O Anjo Raptado

Capítulo 7: Um pouco do sofrimento de Lena

Estava noite na Terra e Kara estava em uma de suas tarefas. Ela recebia de Deus um script do que aconteceria relacionado aos humanos presentes na sua agenda diária. Muitas dessas tarefas eram referentes a proteção, onde Kara precisava fazer algo para evitar que o humano viesse sofrer algo desnecessário naquele momento. As vezes mudar um objeto de lugar era o suficiente para evitar uma morte prematura, por exemplo. Esse era um desses casos.

Kara estava em um quarto escuro de um casal, pais de duas crianças. Pelo chão do quarto havia alguns brinquedos esquecidos pelas crianças. Nesta noite, o pai não acendeu a luz de um dos abajures e ao se levantar para ir ao banheiro, viria a escorregar em um dos brinquedos e bater a cabeça em um dos móveis, tendo consequências graves.

Kara recolheu os brinquedos e os guardou fora do caminho. Por um momento Kara pensou sobre a escuridão e o hábito dos humanos de dormirem no escuro, e foi quando Kara sentiu a vibração de Lena. Antes de partir, Kara acendeu o abajur da cômoda próxima ao pai das crianças e voltou para o plano espiritual.

Kara analisou se era seguro se concentrar na vibração de Lena, já que ela não estava sob a proteção do Céu no momento. Depois de considerar que não haveria perigo, Kara se concentrou na vibração de Lena, fechando os olhos.

Ao abri-los, Kara estava na escuridão. Ela tentou usar seus poderes para iluminar o ambiente, porém não foi possível. Kara passou a prestar atenção aos sons ao seu redor e ouviu um bebê chorando. Ela olha na direção do choro e avista uma Lena bebê deitada de costas no chão sobre algo que Kara não soube dizer se eram retalhos de tecidos ou restos de peles de animais. O corpo do bebê Lena brilha em uma aura angelical.

Em seguida Kara houve o som de uma porta se abrindo e o ambiente fica iluminado parcialmente por uma luz fraca azulada, o suficiente da largura da porta. Uma sombra se aproxima do bebê Lena, Kara não consegue ver nada além de sombra, nada para materializar o ser. A sombra coloca algo na boca do bebê Lena, Kara sente um gosto de algo podre em sua boca e uma dor no peito, algo semelhante a desesperança.

A sombra vai embora fechando a porta ao sair, deixando o bebê Lena sofrendo para trás e a escuridão a engole. A cena se repete várias vezes, em cada uma mostrando Lena um pouco mais velha que a cena anterior e a intensidade do brilho de sua aura angelical se enfraquecendo. Kara sente toda a solidão, a dor e o ódio que Lena sentiu quando a sombra vem envenená-la.

Lena passa a revidar durante a adolescência, lutando para não receber o que a sombra lhe obrigava a engolir, porém a sombra é muito mais forte do que ela. Nesse caso, ela apanha primeiro e depois é envenenada. A cada visita da sombra, Kara sente seu corpo desistir da vontade de lutar, apenas aceitar a podridão e voltar para a escuridão.

Enfim, uma Lena quase jovem adulta é visitada pela sombra e Lena a está esperando. Quase não se vê mais o brilho de sua aura. Lena estende a mão para receber o que a sombra lhe trouxe. Ela mastiga e engole, seja lá o que for essa coisa podre. Ela ignora a sombra e começa a caminhar em direção por onde a sombra entrou. Quando Lena sai desse ambiente escuro, a sombra se incorpora à imagem de Lena, se transformando na sombra que o corpo de Lena produz contra a luz. Sua aura angelical já não brilha mais.

Kara sente seu corpo ser sacudido e a voz do anjo Alex a chamando. Kara abre os olhos e à sua frente está Alex a olhando com um olhar de preocupação. Alex olha para as íris dos olhos de Kara e elas estão esbranquiçadas. Alex segue as ordens que recebeu de Deus-Cat e obriga Kara a comer o fruto de alimento dos anjos. Ela não entende por que Kara está lutando para não comer, com socos e empurrões contra ela.

Alex consegue fazer com que Kara coma e a cor das íris de seus olhos começam a voltar a ter cor. Assim que Kara voltou ao normal, ela olha para Alex vestida com sua armadura e rapidamente ela troca suas próprias roupas para sua armadura, se colocando em alerta.