#anjinhosprotetores
"O cristianismo foi pregado por ignorantes e acreditado por sábios." - Xavier de Maistre
Era noite. Na pequena cidade do Vaticano a temperatura era congelante, indo contra a normalidade do clima habitual. A escuridão enfeitava os céus e os corredores da enorme igreja. Os grandes líderes já descansavam em suas camas, entretanto um pequeno ser loiro se levantava para uma noite exaustiva de trabalho.
Mesmo não tendo feito nenhuma carga horária pela tarde, no intuito de dormir, não fez. A famosa voz que atormentava seus sonhos e sua vida gritava e clamava em sua cabeça em um assunto sem fim.
"Não vá! Me escute, Gabriel. Não vá!"
Jimin nunca entendeu quem era aquele ser de voz grossa e imponente, muito menos quando gritava pelo nome Gabriel — dependendo da noite, não eram gritos que o puro católico escutava.
Apesar dos pesares e reclamações alheias, Park se levantou para receber os Padres da Itália, iriam chegar junto dos seres e não podia os deixar esperando.
Lentamente o homem se levantou da cama, ainda um pouco cansado e tonto, resolveu esperar um pouco sentado para amenizar a queda de pressão. Colocou a batina sobre os ombros ajeitando o crucifixo na cintura, com leveza fez o sinal da cruz observando o quadro de Jesus crucificado.
Duas batidas na porta alertaram-o sobre sua suposta demora. Taehyung colocou o rosto para dentro à procura do loiro.
— Padre? — o garoto, se sentindo em casa, entrou no quarto de supetão e chegou a se assustar quando viu Jimin o olhando de canto de olho com uma sobrancelha arqueada. Na cabeça do Padre, o frágil diácono seria o primeiro a morrer se os demônios um dia resolvessem atacar.
— O quarto é seu, gatão? — Jimin falou de modo brincalhão e o menino riu sem graça pela suposta invasão.
— Pensei que tinha desistido de ir... — Kim falou de modo perspicaz enquanto observava o mais velho colocar um sapato social.
— Apesar da voz na minha cabeça ficar me infernizando para não ir... — Jimin parou de falar para levantar do chão e encarar Tae com audácia e coragem — Eu irei!
Jimin saiu andando pelos corredores vendo um Kim desastrado acompanhando seus passos. O menino fechou a porta com rapidez e foi atrás do loiro natural.
— Senhor, acho que deveria seguir o que a voz fala. — com tal frase, Taehyung fez o padre parar no meio do corredor e o olhar abismado — Sabe, sinais do universo... números iguais... mensagens subliminares...
— Diácono Kim! — Jimin o alarmou — Você está quase virando um Padre, você é Católico.
Taehyung balançou os ombros em sinal de "não ligo" e saiu andando.
— Se você soubesse... — o garoto falava ao tempo que andava — Já estava acreditando até que Lúcifer é o bonzinho da história.
Jimin o olhou como um psiquiatra olharia para seu paciente. Taehyung tinha uns papos muito estranhos.
O resto do caminho foi silencioso. Park pensava com os neurônios como iria transportar aqueles seres. Da parte de Kim, o mesmo sofria com uma certa voz em sua mente, uma voz bem irritada.
Quando chegaram à frente do portão, os dois observaram de longe a Range Rover que trazia uma gaiola com um tipo de animal dentro. O corpo de Jimin arrepiou dos pés à cabeça, aquela voz veio ainda mais forte em sua mente fazendo o garoto colocar as mãos nas têmporas a massageando, abaixou-se lentamente sendo notado por Taehyung.
— Jimin? — Park escutou levemente, na sua cabeça só vinha a maldita voz.
"Gabriel! Saia daí!"
— Sei que é sua primeira vez, mas vai dar tudo certo! — Kim tentava animar o menino já que o grande carro estava cada vez mais perto.
Park se encurvava cada vez mais, sua cabeça parecia latejar. Finalmente, o diácono notou o que deixava o menino angustiado e com dores, sem pensar muito decidiu ajudar.
— Mande o parar. — Tae auxiliou o menino que o olhou incrédulo.
"Não se aproxime deles, por favor!"
— Ele não me obedece! Ah — o garoto escutava o homem gritar em sua mente, a voz grossa doía seus neurônios.
— Semper fuit et semper erit, millennii et plus millennii, amen!— Taehyung falava em uma língua desconhecida por Jimin, as mãos do maior foram para a sua cabeça. — Mande o parar, Gabriel!
"Não se aproxime!"
— PARE! — a voz cessou no mesmo momento. A mente estava calma e nem resquícios do eco haviam por sua cabeça.
— JK vai comer meu cu com um crucifixo... — o diácono falou, mas Park não teve tempo para ligar. Toda sua energia foi lançada para se manter em pé e se tornar apresentável para os Italianos.
O carro parou lentamente no grande estacionamento do lugar onde a entrada pro calabouço era mais eficaz. De dentro do carro saíram dois Padres com longas batinas e crucifixos pendurados.
— Padre Cha. — Park levantou a mão cumprimentando o primeiro e logo fez o mesmo com seu próximo — Padre Ferraz. — o menino olhou disfarçadamente o grande Ser Impuro atrás de si — É um grande prazer conhecê-los.
— O prazer é todo nosso, Padre Park. — O padre mais novo, usuário de all star, disse com calma — Primeira vez?
— O que? — Jimin olhou o homem e logo o Impuro e ligou os pontos, ainda estava atordoado por conta de minutos atrás — Ah, sim.
— Vai dar tudo certo! — Foi a vez do Padre Ferraz se pronunciar — Deseja vê-lo de perto?
Taehyung segurou o braço gélido de Park. De modo nenhum o incentivaria a ir perto daquilo. Aliás, no fim dessa noite já teria alguém infernizando seus sonhos.
— Acho que não será necessário... — Jimin deu dois passos para longe do enorme ser que dormia dentro da jaula.
— Ele está sedado, não há o que temer. — Ferraz falou mais uma vez segurando o pulso livre de Jimin o puxando lentamente. — Venha!
Os dois já estavam na frente da jaula. Logo atrás, Taehyung segurava algo que estava no final de sua coluna, como estava no meio da batina, impossibilitava o ver de geral.
O ser era parecido com um humano. Peito, braços, pernas, entre outras partes. Entretanto seu rosto era totalmente deformado, tampado por uma camada de pele, como se não existissem olhos, bocas, nem nariz. A pele era formada por queimaduras e musgos como se tivesse feito uma breve visita ao inferno. O animal dormia, mas com a aproximação de Jimin, pareceu sentir um tipo de dor.
Park, achando tal movimento suspeito decidiu chegar mais perto. Oras, ele estava enjaulado. Devagar o Padre tocou a jaula não esperando um baque absurdo. O Impuro acordou com rapidez indo em direção ao loiro o pegando de surpresa. Antes de qualquer outra coisa, o menor foi puxado por Kim em uma agilidade indescritível.
— Mais uma dose, Eun Woo. — Ferraz falou ao irmão que puxou uma espada flamejante de dentro da batina. Em um golpe o Padre acertou o Impuro que desmaiou rapidamente.
O loiro estava em estado de choque. Não sabia o que fazer, ou como reagir. Só pensava que deveria ter escutado o raio da voz insistente.
— Jimin? Tudo bem? — A voz de Tae saiu calmamente no seu ouvido acalmando o menino.
— Me desculpe, Park. — Cha disse honestamente — Não entendo a reação dele e nem como ele conseguiu sair do meu veneno.
— Está tudo bem! Só vamos acabar logo com isso. — Jimin se soltou dos braços de Tae e seguiu os Padres e o carro para dentro da igreja.
†
Fala de Kim Taehyung em Latim: "Sempre foi e sempre será, por milênios e mais milênios, amém!"
Estou arrumando os capítulos e espero que vocês comentem bastante :)
Até a próxima fase da Lua!
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The Guard of the Archangels - Jikook
FanfictionEm um reino celestial onde as estrelas dançam ao som de sinfonias divinas, dois anjos de Deus cruzam seus caminhos de luz. Gabriel (Park Jimin), o mensageiro de Deus, e Miguel (Jeon Jungkook), aquele similar a Deus, embarcam em uma jornada inesquecí...