Capítulo 3

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Levanto da cama com muito esforço, sempre fui fraca para bebida.
Vou para o banheiro e mergulho embaixo do chuveiro, fico longos minutos apenas pensando. A noite de ontem foi tão estranha, aconteceu tanta coisa que nem tive tempo de pedir o número de Richard, ele parece ser legal.
Meio que não conseguiria pedir de qualquer forma.
Saio do banheiro, enfio um moletom quente e passo a mão pelos cabelos, esse é oficialmente meu visual de férias e pretendo aproveitar cada pedacinho, já que volto a trabalhar daqui à dois dias.
Abro a porta do quarto, David e Henry estão tomando café da manhã, Scott provavelmente está na academia, sempre digo que os quatro precisam regular os horários em que vão academia, já que cada um vai em um horário, seria bem mais fácil se todos fossem juntos.
Noah também não está presente, mas esse eu não faço ideia de onde esteja.

– Bom dia – Minha voz sai arrastada, Henry percebe minha cara de dor, porque ri.

– Você tem a resistência de uma criança para bebida. – Ele diz sarcástico, não consigo rir da piada, já que minha cabeça começa a latejar. Henry coloca um copo gigante de uma substância verde e asquerosa na minha frente.

– Toma, vai ajudar. – Ele responde ao ver minha cara de nojo, pego o copo sem coragem alguma.

– Isso é mais uma daquelas suas super vitaminas protéicas que você nos força a tomar? – Pergunto descrente. Henry sempre está fazendo alguma receita saudável e nojenta para todos nós, os garotos não reclamam na maioria das vezes, já que precisam manter a dieta pelo vôlei, mas eu não preciso, eu posso comer pizza e hambúrguer e substâncias gordurosas o quanto quiser. Como Henry não me responde, viro o copo com o líquido espesso em minha boca, apenas tomo tudo de uma vez para não sentir o gosto.

– Noah estava estranho ontem. – Começo séria, David e Henry se entreolham ainda mais sérios. – Ele foi muito ignorante com o Richard e... – Paro de falar quando percebo o olhar dos homens em minha frente. – O que foi? – Os dois se olham novamente, e isso começa a me irritar.

– É que Richard é do time adversário, Emi. Isso pega mal para o nosso time – Henry se pronuncia.

– Só que vocês não podem decidir com quem eu vou sair. – Minha voz se torna irritada – Não é como se eu fosse casar com o cara, mas sou eu quem é que tem que decidir.

– Emi... – Henry começa com aquela entonação que vai me dar um sermão.

– Não! Isso é muito babaca. – Me afasto da cozinha antes que eu desconte minha raiva neles, quando me viro para ir embora, bato contra uma parede de músculos, e antes mesmo de olhar quem é, eu já tinha certeza, só um dos homens tem tantos músculos assim.
Acabo cambaleando para trás, o que faz Noah automaticamente me segurar pela cintura para me firmar no chão, só que isso me causa uma sensação estranha.

– Babaca! – Grito para ele e volto para o meu quarto em um vulto, fecho a porta, sento na cama e espero que a raiva passe.
Isso não acontece com frequência, geralmente não sinto tanta raiva assim, mas Noah é um babaca, e ainda nem consigo pensar no que ele e Kate estão tendo, isso é desprezível e nojento, ele é desprezível e nojento.

– Vai lá concertar essa merda, Noah. – Henry fala lá da cozinha, consigo ouvir praticamente tudo daqui.
Respiro fundo quando Noah bate na minha porta, resmungo antes de abrir para ele.
Gostaria de ignora-lo, fechar a porta e demonstrar toda a minha irritação, mas não faço isso.
Tentar ter maturidade é um saco.

– Posso entrar? – Noah pergunta meio sem jeito, parece também estar irritado, e pelo visto, essa conversa não vai ser fácil.
Dou passagem para ele, antes de fechar a porta noto Henry e David me encarando lá da cozinha.
Olho para Noah, tentando decifrar o que ele veio fazer aqui, já que não começou a falar até agora, mas ele parece interessado demais em meu quarto, Noah passa os olhos por cada canto.
Demoro para perceber que ele nunca tinha visto meu quarto antes, nunca fomos próximos. Na verdade, não conversamos muito desde que nos conhecemos, ele não foi com a minha cara desde o início.

– Aquilo é a coleção completa dos dvd's de Crepúsculo? – Minhas bochechas ardem por alguém ter descoberto meu segredo.
Sim, sou fã de crepúsculo.
Noah suspira alto antes de começar.

– Eu não queria determinar com quem você sai ou algo do tipo – Ele passa os dedos pelo cabelo – É só que, Richard não é um cara legal.

– O que está dizendo?

– Não é importante agora.

– O que você quis dizer com: "Richard não é um cara legal", Noah? – Pergunto séria.
Noah desvia o olhar claramente desconfortável.

– Ele curte meninas mais novas, Emilly. – Noah responde, pisco lentamente tentando assimilar cada palavra, parte do meu cérebro simplesmente não entendeu o que Noah falou.

– Tipo... Calouras? – Pergunto baixo, com medo da resposta.

– Meninas que ainda estão no colégio. – Fico com a boca entreaberta, chocada demais para qualquer outra reação, devo ter murmurado um "Caralho" ou algo parecido. – Ele levou uma dessas meninas para o jogo uma vez, a garota ficou gritando o nome dele durante a partida toda. Fiquei com tanto nojo e pena por aquela garota que queria espancar o Richard ali mesmo na quadra, mas os técnicos não toleram agressão, eu poderia...

– Ser expulso. – Completo ainda assustada por toda essa informação.

...

A probalidade no jogo (amor) Onde histórias criam vida. Descubra agora