam concordou com a cabeça em silêncio se virando e foi andando em direção à porta, vi seu corpo alto de costas pra mim partindo mais uma vez. Me virei com as mãos no rosto me sentindo nervosa, enquanto seus sapatos batiam no chão, senti uma dor no peito, se retraindo. Depois de hoje quando será que nos veríamos? Será que devemos nos encontrar de novo? Isso foi um sinal? Destino?
Silêncio. Seus sapatos pararam de ecoar no chão e me virei curiosa, esperando ver ele parado me esperando, e Adam estava virado para mim com seus olhos um pouco arregalados.
— Caralho, Emma. Emma Sinclair — ele passou as mãos pelos bolsos nervosamente — Merda! Eu esqueci meu celular no quarto, mas...
Se aproximou de mim puxando as mangas de sua camisa branca que estava um pouco aberta mostrando seu peitoral malhado e alguns rabiscos de tatuagem.
— Tem alguma caneta aí? — estendeu seu braço direito — Quero te ligar amanhã, pra conversar melhor. Pode ser?
Sorri concordando com a cabeça e peguei uma caneta que estava no jaleco que deixei no chão bem ao nosso lado. Ele me deixava nervosa, cada pedaço seu que me mostrava o meu corpo estremecia, ele estava forte e cheiroso, apesar do álcool.
Puxei seu punho para escrever em seu antebraço e a pulseira de metal que usava roçou minha pele fazendo um calafrio estranho percorrer minhas costas. Merda! A caneta vacilou em minha mão, deixei transparecer.
Continuei sem olhar pra ele e só senti sua respiração quente encontrar levemente meu pescoço.
— Pronto. — me distanciei —Agora vá deitar, Adam.
Ele me olhou com seus olhos escuros brilhando, e sorriu. Esse sorriso de novo. Fechei os olhos e me permiti apenas sentir a atmosfera mudar com seu corpo indo embora.
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This is not Everything
Romansa[Adam Foster(26 anos) é um homem bem-sucedido que teve que lutar muito para hoje estar na posição que ocupa, ele viaja o mundo trabalhando e experimentando os mais variados prazeres da vida carnal. Em uma de suas viagens, após um dia longo de reuniõ...