Huske trás Oka até seu apartamento, ele abre a porta pra ela e os dois entram, ela entra curiosa e se surpreende.
- Achei que fosse mais bagunçado...
- que gentil de sua parte - Huske respondeu.
- Você tem alguma cama ou sofá pra eu tirar um cochilo? Depois daquela batalha me deu uma baita dor de gulliver...
- Pode deitar na minha cama, caso queira comer antes fique a vontade.
- Opa! Vai ter boia então?
Oka se senta naquela pequena mesa de Huske esperando algo que ele faria para comer, ela pega um palito de dente da caixinha que estava na mesa e põe na boca. Huske, que estava virado para o balcão da cozinha naquele momento, serve para ela uma lata de sardinhas. Ela olha e pensa: "É isso que ele come todos os dias? Como caçadora sinto um pouco de pena". Então ela pega o garfo e come as sardinhas.
- Até que isso é bom zé.
- Se preferir tem miojo no armário.
- Acho que vou comer apenas isso mesmo, mas obrigada - Oka fica olhando para as sardinhas enquanto as come, ela olha para Huske discretamente, enquanto ele está observando a janela.
Ela pensa: "Como esse cara tá vivo? Agora sei o porquê dele usar aquela pistola, porque ele não tem força pra usar qualquer outro armamento de caçador! Um homem cresce até os 1,80 tendo essa alimentação? Eita isso me fez lembrar de algo". Oka solta um arroto e logo depois põe as duas mãos na boca, Huske olha pra ela com um olhar de desprezo e vê ela dando um sorriso de orelha a orelha.
- Se eu dormir aqui vou acordar viva né?
- E tem como acordar morto?
- Lógico que tem! Você dorme vivo e acorda morto.
- Tá e você acorda aonde?
- Em algum lugar melhor que essa cidade eu espero.
- É - ele faz uma pausa - Eu espero também.
- Bom, vou puxar um ronco pra ver se essa dor de gulliver passa.
- E o que é dor de gulliver?
- É tipo quando cê dorme embriagado e acorda no dia seguinte - Oka diz enquanto vai na direção de onde ela supõe que seja o quarto de Huske.
- Faz sentido...
Huske fica observando a janela, e aquela coisa que vive importunando ele, o chamado "Mark" chega em seu ouvido para dizer algo na forma de uma mulher de olhos brilhantes, mas antes que pudesse dizer algo ambos ouvem Oka gritando do quarto de Huske.
- QUE PORRA É ESSA?!
Huske se assusta e vai correndo até seu quarto.
- O que houve?
- Tem uma calcinha no seu guarda-roupa!
- Por que está mexendo nas minhas coisas Oka? - Huske não fazia ideia de como aquela calcinha foi parar ali, ele realmente não lembra de ter uma calcinha no seu guarda-roupas.
- Ela é sua? você usa calcinha? - Oka diz dando risada.
- Não é minha! Eu nem sei de quem é isso.
- Olha só você tá envergonhadooooo.
- Não estou, tô falando que eu não sei de quem é isso!
- Aiai tudo bem se você usar, afinal mulheres também usam cueca né?
- Eu já disse que não uso, você disse que ia dormir! Por que tá fuçando?
- Fuçando nada po, isso aqui estava escancarado! Deixa eu ver o que mais você guarda aqui - Oka fala enquanto vasculha o guarda-roupas de Huske.
- Tá bom, vai deitar vai, qualquer coisa me chama - Huske dá as costas para Oka para ir até a cozinha.
- Ô Huske! - Ele vira pra ela e ela joga aquela calcinha na cara de Huske. Ele tira aquilo de seu rosto e vai até a cozinha, enquanto Oka está dando risada em seu quarto.
Minutos se passam e na casa de Huske está um silêncio agradável, ele fica olhando para a janela, onde consegue ver os prédios iluminando a cidade pois já está anoitecendo. Huske ouve um barulho vindo da sua pia e quando vira para olhar, aquela mulher de olhos brilhantes está lá bebendo água.
- O que quer Mark?
- Mark? Isso é um nome feminino? Esqueceu de mim? - Ela vai na direção dele
Huske faz silêncio e começa a ter flashes em sua mente, ele lembra daquela mulher de algum lugar... Mas de onde?
- Recupere suas memórias Huske... Só assim verá a verdade.
Huske sente como se estivesse tendo um ataque cardíaco e cai no chão, quando ele cai se ouve um estrondo no bloco do prédio, ele fica caído sozinho no chão, sendo iluminado apenas pelas luzes que eram emitidas dos outdoors de gigantescos prédios. Uma luz azul penetrava a janela dele, transformando a casa em um azul completo se parecendo muito com um aquário, afinal está preso em sua própria mente, tentando lembrar.
Ele se levanta e vai na direção do quarto em que Oka está dormindo, está um pouco escuro e quanto mais ele se aproxima parece ficar mais escuro. Ele entra no quarto e vê Oka adormecida.
- Olhe pra ela... Isso não te faz lembrar de algo? - Aquela mulher volta a falar com ele, porém ele fica em silêncio.
- Não.
- Se esforce um pouco mais... Eu quero que se lembre da felicidade que você sentia. Não minta para ti mesmo.
Depois da mulher falar isso, Oka acorda e olha para Huske que está igual uma estátua olhando pra ela.
- O que é? - Ela disse.
- Me desculpa... Eu só vim ver como você estava.
- Já é noite? Era pra eu tirar só um cochilo.
- Eu estava de saída agora, se quiser eu te deixo perto de onde você mora.
- Obrigado, mas que horas são?
- São duas da manhã.
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Memórias de caçador
Ciencia FicciónUm homem que vaga caçando criaturas por dinheiro se vê perdido em um mundo corrompido, sua única ambição é procurar saber quem ele mesmo é.